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Notícias do bonde:

JORNAL DA ORLA, 2 E 3/MAIO/2009 (páginas 1 e 3)


100 ANOS DE HISTÓRIA - O símbolo da inovação e do desenvolvimento de Santos há 100 anos, o bonde elétrico completou o seu centenário dia 28 de abril e teve a sua linha turística ampliada para 2,9 km de extensão, passando agora pelo Outeiro de Santa Catarina, Pantheon dos Andradas e Conjunto do Carmo. Em breve essa linha será aumentada para 5 km, passando também pelo Monte Serrat, Catedral e Teatro Coliseu

Foto: Leandro Amaral, publicada com essa legenda na página 1 do Jornal da Orla de 2-3/5/2009

Cultura

100 anos sobre os trilhos

Patrícia Diotto

Símbolo da inovação e do desenvolvimento de Santos no passado, o bonde elétrico, que completou 100 anos no dia 28, hoje representa o resgate à história e à cultura da cidade. Para comemorar este século de transformações, a Prefeitura de Santos realizou uma programação especial durante a semana. Entre palestras, exposições fotográficas e distribuição de cartões postais, a grande atração foi a inauguração do novo trecho da linha turística do Centro Histórico, que agora conta com 2,9 quilômetros.

Ao som especial do chorinho, os bondes partiram da Estação do Valongo rumo ao Outeiro de Santa Catarina. A bordo, munícipes, crianças e autoridades locais conheceram o novo trajeto, contemplando diversos pontos de interesse histórico, artístico e cultural do centro da cidade, numa verdadeira viagem ao passado. Com a ampliação de 1,7 km, os bondes agora passam também pelo Pantheon dos Andradas e o Conjunto do Carmo, na Praça Barão do Rio Branco, o monumento ao fundador da cidade, Braz Cubas, os prédios da Alfândega e da Receita Estadual, na Praça da República, e a Casa do Trem Bélico. Em breve a linha será ampliada para 5 quilômetros, passando pelo Monte Serrat, Catedral e o Teatro Coliseu, entre outros pontos.


Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria

O processo de restauração

O processo de reativação dos bondes, iniciado em 2000, trouxe de volta às ruas exemplares originais do meio de transporte completamente restaurados, que hoje oferecem aos munícipes e turistas um passeio pelo Centro Histórico da cidade, como parte do projeto de revitalização da área, realizado pela Prefeitura Municipal.

O idealizador do projeto, Luiz Dias Guimarães, que na época era o secretário de Turismo de Santos, diz que a cidade foi perdendo sua identidade ao longo do século passado, desde a época áurea do café, e que a extinção do bonde, em 1971, foi um marco dessa descaracterização. Segundo Guimarães, a reativação dos bondes reacendeu a identidade do santista genuíno, e permitiu um reconhecimento da cidade pelos novos santistas e também por turistas.

"Foi o encontro do elo perdido. Esse foi o sentido político da revitalização, mostrar que Santos é muito mais que praia e um grande jardim", explica. Compartilha desta idéia o deputado federal Beto Mansur. Como prefeito de Santos, ele deu início ao projeto. "Com a volta dos bondes, a história está sendo preservada", afirma.

A restauração dos veículos foi realizada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), em 1999. O gerente de manutenção de bondes, Sérgio Pini, conta que foi uma tarefa bastante trabalhosa, já que os veículos foram abandonados por mais de 30 anos. "Recebemos esses bondes como um presente de grego, pois eles estavam em estado lamentável, completamente vampirizados. Vê-los agora, funcionando como se fossem zero quilômetro, é uma vitória, uma emoção indescritível".


Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria

Símbolo do desenvolvimento

A reativação dos bondes faz parte do projeto de revitalização do Centro Histórico de Santos, e tem um significado muito especial para a cidade. Para o prefeito João Paulo Tavares Papa, o projeto representa toda a história do desenvolvimento do município. "Hoje são comemorados os 100 anos do início de uma nova era em Santos. O bonde irradiou o desenvolvimento para todos os bairros", explica. Papa diz que a implantação do transporte foi uma decisão arrojada para a época, mas que, a partir dela, "a cidade passou a constar no mapa do mundo como uma cidade moderna, progressista e contemporânea para a época".


Foto: Leandro Amaral, publicada com a matéria

Contadores de história

Ao longo do passeio, não são apenas as vielas e edificações históricas que recordam o passado. Durante o trajeto, os passageiros conhecem detalhes da história através daqueles que fizeram parte dela. Os antigos motorneiros, que por muitos anos conduziram os bondes, acompanham todos os passeios, contando curiosidades da profissão e das transformações da cidade.

Um deles é José Soares Fontes, 82, que foi motorneiro por 12 anos. Conhecido por sua paixão pelo bonde e pela profissão, Fontes diz que foi uma emoção muito grande ter reencontrado ex-companheiros de trabalho, e que está muito satisfeito com sua atual função. "É uma higiene mental para alguém da minha idade".

Aderbal de Godoy, 79, foi motorneiro de 1954 a 1971. Ele diz que quando foi chamado para voltar a trabalhar no bonde, estava desempregado. "Mandaram me buscar lá em casa", conta entusiasmado. A ampliação dos trilhos também traz a ele boas expectativas. "O serviço vai dobrar. Mas é um ótimo trabalho, ainda mais agora, que ficou diferente por que temos que lidar com turistas, e também com passageiros comuns, como antes. É muito prazeroso", afirma.

Livro conta trajetórias do bonde

O meio de transporte mais famoso de Santos rende muitas histórias. Prova disso é o lançamento do livro Bondes de Santos, do jornalista e escritor Sergio Willians. O romance, lançado durante as comemorações do centenário, conta a história de um garoto que vem do exterior para Santos a fim de encontrar avô que está à beira da morte, mas não chega a tempo. Recebe de herança um baú, que entre outras coisas, tem um livro que conta a história dos bondes, que se relaciona com a origem de sua família e traz um mistério a ser desvendado.

Repleta de suspense e magia, a história tem como cenário principal o Centro Histórico de Santos, numa fusão entre a cidade atual e aquela do início do século. Fundem-se também personagens reais e ficcionais, onde a aparição de personalidades como Mathias Costa, Oswald de Andrade e Pelé, que de fato utilizaram o transporte da época, confere um tom de realidade à história, provocando uma interação com o leitor.

Willians optou por um romance pelo fato de este alcançar um público maior. "O romance veio por ser um tipo de literatura leve. Um relato acadêmico ou histórico não alcançaria tantos leitores, e acho que a história dos bondes é muito importante, e merece ser conhecida", explica.

Serviço: Bondes de Santos está à venda no site www.sergiowillians.com.br


Foto: reprodução, publicada com a matéria

Álbum fotográfico de Leandro Amaral:

Luís Dias Guimarães, secretário de Turismo de Santos na época da criação do bonde turístico

 

Deputado federal Beto Mansur, ex-prefeito de Santos

 

Sérgio Willians, escritor e jornalista