BICO-DE-PENA
Desenhos de Francisco Carballa [116]
O professor Francisco Carballa registrou no papel, com lápis e caneta esferográfica, imagens de uma cidade que aos poucos foi desaparecendo, com ênfase nos detalhes
arquitetônicos, característicos de um encontro de culturas que se manifestou na primeira metade do século XX.
São edificações de uso comum, comerciais e residenciais, muitas delas demolidas, raramente preservadas, e que nesses detalhes captados pelo professor revelam aspectos curiosos de uma
época já desaparecida. Quando existente, a linha do bonde é registrada nos desenhos, e uma marca registrada desses trabalhos costuma ser a existência de um vidro quebrado numa janela, sempre da mesma forma:
Rua General Câmara, 405/407, Paquetá - "Totalmente demolidas em maio de 2014, estas duas construções haviam sido alteradas nos anos 1960, quando ocorreu o início do alargamento da Rua Xavier da Silveira
e a mudança dos costumes sociais. Assim, nos anos 1970 funcionaram as duas casas como prostíbulos, até sua ruína na primeira década do século XXI. Podiam ser vistas as damas da noite cantando ao som de músicas da época, em meio à luz vermelha,
verde ou negra que anulava suas feições aos que viam de fora. Musicas como Nem ouro, nem prata, Fuscão Preto, Funcionária da Calçada, A Ciganinha (que eu curtia muito), Vou te Buscar Maria etc., todas tocando na
máquina Jukebox. Essas casas eram construídas com porões para o arejamento e para evitar as enchentes causadas pelas águas escorridas do cais, ainda hoje. A típica bandeira da porta neoclássica recordando corações, e a divisão em três vidraças da
bandeira da janela, foram perdidas no número 405. Já o número 407 apresentava marcas que denunciavam a presença de arcos já removidos." (26/7/2014)
Imagem cedida a Novo Milênio pelo autor, o professor Francisco Carballa
O local em abril de 2011, fotografado pelo programa Street View (acesso em 15/11/2014)
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