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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Excelências discutem rock na Câmara santista

Depois de longo debate, decidiram manter a forma secular de tratamento

A manutenção de uma centenária forma de tratamento (derivada do latim e anterior ao Descobrimento do Brasil) foi o tema de uma das sessões da Câmara Municipal de Santos, em 2007, assim registrada pelo jornal santista A Tribuna em 23 de outubro de 2007:


Se o projeto fosse aprovado, poderia ser usado o tratamento "senhor"
Foto: Alberto Marques, publicada com a matéria

CÂMARA
Termo "excelência" é mantido

Da redação

Monarquia brasileira, hábitos de tratamento pessoal e rock nacional. Por quase duas horas, a discussão sobre o projeto que dispensa os vereadores de utilizar o termo excelência quando se referirem uns aos outros suscitou temas os mais díspares. No final, a votação decretou que a maior parte dos parlamentares quer a continuação da exigência. A matéria foi rejeitada por 8 votos a 3.

O projeto, de autoria do petista Reinaldo Martins, tinha o objetivo e permitir aos parlamentares se referirem a um companheiro apenas como senhor. "Vivemos numa República e devemos acabar com esses resquícios monárquicos, que dão a impressão de que um vereador é melhor que qualquer cidadão", disse.

A polêmica foi instaurada quando Cassandra Maroni (PT) se disse indignada com a defesa do termo mais formal por alguns colegas de Legislativo. "Fiquei passada de ver aqui esta alma elitista revelada". Então ela citou a música Vossa Excelência, do grupo de rock Titãs, em cuja letra os políticos são chamados de corruptos e bandidos, além de serem alvos de palavrões.

Irritado, Benedito Furtado (PSB) disse não admitir ser jogado na mesma "vala comum" que os criminosos. "Quantos quilos de maconha foram fumados ou litros de cachaça bebidos para escrever essa obra-prima?", indagou.

O vereador Antônio Carlos Banha Joaquim (PMDB) citou os versos A tua piscina está cheia de ratos/Tuas idéias não correspondem aos fatos, de O tempo não pára, de Cazuza. "A piscina do PT está cheia de ratos, após tantas denúncias", provocou.

Cassandra replicou – mantendo-se no campo musical – também com uma composição do cantor já falecido. E emendou os versos Vamos pedir piedade/Senhor, Piedade/Pra essa gente careta e covarde, de Blues da Piedade.

Inútil – O ataque ao projeto continuou. "Não traz nenhum benefício à população", argumentou o líder governista, Manoel Constantino (PMDB). Braz Antunes (PPS) concordou: "Considero que, quando alguém me trata dessa forma, está se referindo à minha atividade de vereador".

"Se era uma proposta inútil, como alguns disseram aqui, por que todos os vereadores se inscreveram para falar?", alfinetou Reinaldo, após uma hora e quarenta e seis minutos de discussão. Ao final, somente a bancada petista votou favoravelmente à matéria. Cassandra ainda fez uma última ironia. Indagada se votava "sim" ou "não", respondeu: "Sim, excelência".

As músicas citadas:

O tempo não pára
Composição: Cazuza/Arnaldo Brandão

Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando uma agulha num palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára


Blues da Piedade
Composição: Roberto Frejat/Cazuza

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas mini-certezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça

Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

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