Lista de presos no navio
Publicada na edição de ontem no DL, lista foi encaminhada à Comissão Nacional da Verdade

Câmara de Santos vai apurar atos de torturas
A Câmara de Santos vai criar, após o recesso legislativo, uma Comissão para tratar de assuntos relacionados às torturas praticadas durante a ditadura militar na Cidade

Navio Raul Soares
"Enfim, teremos a verdade"

Sindicalistas e políticos aplaudem apuração de atos de tortura pela Comissão Nacional da Verdade

"Enfim teremos a apuração da verdade sobre os atos de torturas ocorridos no navio-prisão Raul Soares também esclarecimentos sobre quem mandou transformar o navio em presídio flutuante para torturar tantos sindicalistas”.

O desabafo é de Paulo Pimentel, presidente do Sintrasaúde, um dos mais antigos dirigentes sindicais de Santos, ao saber, pelo DL, que o Governo Federal vai investigar o que ocorreu naquele navio, considerado símbolo da repressão da ditadura.

A embarcação ficou no porto de Santos, de 24 de abril a 23 de outubro de 1964, servindo de prisão flutuante para centenas de presos políticos, a maioria deles, sindicalistas.

"As reportagens do Diário do Litoral sobre o assunto relembraram fatos que pareciam estar se apagando da memória dos santistas e do movimento sindical, e serviram para mexer com a sociedade que quer apuração dos fatos", justificou Jaime Porto, presidente do Sinprafarmas, que enviou a série de reportagens do DL para a Comissão de Direitos Interamericanos de Direitos Humanos da ONU.

Os dois sindicalistas prestaram homenagens ao médico e preso do Raul Soares, Thomas Maack, quando ele esteve em Santos nos dias 8 e 9 de novembro, com concessões de títulos de sócios honorários de seus sindicatos, durante almoço em restaurante do Gonzaga.

Vereadores

"A reabertura dos arquivos secretos sobre o navio Raul Soares vai apurar o que a sociedade santista tanto clama ao longo desses anos: a verdade de atos desumanos e torturas junto com repressão. Foi um período difícil. Pena que tenha demorado tanto tempo para isso, mas, antes tarde do que nunca", justificou ao DL o vereador Benedito Furtado (PSB), que foi presidente do Sindicato da Administração Portuária, e conviveu com muitos dos sindicalistas presos na época da ditadura militar.

O vereador foi quem apresentou requerimento aprovado pela Câmara, com votos de congratulações ao DL pela série de reportagens especiais sobre o navio-prisão.

Já o vereador Marcus De Rosis (PMDB), autor da homenagem ao médico americano Thomas Maack, disse que essa apuração dos atos de tortura vai exorcizar os fantasmas do passado. "Ela vai desvendar essa parte nebulosa da nossa história, penas que a maioria de presos já morreu, entretanto, existem ainda os que estão clamando pela verdade, conforme mostrou a série de reportagens do DL com os fatos, que são indícios suficientes para essa investigação".

REPRESSÃO - Sindicalistas presos no navio foram vítimas da repressão da ditadura
Foto: reprodução, publicada com a matéria

ELOGIOS - Paulo Pimentel faz elogios à iniciativa Foto: Matheus Tagé/DL	MEMÓRIA - Jaime Porto: buscamos esclarecimentos Foto: Matheus Tagé/DL
MOROSIDADE - Furtado: antes tarde do que nunca Foto: reprodução	HISTÓRIA - De Rosis: desvendar e apurar verdade Foto: Matheus Tagé/DL