Reciclagem
do lixo urbano
(Reprodução
do site http://www.recycle.hpg.ig.com.br/index.html)
Nota:
Resumo publicado no Suplemento nº 01/99, de Outubro/99, da Revista
Integração
- Ensino, Pesquisa e Extensão, do Centro de Pesquisas da Universidade
São Judas Tadeu, São Paulo. Este trabalho foi apresentado
na Sessão de Tema Livre do V Simpósio Multidisciplinar da
Universidade São Judas Tadeu "A Legislação da Educação
Superior: Ensino Pesquisa Extensão", realizado entre 4 e 8 de Outubro
de 1999.
RESUMO
- A degradação do meio ambiente tem sido alvo da preocupação
de órgãos e instituições, sejam eles governamentais
ou não, bem como das comunidades, seus representantes e das pessoas
em geral. Tal preocupação recai, fatalmente, sobre a geração
do lixo e o impacto que este processo causa ao meio ambiente, alterando
a qualidade de vida no planeta, principalmente no perímetro urbano.
Métodos
de redução da geração de lixo são praticados
como um meio de se implantar alternativas adequadas para a solução
do problema, dentre os quais destaca-se a reciclagem do lixo.
Visando conhecer
um pouco este mecanismo, foi desenvolvida esta pesquisa, cuja proposta
é abordar os conceitos básicos que constituem o processo
da reciclagem e do reuso de materiais. Esta abordagem compreende, sucintamente,
os materiais que podem ser reciclados (retornados ao processo produtivo),
os perigos decorrentes do não tratamento do lixo e os tipos de tratamento
que podem ser dispensados aos resíduos sólidos destinados
ao descarte.
O objetivo
principal da pesquisa é informar a todos da importância da
reciclagem e, sobretudo, sugerir maneiras simples e práticas de
reduzir a produção individual do lixo, para que se possa
contribuir para minimizar este grave problema.
O levantamento
de dados deste trabalho deu-se através dos meios tradicionais e
virtuais de informação e pretende ser tão somente
uma introdução ao tema, qual semente em solo fértil,
a semear uma nova consciência ecológica, para o futuro do
planeta.
INTRODUÇÃO
- O impacto causado no meio ambiente pela produção desenfreada
de lixo tem levado governo e sociedade a promover estudos e buscar alternativas
para minimizar a degradação da natureza e aumentar o bem
estar da sociedade como um todo.
Reduzir o desperdício
é uma das formas de se contribuir para a preservação
do meio ambiente, conservando as reservas naturais, sua flora e fauna.
A palavra de ordem é reciclar. Reciclar para reduzir o impacto ambiental
e aumentar a qualidade de vida no planeta, no presente e, principalmente,
no futuro.
1 - OBJETIVO
- O objetivo do desenvolvimento deste tema é informar e conscientizar
as pessoas da importância da reciclagem de materiais e da forma como
se pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida ao difundir-se
este conceito.
2 - CONCEITOS
2.1 - O que
é lixo - São os restos das atividades
humanas consideradas inúteis. Apresentam-se sob os estados sólido,
semi-sólido e líquido.
2.2 - O que
é sucata - É todo resíduo
sólido que a indústria reaproveitará em forma de reciclagem.
2.3 - O que
é reciclagem - É o processo
de retornar a sucata em matéria prima e produto final por meio da
industrialização.
2.4 - O que
é coleta seletiva - É um serviço,
especializado em coletar o material devidamente separado pela fonte geradora.
Este sistema facilita a reciclagem porque o material permanece limpo e
com maior potencial de reaproveitamento.
2.5 - O que
é compostagem - É o processo
pelo qual determinados tipos de materiais podem ser decompostos e misturados
para transformarem-se em adubo.
3 - HISTÓRIA
- O lixo é gerado há muito tempo, em grande quantidade e
sempre. A reutilização e reciclagem são práticas
bastante antigas. "Sucateiros" da antigüidade recolhiam espadas nos
campos de batalha para fazer novas armas. As cidades não possuíam
serviços públicos de coleta de lixo. Em São Paulo,
foi só em 1869 que a Câmara Municipal resolveu contratar em
carroceiro para recolher o lixo das casas. Isto se deveu ao fato de que
a não coleta do lixo nos domicílios provocavam a transmissão
de doenças. Nas últimas décadas, a geração
de lixo vem assumindo proporções que tornam este assunto
uma das principais preocupações dos prefeitos.
4 - PERIGOS
- Do ponto de vista sanitário, o lixo é o grande responsável
pela transmissão de doenças: a febre tifóide, salmoneloses
e disenterias que são transmitidas pela mosca; a malária,
febre amarela, transmitidos pelo mosquito; cólera, giardiase pela
barata; o tifo-murino, leptospirose, diarréias, transmitidas pelos
roedores. Por esta razão o lixo deve ser bem acondicionado e receber
tratamento adequado. Ficando exposto, os vetores nele se proliferam, espalhando
os riscos de contaminação.
