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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Primeiros produtores de vinho e cachaça (1)

Quando Martim Afonso chegou ao Brasil, trouxe da Ilha da Madeira as videiras que foram plantadas no Litoral Paulista, e também os primeiros engenhos para a produção de açúcar. Talvez a reunião desses dois conhecimentos - da produção do vinho e do açúcar - tenha propiciado as condições para outro pioneirismo: o da produção de cachaça.

Em São Vicente, a vila pioneira, surgiu a primeira vinícola brasileira. Essa história começou a ser recuperada na época dos festejos pelo quinto centenário do Descobrimento do Brasil, quando chegou a ser cogitada a recriação do tipo de vinho então produzido. O projeto parou por dificuldades econômicas para sua concretização, mas o local da vinícola foi restaurado e aberto a visitas monitoradas, como registra a matéria a seguir, publicada no jornal santista A Tribuna em 19 de abril de 2004:

Um pedaço de história no alto dos Barbosas

O Morro dos Barbosas abriga uma parte fundamental para a história de São Vicente. O terreno onde hoje está situado um hotel abriga o espaço da primeira fazenda e vinícola do País, implantadas no início da colonização portuguesa. E toda essa história pode ser conhecida pelo público, por meio de visitações monitoradas agendadas com a direção do Hotel Chácara do Mosteiro. O programa começa neste mês (N.E.: 4/2004).


Foto: João Vieira, publicada com a matéria

ATRAÇÃO

Morro dos Barbosas teve a primeira fazenda e vinícola do País

História do local pode ser conhecida por meio de visitas monitoradas

Luiz Gomes Otero
Da Reportagem

Quem passa perto do Morro dos Barbosas não é capaz de imaginar a importância histórica daquela área para a fundação da Cidade. O terreno onde hoje está situado um hotel é o local onde foi implantada a primeira fazenda e vinícola do País, no início da colonização portuguesa. E toda essa história pode ser conhecida pelo público, por meio de visitações monitoradas agendadas com a direção do Hotel Chácara do Mosteiro. O programa de visitação está sendo implantado a partir deste mês.

Os responsáveis pelo empreendimento fizeram questão de preservar e recuperar a antiga construção existente no local, que abrigou o cardeal Eugênio Pacelli, que se tornaria o Papa Pio XII. Mas ainda há indícios de que o Padre José de Anchieta também teria passado pela área conhecida como Bica do Frade, denominada assim na época da catequização indígena.

A história da propriedade começa junto com a colonização portuguesa, mais precisamente a partir de 1502, com a chegada de Cosme Fernandes, um degredado de Portugal, que veio para o Brasil para cumprir uma pena imposta por Dom João IV. Ele foi deixado em Cananéia e caminhou pelo litoral até chegar em São Vicente, em 1506, fixando-se na Biquinha. Segundo historiadores, Cosme Fernandes participou ativamente do desenvolvimento da primeira Vila do País, chegando a construir um cais na área próxima à Ponte Pênsil.

Nessa época, a área da Chácara do Mosteiro era conhecida como Outeiro do Tumiarú, onde o bacharel Cosme Fernandes iniciou as primeiras plantações de cana-de-açúcar, abacaxi e uva.

Em 1532, chega na região Martim Afonso de Souza, vindo de Portugal, com a missão de expulsar o bacharel de volta para Cananéia. Essa missão teve o auxílio de João Ramalho, que estava instalado em Bertioga e participou da negociação para que não houvesse derramamento de sangue.

No ano de 1554, o Padre José de Anchieta iniciou o trabalho de catequese dos índios, tendo feito parte desse trabalho na área da Bica do Frade.

Em 1755, a chácara inicia a plantação de café. O local onde hoje está a piscina do hotel era reservado para a secagem dos grãos. Por volta de 1890, uma comissão de padres beneditinos conseguiu uma autorização para construir sua casa de praia no morro, pouco acima da área da bica. Em troca, os integrantes da comissão prometeram construir um colégio para alfabetizar crianças pobres. Em outubro de 1926, os padres já tinham a posse do terreno, por meio de um aforamento.

Papa - No dia 19 de outubro de 1934, a Chácara do Mosteiro recebeu a visita do cardeal Eugênio Pacelli, que cinco anos mais tarde se tornaria o Papa Pio XII.

