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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - COMÉRCIO
A rua dos importados

Rua Othon Feliciano, no Gonzaga, concentrou o comércio santista de produtos estrangeiros

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Matéria publicada em 18 de junho de 1988 no suplemento especial Gonzaga - 100 anos - do jornal santista A Tribuna (página 4):


A Rua Othon Feliciano teve seu período de auge nas décadas de 60 e 70
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria

Nesta rua, só importados

Quem não se lembra do final da década de 60 e início dos anos 70, quando vestir uma calça Lee representava a adesão a um comportamento inovador e revolucionário? Só que, nesse período, o Brasil não produzia jeans que desbotassem. Apenas a comportada calça rancheira era oferecida no mercado. Para se adquirir uma Lee valia de tudo. Desde a compra junto a contrabandistas que as obtinham nos navios do porto, passando pela encomenda por alguém que iria aos Estados Unidos, até entrar na "fila de espera" do único ponto da Cidade que as vendia legalmente: as lojas de artigos importados da Rua Othon Feliciano, no Gonzaga.

Esse era o produto que causava furor na juventude da época. Mas, o forte do mercado de artigos importados dessa rua com pouco mais de 80 metros de comprimento era, e é, a venda de perfumes franceses, vinhos alemães, licores italianos, conhaques espanhóis e húngaros, cristais alemães e tchecos, porcelana chinesa e até bijuteria norte-americana. Nenhum outro local da Cidade tem essa característica.

Atualmente, há uma diferença - determinante - nesse comércio. Com as dificuldades de importação (impostos muito elevados), concorrência dos supermercados e as facilidades (e baixos custos) para se comprar no Paraguai, algumas lojas fecharam e as que permanecem têm que diversificar seus serviços para poder resistir até a hora que o Governo decidir estabelecer algumas facilidades para esse comércio.

"Até 1982 as mercadorias eram adquiridas em leilões promovidos pela Alfândega. Depois, os leilões foram cancelados, tornando proibitiva a aquisição de produtos". A frase é de Álvaro Gonçalves Cruz (Zorro), proprietário da Mabluka. Segundo estima, caso não sejam criadas algumas facilidades para a compra de artigos importados pelos comerciantes, sua loja poderá estar fechada até o final do ano.

"Temos que trabalhar com similares nacionais", aponta José Luiz Farah, proprietário da Blue Star. Ele se recorda com saudade dos anos 70, quando o comércio de artigos importados florescia. "Hoje pagamos entre 100 e 180% de taxas sobre o valor da mercadoria. Se o Governo não reduzir os impostos teremos que fechar. E, por fim, os turistas que vão ao Paraguai concorrem conosco. Apenas Santos manda uma média de 50 ônibus por mês para o país vizinho".

Outra que se recorda com saudade dos tempos passados é Iracema Zilli Porto de Oliveira (Ceminha), proprietária da Zilli's Presentes. "Foi na década de 50, quando ainda era menina, que este comércio era bom. Quando existia o Cassino do Parque Balneário recebíamos a visita de homens e mulheres bem vestidos interessados em produtos importados". Ela reconhece a dificuldade para importar novas mercadorias e sentencia: "Hoje trabalho com produtos nacionais finos. Procuro a originalidade deles e não sua origem".

Surf Shop - A continuar a tendência atual, aos poucos a rua perderá sua característica, dando lugar para outro nível de comércio. Contrastando com o público de artigos importados, muitos jovens adeptos do surfe freqüentam a área. Procuram os últimos lançamentos da Força Local.

Segundo o proprietário David Lúcio da Silva, a comercialização de seus produtos naquele trecho é boa, pois "oferece produtos bem brasileiros. Além da loja temos a confecção e a estamparia e utilizamos nomes em português. É possível que seja essa uma das características que atraia jovens, adultos e muitos estrangeiros".


As bebidas estão entre os artigos mais procurados
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria

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