5 - ESTATÍSTICAS
- O Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia. 76% são depositados
a céu aberto em lixões, 13% são depositados em aterros
controlados, 10% são depositados em aterros sanitários, 0,9%
são compostados em usinas e 0,1% são incinerados. Composição
média do lixo domiciliar no Brasil: 65% matéria orgânica,
25% papel, 4% metal, 3% vidro e 3% plástico. 53% deste total é
de restos de comida desperdiçada. Estima-se que o Brasil perca por
ano R$ 4,6 bilhões (cálculo de 1996) no mínimo, ao
não reaproveitar o lixo que produz. 40% dos municípios não
recebem nenhum serviço de coleta de lixo. 40 mil toneladas de lixo
ficam sem coleta diariamente. A coleta seletiva é praticada em pouco
mais de 80 municípios brasileiros, basicamente nas regiões
Sul e Sudeste do país. Enquanto a população mundial
cresceu 18% entre 1970 e 1990, a produção de lixo aumentou
25%. Cada pessoa produz em média de 800 gramas a 1kg de lixo por
dia, ou de 4 a 6 litros. Isto significa que em São Paulo são
gerados aproximadamente 15.000 toneladas de lixo por dia ou 75.000.000
de litros por dia. Isto equivale a 3.750 caminhões baú por
dia.
Quantidades
em mil/t |
|
LATINHAS |
VIDRO |
PAPEL |
PLÁSTICO |
LATAS/AÇO |
PRODUÇÃO |
66 |
800 |
5798 |
5798 |
2250 |
RECICLAGEM |
46 |
280 |
1840 |
270 |
108 |
ÍNDICE RECICLAGEM |
70% |
35,09% |
31,7% |
12% |
18% |
Figura
1: Dinheiro Jogado Fora
(em R$ milhões/t) |
|
LATINHAS |
VIDRO |
PAPEL |
PLÁSTICO |
LATAS/AÇO |
ENERGIA ELÉTRICA |
12.1 |
12.0 |
504.1 |
380.2 |
90.2 |
MATÉRIA PRIMA |
1.2 |
50.6 |
729.5 |
2593.8 |
60.0 |
ÁGUA |
N/D |
N/D |
472.0 |
N/D |
8.1 |
CONTROLE AMBIENTAL |
N/D |
N/D |
N/D |
N/D |
3.69 |
CUSTOS INCORRIDOS |
(3.7) |
(10.9) |
(178.2) |
(71.3) |
(8.9) |
TOTAL |
9.5 |
51.7 |
1527.4 |
2902.7 |
153.2 |
TOTAL GERAL |
4,644.5 |
Figura
2: Economia perdida no país pela não reciclagem do lixo
6 - CLASSIFICAÇÃO
- Por sua origem, o lixo pode ser classificado em: domiciliar, comercial,
de varrição e feiras livres, serviços de saúde
e hospitalares, portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários,
industriais, agrícolas e entulhos.
6.1 - Domiciliar
- Aquele originado da vida diária das residências, constituído
por restos de alimentos (tais como, cascas de frutas, verduras etc.), produtos
deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel
higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de
outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser
tóxicos.
6.2 - Comercial
- Aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços,
tais como, supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares,
restaurantes etc. O lixo destes estabelecimentos e serviços tem
um forte componente de papel, plásticos, embalagens diversas e resíduos
de asseio dos funcionários, tais como, papéis toalha, papel
higiênico etc.
6.3 - Público
- São aqueles originados dos serviços: de limpeza pública
urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das
vias públicas, limpeza de praias, de galerias, de córregos
e de terrenos, restos de podas de árvores etc.; de limpeza de áreas
de feiras livres, constituídos por restos vegetais diversos, embalagens
etc...
6.4 - Serviços
de saúde e hospitalares - Constituem
os resíduos sépticos, ou seja, que contêm ou potencialmente
podem conter germes patogênicos. São produzidos em serviços
de saúde, tais como: hospitais, clínicas, laboratórios,
farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde
etc.. São agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões,
órgãos e tecidos removidos, meios de culturas e animais usados
em testes, sangue coagulado, luvas descartáveis, remédios
com prazos de validade vencidos, instrumentos de resina sintética,
filmes fotográficos de raios X etc.. Resíduos assépticos
destes locais, constituídos por papéis, restos da preparação
de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós, cinzas etc.),
e outros materiais que não entram em contato direto com pacientes
ou com os resíduos sépticos anteriormente descritos, são
considerados como domiciliares.
