Há 42 anos o City já brilhava...
Graças a esse clube, Santos teve o primeiro campo iluminado de futebol do Estado
Devemos ao Cia. City Atlético Clube a primeira iluminação
elétrica em campo de futebol de Santos e do Estado de São Paulo.
O acontecimento empolgou a Cidade e levou grande massa de esportistas ao campo da agremiação
dos funcionários da Companhia City, na Rua Tolentino Filgueiras. Esportistas e simples curiosos, pois a maioria da população ainda não tinha
presenciado jogo de futebol noturno.
Isso ocorreu em 12 de outubro de 1929. Para enfrentá-lo, o City convidou o Bahia Futebol
Clube, que disputava o campeonato da Liga Santista de Amadores, da qual obteve autorização por tratar-se, é evidente, de partida amistosa com
concorrente não oficial.
Foi uma noite festiva. O City não olvidou qualquer detalhe. Convidou autoridades e cronistas
esportivos. Designou comissões para a boa ordem do espetáculo, como a de fiscalização de campo, integrada pelos associados Manuel Álvares, Rodolfo
Ferreira, Adelino de Sousa e José Nascimento. Pôs cadeiras no gramado e providenciou bebidas para depois do encontro. Francisco Rodrigues foi o
juiz. Exatamente às 20 horas, acenderam-se pela primeira vez os refletores. E logo em seguida os quadros principais do Bahia e City, sob muitos
aplausos, deram entrada em campo.
Houve ato cerimonioso. O Bahia FC, distinguido pelo co-irmão de lutas esportivas,
entregou-lhe artístico bronze, por intermédio do cronista esportivo de A Tribuna. E o seu atleta e capitão Hortêncio Caetano, depois de ler
discurso congratulatório, ofertou uma cesta de flores ao capitão da equipe citiana.
Eis como formou o Bahia: Sílvio, Veiga e Hortêncio (cap.); Penelas, Avelino e Sotelo;
Diegues, Lelo, Cabral, Feliciano e Olímpio. E o City: Teófilo, Avelino e Alfredo III; Armando, Mota (cap.) e Matias I; Ricardo, Bueno, Alfredinho,
Clorindo e Matias II.
O jogo, bem disputado, caracterizou-se por elogiável conduta disciplinar dos 22 jogadores.
Aos 25 minutos, o juiz assinalou infração nas proximidades da área do City. Lelo, meia-direita da equipe baiana, atirou fortemente e consignou o
único tento da partida. A Taça 12 de Outubro, que entrou em disputa, foi imediatamente entregue pela diretoria do City ao quadro vencedor, por
intermédio do jornalista Édison Teles de Azevedo, que proferiu breves palavras sobre aquela histórica reunião futebolística.
O sistema de iluminação, a despeito dos esforços da diretoria do Companhia City Atlético
Clube, acusou falhas nesses primeiros instantes de funcionamento. A Tribuna, que lá se fez representar e elogiou a promoção pioneira do City,
assim comentou o serviço luminoso: "A instalação, se bem que deficiente pelo modo como foram colocados os postes, muitos metros separados, não
deixou de constituir agradável surpresa a todos aqueles que nunca haviam assistido a um jogo noturno. As falhas acentuadas estão longe, muito longe,
de se fazer um confronto com a forte iluminação do Rio de Janeiro. Entretanto, a diretoria do City está diligenciando a fim de que essas falhas
sejam reparadas, aumentando o número de refletores e tomando outras providências tendentes a obter a intensidade de luz".
Podemos afirmar que a deficiência inicialmente observada foi prontamente corrigida pela
diretoria do City, da época, de modo que tivemos no campo da Rua Tolentino Filgueiras elogiável serviço de iluminação.
O Companhia City Atlético Clube atravessou os anos em louvável desdobramento de sua
atividade sócio-esportiva e chega aos nossos dias como uma das mais elevadas expressões do setor associativista do Município.
Fundado em 13 de junho de 1926, com sua praça de esportes agora instalada no Jabaquara, o
City Atlético Clube destaca-se, na verdade, como agremiação de invejável sentido esportivo e social, servindo bem a quantos se reúnem sob seu
glorioso pavilhão e enaltecendo o esporte amador da Cidade. Preside-o atualmente (N.E.: em 1971)
o sr. José Carlos Fagundes Martins. |