Ilha Diana, uma comunidade quase isolada,
onde a maioria vive da pesca e alheia aos problemas urbanos
Foto: José Dias Herrera, publicada com a matéria
ILHA DIANA
O desinteresse marca a vida em comunidade
Vivendo praticamente numa comunidade fechada, moradores
da Ilha Diana, localizada logo após a Base Aérea de Santos e em frente ao Monte Cabrão, apesar da falta de infra-estrutura, parecem não se preocupar
com a situação. Quando muito, reclamam da falta de atenção da Prefeitura com relação aos atracadouros.
Durante anos, a Base Aérea funcionou como uma espécie de madrinha da Ilha Diana,
atendendo a todos os reclamos das famílias que lá residem. Com o passar do tempo, a acomodação dos integrantes daquela comunidade - que vive um
tanto quanto alheia aos problemas urbanos, uma vez que está separada deles pelo mar, embora fique bem próxima dos centros de Santos e Vicente de
Carvalho -, fez com que o comando da Base Aérea mudasse seu comportamento para com a Ilha.
Segundo o comandante da Base Aérea, as facilidades geradas pela unidade militar à Ilha
Diana favoreciam a acomodação dos moradores, que encontravam na Base a solução para tudo. Entendendo que a comunidade tem que ser responsável e
demonstrar interesse por melhores condições de vida, inclusive zelando pelo que já existe na área, a Base Aérea atualmente atende a Ilha somente
através do transporte (por lancha) da professora que leciona no local, atendimento no posto médico da unidade, ou numa emergência.
Apenas duas crianças da Ilha estudam fora, cursando 5ª e 6ª séries, na Escola da Base,
embora esta ofereça vagas para todos os interessados. As demais estudam na escola que funciona no Centro Comunitário da própria Ilha, onde uma
professora leciona da pré-escola às quatro primeiras séries do 1º Grau.
O abandono da ilha Diana é visível a partir dos improvisados atracadouros
Foto: Fábio Bassi, publicada com a matéria
Saúde - Cerca de 40 famílias residem na Ilha Diana, sendo que a maioria
pertence à mesma árvore genealógica. Para os moradores, o maior problema da Ilha é a questão da saúde. Apesar de ter um ambulatório no local,
raramente aparece um médico. Somente quando um problema se torna muito evidente, como as duas recentes mortes provocadas por tuberculose, aparece um
médico para uma orientação.
Os dois óbitos ocorreram em menos de um mês, fato que causa apreensão aos que conhecem
o funcionamento da Ilha. A automedicação e o uso de remédios caseiros é comum no local, onde as crianças apresentam índice considerável de
verminose, anemia, falta de cálcio e, naturalmente, problemas dentários.
As crianças freqüentam a escola até no máximo os 13 anos, mesmo assim de forma
esporádica. Depois, abandonam os estudos, sendo que os meninos são levados pelos pais à pesca e à caça diária e, para as meninas, sobram as tarefas
da casa e o cuidado dos irmãos menores, pois as mães, na grande maioria, saem cedinho de canoa, em direção a Bertioga, para a cata de
marisco, num trabalho estafante que dura às vezes o dia inteiro.
Vivendo da pesca, os próprios moradores
não demonstram qualquer interesse em melhorar as condições do local
Foto: Fábio Bassi, publicada com a matéria
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