6.5 - Lixo
municipal - Portos, aeroportos, terminais
rodoviários e ferroviários constituem os resíduos
sépticos, aqueles que contêm ou potencialmente podem conter
germes patogênicos, trazidos aos portos, terminais rodoviários
e aeroportos. Basicamente, originam-se de material de higiene, asseio pessoal
e restos de alimentação que podem veicular doenças
provenientes de outras cidades, estados e países. Também
neste caso, os resíduos assépticos destes locais são
considerados como domiciliares.
6.6 - Industrial
- Aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria,
tais como, metalúrgica, química, petroquímica, papeleira,
alimentícia, etc.. O lixo industrial é bastante variado,
podendo ser representado por cinzas, lodos, resíduos alcalinos ou
ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal,
escórias, vidros, cerâmicas etc. Nesta categoria, inclui-se
a grande maioria do lixo considerado tóxico.
6.7 - Agrícola
- Resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária,
como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração,
restos de colheita etc. Em várias regiões do mundo, estes
resíduos já constituem uma preocupação crescente,
destacando-se as enormes quantidades de esterco animal geradas nas fazendas
de pecuária intensiva. Também as embalagens de agroquímicos
diversos, em geral altamente tóxicos, têm sido alvo de legislação
específica, definindo os cuidados na sua destinação
final e, por vezes, co-responsabilizando a própria indústria
fabricante destes produtos.
6.8 - Entulho
- Resíduos da construção civil: demolições
e restos de obras, solos de escavações etc. O entulho é
geralmente um material inerte, passível de reaproveitamento.
6.9 - Responsabilidades
- De quem é a responsabilidade pelo gerenciamento de cada tipo de
lixo?
TIPO DE LIXO |
RESPONSÁVEL |
Domiciliar |
Prefeitura |
Comercial (*) |
Prefeitura |
Público |
Prefeitura |
Serviços de
saúde |
Gerador (hospitais...) |
Industrial |
Gerador (indústrias...) |
Portos, aeroportos
e terminais |
Gerador (portos...) |
Agrícola |
Gerador (agricultor)
|
Entulho |
Gerador |
Figura
3: Responsabilidades pelo gerenciamento do lixo
(*) a prefeitura
é co-responsável por pequenas quantidades, geralmente menos
que 50 kg, e de acordo com a legislação municipal específica
7 - MATERIAIS
RECICLÁVEIS
7.1 - Papel
de escritório
Conhecendo
o material - Papel de escritório é
o nome genérico dado a uma variedade de produtos usados em escritórios,
incluindo papéis de carta, blocos de anotações, copiadoras,
impressoras, revistas e folhetos. A qualidade é medida pelas características
de suas fibras. Papéis de carta e copiadora são normalmente
brancos, mas podem ter várias cores. A maioria dos papéis
de escritório é fabricada a partir de processos químicos
que tratam a polpa da celulose, retirada de árvores. Entretanto,
papel jornal é feito com menos celulose e mais fibras de madeira,
obtidas na primeira etapa da fabricação do papel, e por isso
são de menor qualidade. No Brasil o consumo de papelão gira
em torno de 4,6 milhões de toneladas por ano.
Quanto é
reciclado - 37% do papel e papelão
que circularam no País em 1994 retornou a produção
através da reciclagem, totalizando 1,7 milhão de toneladas.
Para este cálculo, considerou-se a produção total
somada à importação subtraindo o volume exportado.
No entanto 75% do total de papéis circulantes no mercado são
recicláveis. A maior parte do papel destinado à reciclagem,
cerca de 86%, é gerado por atividades comerciais e industriais.
No Brasil, existem 22 categorias de aparas - o nome genérico dado
a resíduos de papel, industrial ou doméstico - classificados
pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo (IPT) e pela Associação Nacional dos Fabricantes de
Papel e Celulose. As aparas mais nobres são as "brancas de primeira",
que não têm impressão ou qualquer tipo de revestimento.
Em 1994, foram recicladas cerca de 52 mil toneladas deste tipo de papel.
Quanto à apara mista, que é formada pela mistura de vários
tipos de papéis, a indústria brasileira reciclou 103 mil
toneladas em 1994. Nos Estados Unidos, o índice de reciclagem de
papel de escritório é de 37%. Preço médio do
papel branco em São Paulo = R$ 0,10 por quilo.
Papéis
não recicláveis: etiquetas adesivas, papel carbono, fita
crepe, papéis sanitários, papéis metalizados, papéis
parafinados, papéis sujos, guardanapos, tocos de cigarro, fotografias.