Durante o período da II Guerra Mundial, o casarão foi habitado por padres alemães, a partir de 1939.

No período pós-guerra, depois de 1945, o casarão pertenceu ao parente de um militar, tendo sido comprado por uma família de empresários paulistas em meados da década de 50. Nos anos seguintes abrigou as mais diversas personalidades, como governadores de estado, presidentes da República e pessoas influentes da sociedade.

De acordo com o empresário Nery Ambrósio, era comum ver no local personalidades conhecidas da região, como o poeta Martins Fontes e o pintor Benedicto Calixto.


Além da beleza natural, visitantes poderão conhecer as construções antigas,
que foram preservadas
Foto: João Vieira, publicada com a matéria

Casarão conserva piso importado

O antigo casarão dos padres abriga hoje um museu e uma área de conveniência para os hóspedes do hotel. Mas ainda conserva muitos sinais da época de ouro, como o piso importado de Portugal e os detalhes das portas e janelas de madeira.

A área da varanda, construída em madeira, chegou a ser retratada pelo pintor Benedicto Calixto em um quadro que mostrava uma vista do Morro dos Barbosas. Há ainda uma foto, datada de 1910, de propriedade do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), que também revela detalhes do imóvel.

O museu mantém peças antigas encontradas durante as obras de reforma e recuperação do prédio. Ali podem ser vistas máquinas registradoras antigas, máquinas de controle de estoque, ferros de passar roupa e máquinas manuais de costura, entre outros objetos.

Os móveis chamam também a atenção, por causa das partes trabalhadas em madeira, em forma de animais. Há também um baú que foi usado em viagens no início do século XX.

Quem quiser conhecer detalhes sobre a visitação monitorada pode entrar em contato pelo telefone (N.E.: DDD 0**13) 3468-3839, em horário comercial, para obter informações sobre o preço da entrada e os serviços oferecidos.

O grupo cultural, histórico e e turismo Ilha de Gohayo também está reunindo interessados em conhecer a história da antiga Chácara do Mosteiro. A coordenadora do grupo, Eulâmpia Requejo Rocha, pretende formar um grupo para o próximo domingo (N.E.: 25/4/2004). Maiores (N.E.: Mais...) informações pelo telefone 3464-1502.

Em matéria de Leila Silvino, publicada no caderno Turismo do jornal santista A Tribuna, em 7 de novembro de 2004, consta o registro:

Chácara do Mosteiro - Localizado no Morro dos Barbosas, o Hotel Chácara do Mosteiro alia a tranqüilidade de um sítio ao clima fresco de montanha, à beleza da praia e ainda permite uma viagem cultural por sua construção histórica. O morro serviu para os primeiros colonizadores do Brasil executarem seus testes iniciais de técnicas de plantio, principalmente da cana-de-açúcar e mandioca. Com isso, a chácara pode ser considerada a primeira fazenda do País. No século 19, o lugar passou a ser propriedade do Mosteiro de São Bento. Nessa época havia uma vinícola, também a primeira construída no País, que utilizava a uva colhida nas redondezas para fabricação do vinho oferecido aos padres paulistanos que lá se hospedavam.

A casa que abrigava a sede da chácara hoje é um museu com peças até do século 19. São ferros de passar a carvão, prensas tipográficas, cabines telefônicas, mimeógrafos, projetores super-8, baús, móveis estilo pata-de-leão e uma infinidade de objetos que ajudam a contar a história do local. Dentre os hóspedes ilustres que lá estiveram, destaca-se o cardeal italiano Eugenio Pacelli. Em 1934, algumas semanas após a visita ao mosteiro, o religioso foi nomeado papa, passando a ser chamado de Pio XII. Outra celebridade que costumava freqüentar o local era o ex-presidente da República, Jânio Quadros. A piscina da casa, inaugurada no dia 4 de setembro de 1962, foi construída a pedido do político.

A sede foi erguida, em sua maior parte, com materiais vindos da Europa, que serviam como lastro de navios. As pedras da lareira, a porta e os detalhes em pinho-de-riga (madeira nobre européia), os ladrilhos, azulejos, pisos, tudo foi importado. Mamão, jabuticaba, mexerica, nêspera e manga são frutas encontradas no jardim e servidas no café da manhã.

site: www.hotelchacaradomosteiro.cjb.net.


Foto: João Vieira, publicada com a matéria

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