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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Um barão e sua casa

Uma das edificações mais conhecidas de São Vicente é a Casa do Barão, que abriga o Museu Histórico e Geral da Cidade, em suas 13 salas principais, reunindo mais de 1.800 peças, entre fotos antigas de São Vicente, móveis e objetos do século XIX, minerais, fósseis, artesanato indígena, animais empalhados, cerâmicas e miniaturas marítimas, além dos quadros pintados por Carlos Alberto Fabra Perugorria que constituem os memoriais do Padre Anchieta e da História Vicentina. Ali também funciona a Biblioteca Pública Historiador Francisco Martins dos Santos, com 20 mil volumes. Mas o próprio imóvel tem sua história, contada no suplemento especial comemorativo dos 460 anos de São Vicente, publicado por A Tribuna em 22/1/1992:


A mansão de um dos senhores do café, em 1940, atualmente transformada em museu
Foto: coleção de Fernando M.Lichti, publicada com a matéria

Muito verde e muita história na
Casa do Barão

Em meio caminho entre a Praia do Gonzaguinha e o centro comercial da cidade, no número 280 da Rua Frei Gaspar, existe um velho casarão plantado dentro de um parque ecológico: 6.500 metros quadrados onde verdejam figueiras bravas, palmeiras de leque, primaveras, ipês, paus-brasil, acácias, bromélias e uma touceira do raro, e amarelo, bambu brasileiro. A animação é por conta de sagüis, bichos-preguiça e bandos de periquitos, sabiás, canários, bem-te-vis, pardais e outros tantos.

É ali a chamada Casa do Barão, sede do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, onde funcionam o Museu Histórico e Geral da Cidade, o Memorial da História Vicentina, o Memorial do Padre José de Anchieta e a Biblioteca Historiador Francisco Martins dos Santos. O presidente do Instituto, Fernando Martins Lichti, conta que aquela área, mais da metade de um quarteirão com face também para as ruas Visconde do Rio Branco e João Ramalho, até o final do século XIX, era parte da antiga chácara do prestante cidadão vicentino José Lopes dos Santos, Coronel Lopes.

Tênis e cavalos - Gustav Kurt von Pritzelwitz (N.E.: o nome correto é Kurt Gustav), o barão, nascido em Munchen [N.E.: Munique], Alemanha, chegou a São Vicente em 1921 e se casou com a vicentina Hildegard Georgina. Empresário do setor cafeeiro, foi ele quem construiu (N.E.: na verdade, foi seu sogro) a mansão com mais de uma dezena de aposentos esplendidamente decorados, onde aconteceram elegantes e concorridas recepções nas décadas de 30 e 40.

Nos fundos da mansão, lado da Rua João Ramalho (onde hoje está sediado o Grupo de Escoteiros do Ar), ficavam o campo de tênis, as cocheiras com puros-sangue para galopadas nas desertas Avenida Presidente Wilson e Praia do Itararé, a moradia dos empregados e a forja do ferreiro. Aliás, campo de tênis e cocheiras eram dependências quase obrigatórias nos ricos casarões em São Vicente, na primeira metade do século XX, onde viviam os chamados "senhores do café", estrangeiros (principalmente ingleses e alemães) ligados aos setores de serviços públicos, cafeeiro e de navegação.

Von Pritzelwitz, falecido em 1981, participou da vida comunitária. Por suas doações, foi reconhecido benfeitor da Irmandade do Hospital São José e tem a seu crédito a liderança de um grupo de amigos de São Vicente que auxiliou financeiramente a Prefeitura na abertura da Avenida Manuel da Nóbrega, evitando assim o tráfego dos automóveis pela areia do Itararé.


Kurt von Pritzelwitz, o barão, em traje de montaria
Foto: coleção de Fernando M.Lichti, publicada com a matéria

Clínica São Vicente - Com a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, o barão e sua família mudaram-se (1944) para o Interior. A mansão foi vendida para uma senhora argentina que logo depois a vendeu para a firma Carvalhal & Jarussi Ltda. O prédio foi reformado e ampliado nos fundos, devidamente adaptado pelo médico Francisco de Assis Jarussi para a sua Clínica Cardiológica e de Repouso São Vicente, que chegou a ser uma das mais renomadas do País. A clínica funcionou até início de 1960, quando o imóvel passou a pertencer à Caixa Econômica Federal.

