Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Francisco Carballa
Patrimônio sacro - Ficaram para traz algumas imagens que passaram a fazer parte do patrimônio da Igreja do Rosário por pertencerem à dita I.N.S.R. (dos pretos), e que serviam à
população na antiga Matriz.
Outras imagens foram incorporadas ao seu patrimônio, devido a uma querela entre a irmandade do Santíssimo Sacramento de Santos e a Cúria Metropolitana de São Paulo, que a dissolveu,
seqüestrando seu patrimônio - que ainda hoje pode ser visto no Museu de Arte Sacra de São Paulo. Para salvar alguma coisa, os irmãos do Santíssimo passaram seus bens seculares para outras irmandades solidárias, entre elas a do Rosário, nesse
primeiro período de Matriz provisória.
Santa Catarina Mártir (Santa Catarina de Alexandria), imagem em madeira do século XVI, existente na antiga Matriz de Santos, hoje na Igreja do Rosário
Foto, em 17/12/2007, no acervo do autor, o professor Francisco Carballa, cedida a Novo Milênio
Devido à devoção do bispo e não às devoções antigas da população, quando foram feitos dois altares em estilo eclético (com traços gótico, românico e clássico) nas laterais da nave, foram
colocadas as imagens de Santa Teresa de Lisieux à direita e Nossa Senhora de Lourdes à esquerda, substituindo os altares de Bom Jesus da Pedra Fria, imagem de aproximadamente 1,5 metro de altura (sentado), e de Santa Luzia.
Esta santa é hoje novamente venerada em altar do lado direito, por ser o local principal de devoção dessa santa, na cidade, desde o século XVIII, sendo celebrada missa e "benção dos
olhos" todo dia 13. Mas, a antiga imagem de barro de aproximadamente 30 cm de altura e em estilo barroco foi furtada em 22 de setembro de 1965, pois estava em uma peanha muito baixa, logo abaixo de São Sebastião, sendo a imagem atual dessa mártir
(fundida em 1957) doada à I.N.S.R. pela irmã Carme Amaro em 1997.
A imagem do Senhor da Pedra Fria se perdeu em 1993, quando inadvertidamente foi jogada fora por pessoas irresponsáveis não ligadas à Irmandade e ao seu patrimônio, alegando estar esse
objeto cheio de cupins e sem restauro, pois era de madeira. Seguindo o estilo dos Jesuítas, seus últimos 80 anos se passaram em um nicho dentro da sacristia, depois ocupado pela imagem de Nossa Senhora de Lourdes, pois no lugar dela foi colocado
Santo Expedito, no final dos anos 1980, sendo este assim o primeiro lugar em Santos da veneração do mártir;
Já os demais altares eram o de São Sebastião e de São Benedito, e a exemplo do altar-mor foram demolidos para dar lugar aos de mármore atuais, benzidos pelo bispo dom Lara em 12 de
outubro de 1930.
Outra imagem de destaque é a devoção de Santo Antônio menino de coro, que depois de repintada voltou a ser venerada na igreja e é hoje a imagem mais antiga (devoção do século XVIII),
sendo as demais réplicas ou restaurações que descaracterizaram totalmente sua antigüidade.
Santíssima Virgem de Nossa Senhora do Rosário, em foto da década de 1990
Foto cedida a Novo Milênio pelo professor e pesquisador Francisco Carballa
Imagem da oraga e outras - Para suprir a necessidade de preservar a antiga imagem de roca, a INSR mandou vir da Bahia uma imagem esculpida em madeira em 1894 e que foi colocada no
lugar da antiga, que - devido aos pedidos dos devotos e pela tradição em Santos, voltaria definitivamente, já no fim do século XIX, para o seu lugar, onde está até hoje para a veneração pública.
Essa imagem de Nossa Senhora do Rosário, medindo aproximadamente 1,5 m de altura, é do estilo roca de origem européia. Em sua mão direita, conserva entre os dedos, como a segurar, uma
das contas do antigo rosário de madeira; na mão esquerda segura seu filho Jesus, seguindo a antiga iconografia, apenas estando de pé, ao contrario da visão de São Domingos de Gusmão onde a virgem estaria sentada. Está vestida com uma túnica branca
de seda e manto de veludo azul forrado de vermelho; já o menino está vestido com túnica de seda branca.
Possui um colar formado por esferas de filigrana típicas do Marrocos, onde está pendendo um medalhão antigo de irmandade do Santíssimo Sacramento, usa brincos de arrecadas típicos de
Portugal. Sobre sua cabeça está uma grande coroa e no Divino Infante uma menor.
Sendo todos esses adornos de lata e não de material precioso, isso valeu uma paródia baseada em uma marcha de carnaval antiga: "A coroa da santa não é de
ouro e nem de prata, agora eu já sei que ela é de lata!", segundo informação da sra. Hermelinda das Neves Gonçalves Campos (que faleceu em abril de 1999, aos 86 anos). As antigas jóias que eram de patrimônio da
irmandade e enfeites para Nossa Senhora, doadas por devotos ou pagadores de promessas, foram vendidas para ajudar a pagar o novo altar-mor de mármore, em 1930.
Quanto ao rico patrimônio sacro do passado, foi sendo substituído por imagens modernas e maiores, fabricadas em gesso: São José, Menino Jesus e Sagrado Coração de Jesus, Santo Antônio.
Permaneceram São Benedito, São Sebastião, São Joaquim, Santa Ana, São Brás, Santa Catarina de Alexandria, Santa Catarina de Sena a Freira, Bom Jesus da Pedra Fria (de tamanho menor), Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Esperança, Nossa
Senhora da Conceição, e Nossa Senhora Aparecida, e no altar-mor a imagem de roca da Virgem do Rosário.
Pelo projeto antigo, ainda faltam quatro peanhas, a serem colocadas nas laterais, e desapareceram muitas imagens antigas: o Crucificado, Santa Ana Mestra e São Jorge, São Gonçalo, Santa
Luzia e Nossa Senhora da Cabeça e os dois anjos tocheiros do altar-mor.
Santo Antonio Menino de Coro, na Igreja Nossa Senhora do Rosário
Foto cedida a Novo Milênio pelo professor e pesquisador Francisco Carballa
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