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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Origem do jamegão é santista

Neologismo significando "assinatura" foi criado em 1927

A história foi recolhida pelo falecido jornalista Olao Rodrigues, em seu Almanaque de Santos - 1970 (editado por Indicador Turístico de Santos, em Santos/SP, naquele ano), página 134:


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"Jamegão" - termo criado em Santos

A palavra "Jamegão", falada e escrita em todo o Brasil, foi criada em Santos. Quem conta o episódio é Hamleto Rosato, em A Tribuna de 20 de abril de 1969. Segundo esse jornalista, em 1927 ou 1928 havia na Rua Senador Feijó, entre as ruas 7 de Setembro e Marechal Pêgo Júnior, a Garagem Auto Santista, de propriedade de Joaquim Penido, de tradicional família paulista, jovem rico, boêmio, automobilista e liberal.

Certo dia, convidou para gerir o estabelecimento o motorista Pascoal Galo, também boêmio, jovial, muito conhecido na Cidade, mas sempre em dificuldade financeira, devido quiçá à irregularidade de sua vida privada. Não foi uma nem duas vezes que recorreu a Joaquim Penido para lhe emprestar dinheiro por meio de promissórias. É bom dizer que o Penido, sem ser agiota, mas induzido por seu espírito franco e generoso, emprestava dinheiro e avalizava  promissórias de amigos e amigos de seus amigos.

Isso levou anos, até que pôs ponto final a essa prática liberal, já saturado de assinar promissórias e títulos. Chegou a recusar empréstimo ao Pascoal Galo, que era homem de sua confiança e não lhe dava cano. Nessa oportunidade houve entre eles o seguinte diálogo:

"- Penido, assina só esta promissória, e não mais o importuno. Preciso muito do dinheiro".

"- Não assino nada".

"- É a última vez".

"- Não!"

"- Vá, Penido, passa o jamegão nesta promissória".

"- Que jamegão é esse?"

"- Então, este é o ja megão", dizia o Galo, em seu italiano macarrônico, antevendo o atendimento do amigo.

O nosso Pascoal Galo queria dizer duas coisas com a palavra jamegão. O "já" seria o "jota" em italiano, à sua moda, misturado com o português. O Penido assinava um "J" bem grande, e as letras "o" e "a" bem pequenas; o "m" e o "e" quase horizontal, e logo depois vinha o "q", mais parecido com um "g", enquanto o "u" e o "i" ele os fazia com um rabisco.

Certo é que o Penido gostou do termo jamegão, no instante inventado pelo Galo. Achou graça. Riu a bom rir. E lançou, mais uma vez, o jamegão na promissória. Motoristas de praça ouviram o diálogo, e desde então o dono da Garagem Auto Santista ficou conhecido como Jamegão, que ele próprio adotou, até mesmo nas inscrições de corridas de automóveis.

Foi assim, num instante de apertura financeira, que Pascoal Galo lançou o termo jamegão, muito empregado por aí afora, como sinônimo de assinatura ou rubrica, com registro até em dicionários, como o "Pequeno Dicionário da Língua Brasileira".

Tem razão Hamleto Rosato ao rematar a interessante reportagem, quando afirma que é o próprio povo que faz o idioma.

Quem relembra também o fato é o próprio jornalista Hamleto Rosato, em sua coluna diária A Tribuna nos anos 60, referente a 19 de janeiro de 1966 e publicada 41 anos depois dessa data, em 19 de janeiro de 2007 (note-se que grafou o sobrenome como Penino, em vez de Penido como aparece no texto acima):


Joaquim Penino
Foto: reprodução, publicada com a matéria

De Joaquim Penino surgiu jamegão

Sem bairrismo, pois não tivemos a felicidade de nascer aqui, nenhuma cidade do mundo pode se vangloriar como esta. Não há na história do universo uma cidade que tenha dado tantos vultos ilustres como ela, que apresentou o melhor time de futebol que apareceu até hoje. Temos muitas coisas para citar. Vamos apenas a uma só.

Nesta data estava em Santos Joaquim Penino. Morava em Nova Iorque e veio matar saudades. Foi justamente de seu nome que redundou Jamegão, que é o mesmo que rubrica, assinatura. Foi um seu empregado quando, nesta cidade, ele possuía a Garage Auto Paulista, que pediu: "passe o jamegão aqui", pedindo a assinatura. Foi em 1927, na Rua Senador Feijó, 264.


O jamegão, hoje nos dicionários
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