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BONDES NO BRASIL
Vitória/ES

Imagem cedida pelo pesquisador Allen Morrison, de New York

Bonde com reboque no centro de Vitória, em meados do século XX

Foto cedida pelo pesquisador norte-americano Allen Morrison, de New York/EUA

 

Só em 23/5/1905 foi concedida a franquia para a construção de uma linha de bondes com tração animal em Vitória, que foi a única do tipo no estado do Espírito Santo. A Empreza Ferro-Carril do Suá comprou três bondes de segunda mão usados em Niterói e inaugurou uma linha do centro da cidade ao Forte São João em 11/7/1907.

 

Bonde da linha de Jacutoquara, na Parada da Praça 8 de Setembro,

por volta de 1920/30, na capital capixaba

Foto: Arquivo Espírito Santo Centrais Elétricas S.A. (ESCELSA)

Uma linha de bondes a vapor foi depois construída de São João até o Morro do Suá. A Siemens-Schuckert de Berlim (Alemanha) inaugurou a iluminação pública elétrica na cidade em 25/9/1909, e no ano seguinte Antônio José Duarte constituiu uma empresa para instalar uma linha de bondes elétricos. Ele encomendou 12 bondes da Waggonfabrik Falkenried em Hamburgo, sendo 9 para passageiros, dois para carga e um trole para funerais.

Sua empresa foi à bancarrota e assim foi o Banco do Estado do Espírito Santo que inaugurou a linha elétrica em 21/7/1911, com suas iniciais "B. do E. do E. S." sendo vistas na frente dos veículos. Outro banco, o Banco Hipotecário e Agrícola, assumiu a empresa em 1912 e encomendou dois bondes motorizados e dois troles à empresa estadunidense J. G. Brill, da Philadelphia: as iniciais "B. H. A. do E. do E. S." apareceram nos bondes desde então. A eletrificação foi completada em 1913. A rota da Cidade Alta cobria os dois caminhos ao redor da colina, subindo até a Catedral e retornando à junção para continuar o circuito. O bonde fúnebre cumpria a linha da catedral até o cemitério situado no final da linha Santo Antônio.

Na década de 1920, a Tramways Electricos de Victoria negociou alguns de seus veículos Falkenried com a companhia de Vila Velha, no outro lado da baía, que os trocou por seus bondes Brill. Uma nova companhia, a Serviços
Reunidos de Victoria, negociou três bondes Brill em 1925 e o sistema de bondes de Vitória foi o primeiro no Brasil a ser adquirido pela empresa estadunidense Electric Bond & Share, em 27/5/1927.

A nova Companhia Central Brasileira de Força Elétrica construiu um segundo abrigo em Praia Comprida, estendendo a linha praiana até Praia do Canto, com a encomenda de novos bondes em 1928. O ramal da catedral foi fechado em 1940, mas em 1941 foi iniciada a construção de uma linha através da ponte até a estação da ferrovia Leopoldina, na área continental - que nunca foi completada: os trilhos na ponte foram destinados a trens de carga movidos a diesel. Os trilhos na Avenida Florentino Ávidos foram removidos em 1942, eliminando o circuito pelo centro da cidade.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a CCBFE descontinuou o uso de troles e remodelou seus veículos de passageiros para um modelo padronizado. Também foram adquiridos componentes do abandonado sistema de bondes de Recife, que também usavam bitola métrica, e que foram utilizados na construção de novos veículos. Em 1957 - quando Vitória contava com 14 veículos motorizados para passageiros, um veículo de bagagem e um carro de linha - o gerenciamento do serviço de bondes voltou a ser feito por brasileiros.

A cidade crescia rapidamente, em especial nas áreas praianas, e os novos proprietários não estavam interessados em reconstruir as rotas de bondes, resumidas praticamente a uma só via. A linha da Praia do Canto foi fechada em 23/4/1963 e o último serviço de bondes de Vitória, de Jucutuquara a Santo Antônio, desapareceu um mês depois, em 23/5/1963. Após o fechamento, muitos bondes foram vendidos de volta para a linha de Vila Velha, no outro lado da baía de Vitória. Outros foram colocados em parques de todo o estado.  O bonde 42 ficou exposto na Praça Costa Pereira, a principal de Vitória, durante o mês de julho de 1983.
 

A viagem pelos trilhos do Brasil continua...

Carlos Pimentel Mendes