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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Um curtume desativado

Quem atravessa a Ponte Pênsil em direção ao Litoral Sul avista, antes da divisa com o município de Praia Grande, no bairro do Japuí, antiga edificação industrial, abandonada. Ela é um marco da economia vicentina do início do século XX: o Curtume, que teve seu fim decretado com a desativação do Matadouro de Santos, já que dele dependia para a obtenção de matéria-prima, o couro a ser curtido (pois o Matadouro de São Vicente - instalado em 1891 por Luiz Pinto do Amorim e Jacob Emmerich, aproximadamente na área do atual Clube Hípico - foi fechado em 1916).

Em 28 de março de 2004, o jornal A Tribuna publicou matéria da sucursal vicentina, relatando o estado de abandono das instalações, os planos existentes para o seu aproveitamento e os entraves surgidos nas três últimas décadas do século XX:


Instituto Florestal quer montar um centro de pesquisas no local 
e a Prefeitura propõe escola de pesca
Foto: João Vieira, publicada com a matéria

Antigo curtume se deteriora no Japuí

Pedro Cunha
Da Sucursal

Aos poucos, a vegetação toma conta de cada canto do antigo curtume de São Vicente, que se deteriora à espera do Plano de Manejo do Parque Estadual Xixová-Japuí. Segundo a Secretaria de Meio-Ambiente do Estado, o estudo que definirá o que pode ser feito no local já está na fase final.

Propostas de investimento não faltam para a área no Bairro do Japuí, próximo à Avenida Tupiniquins. E o motivo fica claro para quem caminha pelos arredores do prédio, considerado histórico. Mesmo com uma camada verde composta de ramos e raízes à sua volta, o imóvel mantém a imponência dos tempos em que abrigava o curtume, com a vantagem de não mais exalar o desagradável odor do couro em curtição. O tom verde da ramagem contrasta com as paredes cinza escurecidas pelo tempo, resultando em um efeito bucólico que encanta.

Mas o tempo urge. Apesar do prédio principal continuar firme, a cobertura de imóveis anexos já cedeu e as paredes estão visivelmente comprometidas. A grande estrutura - que inclui uma caixa d'água para 500 mil litros - precisa de uma reforma o mais breve possível.

Na sexta-feira (N.E.: 26/3/2004), a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Meio-Ambiente do Estado informou que o Plano de Manejo do Parque, que determinará que tipo de atividade cada zona poderá abrigar, caminha para a conclusão. Entretanto, o órgão ressalta que o estudo não tem previsão de término e pode levar algum tempo ainda.

Propostas - Uma das propostas para o prédio, que por cerca de 60 anos abrigou o curtume, partiu do próprio órgão estadual responsável pelo controle do parque. O Instituto Florestal já demonstrou interesse em criar um centro de pesquisas no local, por meio de parceria com o Campus Litoral da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

A Prefeitura também lançou uma sugestão há algum tempo, de transformar o prédio em uma escola de pesca artesanal, tendo em vista a existência de colônias de pescadores nas imediações da área. Estas são algumas das propostas já apresentadas, conforme recorda o empresário Daniel Martines, com a autoridade de quem há 12 anos ocupa o imóvel, junto com três famílias de ex-funcionários do estabelecimento.

Martines lembra que, desde a criação do Parque Xixová-Japuí em 1990, os proprietários do imóvel não puderam instalar nenhum empreendimento. Segundo o empresário, a área está sob litígio entre a família e o Estado, que busca a desapropriação.

Ele explica que, a partir do momento em que o débito for quitado, o Estado deverá ocupar as dependências do prédio e definir o que deve ser feito. "O mais importante é não permitir invasões. Esta foi a preocupação da Câmara Municipal na década de 90, quando sugeriu a inclusão do curtume no parque", disse Martines, que na época era presidente do Legislativo calunga.


DEGRADAÇÃO - O antigo curtume de São Vicente, considerado patrimônio histórico,
se deteriora à espera de providências
Foto: João Vieira, publicada com a matéria

Memória

O curtume funcionou em São Vicente por cerca de 60 anos, chegando a empregar nesse período 400 funcionários na Cidade. Com a desativação do matadouro de gado em Santos, na década de 70, o estabelecimento entrou em fase de decadência, uma vez que dependia da matéria-prima de outras cidades, e acabou sendo fechado pelos proprietários.

Locatário do imóvel, o empresário Daniel Martines montou uma fábrica de tecelagem no prédio, que funcionou por pouco tempo. Há cerca de quatro anos, ele tentou ainda montar um estacionamento para ônibus de excursão, com o objetivo de estimular a vinda do turismo de um dia para o Município. Entretanto, foi obrigado a encerrar as atividades com a criação do Parque Estadual Xixová-Japuí, que tornou a região uma área de preservação ambiental.

Na edição de 14 de setembro do mesmo ano de 2004, o jornal A Tribuna voltou ao tema, com novidades:


O prédio do curtume, uma construção do século 19, fica na área do Parque Xixová-Japuí
Foto: João Vieira, publicada com a matéria

CULTURA
Antigo curtume poderá abrigar museu

Idéia é utilizar o local para mostrar a história da navegação portuguesa

Da Sucursal

São Vicente poderá ganhar um museu dedicado à história das navegações portuguesas e também à cultura do País lusitano. Essa é a proposta para o prédio do antigo Curtume Cardamone, uma construção do século 19, situada em uma área de 50 mil metros quadrados, na Avenida Tupiniquins, no Japuí. O projeto é denominado Complexo Ultramarino.

Proposta neste sentido foi encaminhada pela Fundação São Vicente, durante uma reunião com o prefeito Márcio França. Participaram do encontro empresários portugueses estabelecidos há décadas na Cidade e que mantiveram contato com autoridades lusitanas também interessadas em investir no empreendimento.

Os integrantes da Fundação São Vicente informaram que a iniciativa já tem o apoio do Instituto Florestal e da Curadoria do Meio-Ambiente do Ministério Público, por intermédio do promotor Fernando Reverendo Vidal Akaoui.

O interesse dos ambientalistas é incentivar a preservação do Parque Estadual Xixová-Japuí, já que o prédio do Curtume está dentro dos limites do parque. Cursos de Educação Ambiental e visitas monitoradas ao parque poderiam ser organizadas no prédio.

O museu abrigaria, além de peças relativas às navegações portuguesas, a serem trazidas de Portugal, objetos, documentos e livros importantes da própria história de São Vicente. Márcio França sugeriu aos investidores que criem opções interativas, como ocorre em vários museus do mundo, destinadas a atrair a atenção das novas gerações.

Um dos membros da comitiva, o médico Eli Celice Dias, disse que a Fundação São Vicente pretende também incorporar o Porto das Naus ao projeto do museu, de forma a proporcionar aos visitantes informações de campo sobre o primeiro Trapiche Alfandegário do país, defronte ao qual fundeavam as caravelas dos colonizadores portugueses. Atualmente, o Porto das Naus passa por obras de restauração no acesso, custeadas com recursos do Governo do Estado.


O curtume São Vicente por volta do ano 2000, já desativado
Foto de Alfredo Gastoni Tisi Neto, no livro Presença da Engenharia e Arquitetura - Baixada Santista, Livraria Nobel/Empresa das Artes, S.Paulo/SP, janeiro/2001

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