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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (H)
Pensar Santos (5)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas. Esta série de matérias especiais foi publicada nesse período pelo jornal santista A Tribuna, na edição em que comemorava seu 90º aniversário, em 26 de março de 1983:
 
A idéia surgiu após alguma discussão: por que não entregar Santos a várias pessoas e saber o que elas pensam a respeito da Cidade onde vivem ou trabalham? Foi assim que se fez. Sob o mesmo tema - Pensar Santos -, elástico e livre, deixamos nas mãos dessas pessoas e com suas cabeças a incumbência de traçar um perfil desta Cidade de muitos contrastes. O que cada um fez a seu critério, dentro ou fora de suas profissões. Aqui está o resultado. Veja o que pensam de Santos uma historiadora, um administrador de empresas, uma arquiteta, um advogado e poeta, um médico, um engenheiro e um agente de viagens.

Conhecer para planejar

Carlos Alberto Calçada Bastos (*)

Viver em Santos é, antes de mais nada, conviver com a ambigüidade de funções que a caracteriza: uma vocação turística e uma condição simultânea de cidade residencial. Esta duplicidade de atribuições e as peculiaridades que as distingue têm que ser levadas em conta quando a proposta é "Pensar Santos", e, muito mais, apontar caminhos a seguir.

Na minha opinião, o tipo de turismo realizado em Santos corresponde à limitação de atrativos naturais e culturais que é abundante em cidades como Ouro Preto ou Rio de Janeiro, só para citar alguns exemplos. Não temos praias virgens, não temos grande número de monumentos históricos significativos, não temos casas de jogos ou outro tipo de entretenimento.

Então, se o turista que vem a Santos não é geralmente o mesmo que freqüenta outros centros mais atraentes, então quem é ele? Eu distingo principalmente dois tipos: o turista cativo, que é preso à Cidade porque possui apartamento de temporada, e o turista de poucos recursos financeiros, da Grande São Paulo, cujo raio de movimento não ultrapassa normalmente os 80 km que os separam da Baixada Santista.

O turista cativo passa a ter as mesmas necessidades da população residente, no que se refere a abastecimento, acessos, estacionamento, distribuição de água e luz, por aí a fora. E o turista que chega de carro ou de ônibus para passar aqui algumas horas, ou mesmo o fim de semana, pernoitando em pensão ou dentro de automóvel, vai necessitar de outro tipo de infra-estrutura, mais específico, que resolva os problemas que ele enfrenta e que acaba criando para a população residente.

Tanto o turismo cativo como o turismo rápido são interessantes economicamente para a Cidade. À medida que os obstáculos são removidos, a Cidade se vê livre dos problemas e pode explorar mais racionalmente as potencialidades do turismo.

Resolver problemas e explorar potencialidades, a meu ver, implicam em conhecimento dos públicos que serão atingidos. Se vamos construir propostas em cima do que supomos que os outros necessitam e gostariam, ou não gostam e não precisam, as medidas surgidas daí provavelmente não terão sucesso. Resolver problemas é criar alternativas e explorar potencialidades, é dotar estas alternativas daquilo que concretamente corresponde às necessidades e expectativas.

Uma pesquisa de mercado, realizada por empresa especializada ou pelo curso de Publicidade e Propaganda de Santos - o que reaproximaria a Universidade da sociedade - pode fornecer um perfil do turista que chega à cidade, classificar os tipos, identificar os segmentos, faixas etárias, nível econômico, e assim por diante. Só sobre dados concretos é possível fazer um planejamento que venha a resolver os problemas que há muito tempo afligem a todos nós.

O mesmo ocorre com a população residente. Santos é uma Cidade que continua crescendo em uma área já saturada; os diversos segmentos da sociedade possuem problemas diferentes entre si, que no entanto convergem em determinados pontos. Identificar as necessidades e anseios é o que precisa ser feito, a priori, sem o que qualquer medida acaba sendo inadequada ou pelo menos inoportuna.

Um planejamento nesta direção permite conhecer as necessidades (que nem sempre são tão óbvias), evitar o desperdício e perda de tempo com medidas que terão sempre que ser refeitas e sobretudo estabelecer prioridades, já que teremos constantemente de enfrentar a limitação de recursos.

(*) Carlos Alberto Calçada Bastos, administrador de empresas (FGV), especialista em sistemas de informação (Mauá), é gerente de marketing da Refrigerantes de Santos S.A.

Santos, em 2002
Foto: Tadeu Nascimento, publicada no Diário Oficial de Santos em 16 de agosto de 2002

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