Santos Libertária!
Poema a Santos em seus 450 anos
Paulo Matos
Santos de todos os cantos
é teu esse sol aí
patriam charitatem
libertatem docui
à pátria ensinaste a caridade
e a liberdade se fez por aqui
tens agora 450 anos
cheios de paixão sereia
junto com a Santa Casa
ofertamos
aos que chegam repletos de
planos
portos de areia
na praia e defronte aos
Jerônimos
Tua história são marcos de
glória
dos tempos desde o bacharel
na base desta caminhada gêmea
aqui se fez comunidade - e
mel
que por ser índia e
heterogênea
ao colonizador se fez revel
libertária desde o extrato
ao mundo mostraste o balão
conquistaste o ar, de fato
te elevaste no aeróstato
de Bartolomeu de Gusmão
padre santista e voador
perseguido pela Inquisição
dos piratas aos engenhos
na luta e no trabalho
do Enguaguassú ao
Guarapissumã
cresceste na letra de Vicente
de Carvalho
vieste do outeiro, te fizeste
irmã
Santos, desde sempre
libertária
tens dois lados, trabalho e
prazer
porto e praia são faces
bifrontes, operária
do princípio de uma ação
solitária
equalizar como proposta de
viver
da escravidão arrancaste o
cativo
pela emancipação lutaste com
teu proletário
afirmaste em ata este
princípio ativo
disseminado pelo país
solidário
navio iluminado de Prata
centro libertário
antes da Isabel libertaste
seres vivos
natureza inata internacional
aqui sempre a ação de heróis
redivivos
para a Independência deste o
elemento vital
Barcelona Brasileira mundial,
libertária
pátria da Independência, da
Abolição
terra dos Andradas e dos
Fontes, temerária
mostraste ao mundo teus
encantos bifrontes
ilha revolucionária
semeando constante
transformação
Ilha plena de água, terra e
luar
é marca desta terra luminária
porta aberta aos povos do mar
os canais que vieram te
moldar
teus navios, tuas praias, teu
café
chegaram sim para mostrar
do Mestre Cosme ao Saturnino
tua fé
Cubas te fez eterna a navegar
no ar de teus morros desde o
Marapé
teus heróis foram fundo,
te fizeram projetar
a construção de um novo
mundo,
a missão de dedicar
na cidade proletária
no permanente reivindicar
a vida corre em verso
passa pelos mais belos
jardins do universo
flores e árvores, retornando
no alísio ar
no vigor de teus guindastes
o poder de multiplicar
a força de muitas artes
capazes de idealizar
o rumo dos tempos novos
apontando o libertar
a direção de todo os povos
Tiveste a lição prisioneira
de um navio sobre o mar
sobre ti, a barbárie
sorrateira
que soubeste rejeitar
tens agora a vida inteira
liberdade para propagar
pois não há força a te
embotar,
que te domine
porto vermelho do cais
sem te revoltar,
ainda que sublime
sempre e sempre, uma vez mais
reconstruindo teu emancipar
Santos de todos os santos
tens o sol e o sal a te fazer
plena
unindo tua gente em teus
recantos
com amor vigente, cidade
serena
seres chegados do mar para te
unir
grávidos do teu tema
que faz sorrir a todos os que
adotam o teu lema
no esforço de ter construir,
cidade-poema
semente do sol aqui
patriam charitatem libertatem
docui
à pátria ensinaste a caridade
a liberdade é fruto de ti
Santos, julho de 1995.
Imagem: trecho inicial do poema, nos
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