Ainda segundo Fernando Lichti, o casarão ficou desocupado durante alguns anos. Por volta de 1967, por insistência do historiador Francisco Martins dos Santos (1903-1978), fundador do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (5 de fevereiro de 1959), e de sua mulher Odette Veiga Martins dos Santos (1917-1984), a Caixa permitiu que a entidade realizasse nas dependências do imóvel diversas exposições e festas folclóricas. Em 1974 a Caixa permitiu mais: que o Instituto ocupasse as 13 salas principais da antiga mansão para a instalação do Museu Histórico e Geral da Cidade.

Patrimônio histórico - Sob a justificativa de ser considerado parque ecológico e de representar o maior casarão remanescente do sítio onde residiam os antigos senhores do café, o imóvel tem a garantia de preservação em sua integridade, através de tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico (Condephaat), ocorrido em junho de 1988, após quase dez anos de luta.

A Caixa Econômica Federal, que há 25 anos cede graciosamente a Casa do Barão à arte, à cultura e à memória vicentinas, foi recentemente agraciada com o título de sócia benemérita do Instituto Histórico e Geográfico. Apenas como registro, vale lembrar que também são patrimônios tombados, em São Vicente: Parque das Naus, Biquinha de Anchieta, Ponte Pênsil e Igreja Matriz.

Exatos treze anos depois, a casa voltou a ser abordada em matéria publicada no caderno especial São Vicente do jornal santista A Tribuna, em 22 de janeiro de 2005:


A casa foi moradia do barão do café Gustav Von Prietzelvits
Foto publicada com a matéria

RELÍQUIA
Casa mais antiga da Cidade data de 1865

O imóvel, que fica na área do IHGSV, necessita de reformas urgentes

Construída em 1865 por um vicentino, o coronel José Lopes, a casa mais antiga da Cidade, de acordo com o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), Fernando Martins Lichti, tem 94 metros quadrados e está localizada no Parque Municipal da Casa do Barão, que hoje abriga o instituto.

A casa foi ocupada pelo barão do café Gustav Von Prietzelvits (N.E.: o nome correto é Pritzelwitz), no início do século XX. O barão adquiriu toda a área da chácara para construir uma majestosa mansão, atualmente conhecida como a Casa do Barão, que pertence à Secretaria do Patrimônio da União, a qual, por sua vez, cedeu o espaço ao IHGSV.

O imóvel, datado do século XIX, precisa de reformas e está com as estruturas abaladas. A casa pode ser vista por quem vai ao local, que tem muitas árvores e onde são vistos até sagüis.

Preservação - As janelas do imóvel, apesar da deterioração, ainda preservam as estruturas originais e as paredes internas ainda mantêm, parcialmente, o revestimento.

Para o presidente do IHGSV, a casa deveria passar por reformas e ser incluída no roteiro turístico da Cidade, já que é um dos poucos imóveis históricos que restam.

A fim de viabilizar a recuperação do imóvel, o presidente do instituto pretende lançar uma campanha, ainda neste semestre, para arrecadar materiais de construção. Ele também vai tentar levantar recursos junto ao comércio e à Prefeitura.

Sem dinheiro - A Administração informa que disponibilizou, em 2004, em parceria com a iniciativa privada, R$ 130 mil para a reforma da Casa do Barão e, no momento, não tem recursos para aplicar na casa do coronel Lopes.

Uma alternativa seria procurar parceiros para investir na recuperação do imóvel, que para a Prefeitura também precisa ter comprovado o seu valor histórico.

(*) Em 8 de setembro de 2007, Philip von Pritzelwitz enviou a Novo Milênio a seguinte correção: "Gostaria de informar que o nome de meu pai não é Gustav Kurt, mas Kurt Gustav. A casa na Frei Gaspar não foi construída por ele mas pelo seu sogro Karl Hellwig, ele a reformou quando casou".

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