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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (U)
Sem memória (1)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

A transformação contínua das cidades nem sempre é devidamente documentada. Em conseqüência, perdem-se valiosas referências para os pesquisadores não apenas da evolução arquitetônica, como também das mudanças comportamentais, históricas, geográficas etc. Apenas nos primeiros anos do século XXI começou a haver um trabalho mais efetivo de documentação, com o projeto Santos Digital e normas para que sejam registradas fotograficamente mudanças em edificações mais antigas. Ainda assim, muita informação continuou sendo perdida. Tal foi o tema da matéria publicada em 14 de maio de 2004 no jornal A Tribuna:


HISTÓRIA EM RUÍNAS - Velhos casarões de Santos, 
que não foram incluídos no processo de tombamento, podem desaparecer
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Patrimônio
Perdendo a memória

Velhos casarões da Cidade, que não foram incluídos no processo de tombamento aberto pelo Condepasa, estão desaparecendo ou mudando as características

Da Reportagem

Edificações típicas da época do ciclo do café na região, os casarões da Cidade que não são conservados por seus proprietários ou os que não se incluem no processo de tombamento aberto pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) estão desaparecendo ou já perderam totalmente suas características originais.

Especialistas em arquitetura histórica confirmam essa tendência. "A parte insular de Santos tem o metro quadrado muito caro. O que estamos vendo, com o fim deste tipo de casarão, é somente mais uma conseqüência da forte especulação imobiliária existente na Cidade há muitos anos", comentou o arquiteto e professor da UniSantos e UniSanta, Maurício Azenha Dias.

Além disso, o custo de manutenção de imóveis como esses antigos casarões é altíssimo. "Quanto maior for a construção, maior será a despesa. Principalmente se for muito antiga", emendou o arquiteto.

Motivo

"O que estamos vendo, com o fim deste tipo de casarão, é somente mais uma conseqüência da forte especulação imobiliária"

Maurício Azenha Dias
Arquiteto e professor

Um bom exemplo desta atual tendência imobiliária é o que aconteceu com o casarão que existia no número 549 da Avenida Conselheiro Nébias. O local, atualmente, está sendo ocupado por uma nova estrutura arquitetônica, que abrigará uma nova agência do Banco Itaú.

Antes de ser demolido, o prédio funcionava como sede da Ferja, empresa de administração de bens, que se mudou para a casa número 553, da mesma avenida.


Na Conselheiro Nébias, o imóvel que foi sede da Ferja não existe mais. No local surge um banco
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Loteamentos - "Em casos como este, o interesse maior é sempre no terreno e não no imóvel", lembrou Dias. "Isso acontece porque os casarões foram construídos em loteamentos maiores, o que se torna ideal para empreendimentos de grande porte".

Outros casarões, também não incluídos em uma política particular ou pública de preservação, perderam suas características físicas (estão tecnicamente abandonados e degradados) e se transformaram em cortiços. É o que aconteceu com ex-casarões localizados no final da Rua Amador Bueno.

O mesmo fato pode ser constatado em outro prédio da época, que fica na esquina da Rua Campos Melo com a Rua Borges, no Macuco. Com boa parte do telhado totalmente destruído e contando com tapumes no lugar do que seriam as janelas originais, o casarão virou símbolo da decadência social e econômica.

Também com algumas vidraças quebradas e estrutura denegrida pela ação do tempo, o casarão localizado no número 272 da Avenida Conselheiro Nébias é outro exemplo de abandono. Propriedade do SMTC Atlético Clube, o imóvel é um dos últimos típicos daquela quadra. Ao lado dele, por exemplo, outro casarão de época já foi demolido e o terreno colocado à venda.


A velha sede do SMTC Atlético Clube apresenta 
algumas vidraças quebradas e a estrutura denegrida
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Pouco antes, no dia 20 de abril de 2004, o Diário Oficial de Santos registrava:


PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO - O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) incluiu o prédio do Colégio Stella Maris na lista dos indicados para tombamento
Foto: Anderson Bianchi, publicada com a matéria

PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Condepasa abre processo de tombamento de 12 imóveis

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) publica, na edição de hoje do Diário Oficial de Santos, à página 19, listagem de 12 imóveis sobre os quais os conselheiros deliberaram, por unanimidade, pela abertura de processo de tombamento. Todas as edificações estão localizadas ao longo da Avenida Conselheiro Nébias e vão se somar ao antigo prédio da Capitania dos Portos, também em fase de análise de tombamento.

Conforme justificativa do Condepasa para aprovar a abertura dos processos, as construções "constituem tipo arquitetônico significativo, testemunho físico da história social e urbana da Cidade". As construções, pondera ainda o conselho, são "exemplares remanescentes da arquitetura eclética produzida em Santos, no início do século XX".

Da relação constam o Posto do Corpo de Bombeiros (nº 184 da avenida), o prédio principal da Gota de Leite (nº 388), a sede do Educandário Santista (nº 680), o Colégio Stella Maris (nº 771) e antigos casarões. Dos 12 prédios, nove tiveram o tombamento solicitado pelas professoras da UniSantos com cadeira no conselho. Os outros três resultaram de propostas do próprio órgão.

Segundo o presidente do Condepasa, arquiteto Bechara Abdalla Neves, os proprietários dos imóveis e autoridades como a Prefeitura e a Polícia serão oficiadas sobre a abertura dos processos de tombamento, uma vez que, a partir de agora, qualquer intervenção nas construções deverá ser autorizada pelo conselho. Haverá o estudo de cada caso e não há prazo estabelecido para a conclusão.


Prédio do Colégio Stella Maris foi incluído na lista de imóveis para tombamento
Foto: Anderson Bianchi, publicada com a matéria

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