O Campus Dom Idílio José Soares vai concentrar todos os cursos de graduação, com 7 mil
alunos
Foto: Édison Baraçal, publicada com a matéria
UNISANTOS
Primeiro passo para a PUC
Universidade anuncia a extinção das faculdades e a criação de cinco centros de
ensino. A medida é o início da transformação da UniSantos em Pontifícia Universidade Católica
Luiz Gomes Otero
Da Reportagem
A partir da próxima semana, a
Universidade Católica de Santos (UniSantos) estará dando o primeiro passo para a implantação de uma Pontifícia
Universidade Católica (PUC) em Santos. A reitora da instituição, Maria Helena de Almeida Lambert, anunciou ontem, no Campus Dom Idílio José Soares,
a extinção das faculdades e a criação de cinco centros de ensino, que englobarão todos os cursos ministrados pelas unidades.
Na prática, o novo modelo de gestão, que começará a vigorar segunda-feira, funde as
faculdades em centros de ensino, buscando a institucionalização da pesquisa, a integração dos cursos de graduação e pós-graduação e o fortalecimento
da extensão universitária.
Como primeiro efeito da medida, unidades tradicionais da Cidade, como a Faculdade de
Direito, que completou 50 anos em 2003, deixarão de existir, passando a integrar um dos cinco centros criados pela instituição.
Maria Helena diz que a meta é concentrar todos os cursos universitários no Campus Dom
Idílio José Soares. "Essa é uma tendência que já vem sendo observada em várias faculdades do País. As vantagens de se unir os cursos em um único
espaço são infinitas".
Ela lembra que algumas disciplinas são ministradas em vários cursos de forma
simultânea. "Este novo modelo favorece melhor a prestação de serviços acadêmicos e administrativos, porque racionaliza os recursos humanos e
materiais".
Outro efeito da medida será a priorização dos profissionais que atuam na UniSantos.
"Nós queremos que o educador que trabalha em nossa instituição mantenha uma postura de comprometimento pedagógico de acordo com esse novo modelo".
A UniSantos obteve a aprovação do Conselho Nacional de Educação para implantar o novo
modelo de gestão.
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Conselho Nacional de Educação aprovou novo modelo
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Aproximação - A pró-reitora acadêmica, Rosa Maria Ferreiro Pinto, justifica a
criação dos centros. "Fundir faculdades em centros não significa descaracterizar as especificidades de cada curso. Pelo contrário: pretende-se
aproximar ainda mais as áreas afins, criando, apoiando ou solicitando parcerias em projetos comuns".
Ela revela que cada centro terá pelo menos um grupo interdisciplinar de pesquisa.
"Este número pode ser ampliado de acordo com as possibilidades e necessidades dos cursos envolvidos".
O pró-reitor administrativo da UniSantos, Elias Antonio Jacob, garante que não haverá
demissões em função da fusão das faculdades. "Nós implementamos um processo de racionalização de recursos humanos, em conjunto com um programa de
requalificação profissional. Ao contrário do que se espera, teremos que contratar mais profissionais com a implantação dos centros".
Ele explica que os critérios de demissões são estritamente técnicos. E citou o exemplo
da gráfica que era mantida pela UniSantos. "Depois que ela foi desativada, seus cinco funcionários adquiriram os equipamentos e hoje prestam serviço
para nós".
Para o pró-reitor comunitário da UniSantos, Ouhydes Fonseca, o principal benefício da
medida será a possibilidade de realizar trabalhos interdisciplinares. "Temas importantes, como reforma tributária, por exemplo, poderão contar com
grupos de pesquisa com estudantes de Direito, Economia e Administração".
Faculdade de Direito, pioneira na Cidade, será extinta
Foto: Édison Baraçal, publicada com a matéria
Faculdades tradicionais acabarão
Gilberto Rodrigues, professor da Faculdade de Direito da UniSantos, acredita que a
medida ainda demorará para ser assimilada pela maioria dos alunos e integrantes dos corpos docentes das unidades mantidas pela instituição. Mas fez
questão de destacar os benefícios da iniciativa, apontando o incremento dos trabalhos interdisciplinares como um dos pontos importantes.
Rodrigues lamentou a extinção das faculdades que mantinham um laço histórico com a
cidade. "É triste ver uma faculdade como a de Direito, que sempre teve um papel importante dentro do contexto histórico de Santos, ser extinta. A
medida acabará desagradando setores mais conservadores da sociedade".
Entretanto, Rodrigues fez questão de ressaltar os aspectos positivos da implantação do
novo modelo de gestão. "Temas importantes deixarão de ser discutidos somente sob a visão de um determinado curso. Poderemos ampliar a discussão do
debate sobre a reforma do Poder Judiciário, por exemplo". Ele também defendeu a priorização do trabalho do professor na UniSantos. "É necessário um
envolvimento completo com o curso".
Transição de alunos para campus unificado levará 5 anos
Dentro de cinco anos, os quase sete mil alunos das faculdades da UniSantos deverão ser
concentrados no Campus Dom Idílio José Soares. Uma parcela desse efetivo já se encontra instalada no local.
Atualmente, a UniSantos mantém cinco campi na Cidade: Pompéia, Boqueirão, Vila
Mathias, Vila Nova e o Dom Idílio José Soares, este último localizado na Avenida Conselheiro Nébias, 300.
A proposta consiste em manter somente a unidade que abriga os cursos de pós-graduação,
situada na Rua Carvalho de Mendonça, 144, na Vila Mathias. Todos os cursos de graduação deverão ser transferidos para um único local.
A reitora da UniSantos, Maria Helena de Almeida Lambert, explica que o processo de
implantação do novo modelo de gestão acontecerá de forma gradativa. "Haverá um período de transição, sem prejuízo algum para os alunos. Todos terão
os cursos ministrados dentro dos prazos estabelecidos".
Os cinco novos centros foram definidos da seguinte forma: Comunicação e Artes,
Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas, Ciências Exatas e Tecnológicas, Ciências da Saúde e Ciências da Educação. |