7.2 - Latas
de alumínio
Conhecendo
o material - A lata de alumínio é
usada basicamente como embalagem de bebidas. Cada brasileiro consome em
média 25 latinhas por ano, volume bem inferior ao norte-americano
que é de 375. Além de reduzir o lixo que vai para os aterros,
a reciclagem desse material proporciona significativo ganho energético.
Para reciclar uma tonelada de latas gasta-se 5% da energia necessária
para produzir a mesma quantidade de alumínio pelo processo primário.
Isto significa que cada latinha reciclada equivale ao consumo de um aparelho
de TV durante 3 horas. A reciclagem evita a extração da bauxita,
o mineral beneficiado para a fabricação da alumina, que é
transformada em liga de alumínio. Cada tonelada do metal exige cinco
de minério.
Quanto é
reciclado - 61% da produção
nacional de latas é reciclada. Em 1996, o índice foi de 61%.
Os números brasileiros superam países industrializados como
Japão (57%), Inglaterra (23%), Alemanha (22%) e Itália (22%).
Os EUA recuperam 63%, o que equivale a 62 bilhões de latas por ano.
Preço médio das latinhas de alumínio em São
Paulo = R$ 0,65 por quilo, o que equivale a 64 latinhas.
7.3 - Vidro
Conhecendo
o material - As embalagens de vidro são
usadas para bebidas, produtos comestíveis, medicamentos, perfumes
cosméticos e outros artigos. Garrafas, potes e frascos superam a
metade da produção de vidro no Brasil. Usando em suas formulação
areia, calcário, barrilha e feldspato, o vidro é durável,
inerte e tem alta taxa de aproveitamento nas residências. A metade
dos recipientes de vidro fabricados no País é retornável.
Além disso, o material é de fácil reciclagem: pode
voltar à produção de novas embalagens substituindo
o produto virgem sem perda da qualidade. A inclusão de caco de vidro
no processo normal de produção reduz o gasto com energia.
Para cada 10% de caco de vidro na mistura economiza-se 2,5% da energia
para fusão nos fornos industriais.
Quanto é
reciclado - 27,6% das embalagens de vidro
são recicladas no Brasil, somando 220 mil toneladas por ano. Desse
total 5% são geradas por engarrafadores de bebidas, 10% por sucateiros
e 6% provém da coletas promovidas por vidrarias. Os outros 12% representam
refugos de vidro gerados nas fábricas, reaproveitados para compor
novas embalagens. Nos EUA, o índice de reciclagem em 1993 foi 24,6%,
correspondendo a 3 milhões de toneladas. No Japão, são
recuperadas 55,5% o que representa 1,3 milhão de toneladas. Preço
médio da sucata de vidro em São Paulo = R$ 0,04 por quilo.
Vidros não
recicláveis: espelho, vidros planos, lâmpadas, cerâmica,
porcelana, tubos de TV.
7.4 - Plástico
filme
Conhecendo
o material - Plástico filme é
uma película plástica normalmente usada como sacolas de supermercados,
sacos de lixo, embalagens de leite, lonas agrícolas e proteção
de alimentos na geladeira ou microondas. O material constitui 38% das embalagens
plásticas em geral nos Estados Unidos. Naquele país, 51%
dos pacotes e sacos, usados para embrulhar e embalar produtos, são
compostos por plásticos. Cerca de 44% é papel e 4% é
folha de alumínio. A resina mais usada é o polietileno de
baixa densidade (PEBD), que corresponde a 32% do total de polímeros
consumidos no mercado brasileiro de plástico. No Brasil, são
produzidas 210 mil toneladas anuais de filme plástico.
Quanto é
reciclado - 15% dos plásticos rígidos
e filme é reciclado em média no Brasil, o que equivale a
200 mil toneladas por ano. Não há dados específicos
para o plástico filme. Em média o material corresponde a
29% do total de plásticos separados pelas cidades que fazem coleta
seletiva. Nos EUA são reciclados 3,2% das bolsas e sacos plásticos
(28,8 mil toneladas anuais) e 2% das embalagens (30 mil toneladas). O percentual
de sacos de lixo reciclados é desprezível, porque a contaminação
dificulta a recuperação.
7.5 - Pneus
Conhecendo
o material - O Brasil produz cerca de trinta
e dois milhões de pneus por ano. Quase um terço disso é
exportado para 85 países e o restante roda nos veículos nacionais.
Apesar do alto índice de recauchutagem no país, que prolonga
a vida do pneu em 40%, a maior parte deles já desgastadas pelo uso
acaba parando em lixões, à beira de rios, estradas, e até
no quintal das casas onde acumulam água que atrai insetos transmissores
de doenças. Os pneus e câmaras de ar consomem cerca de 70%
da produção nacional de borracha e sua reciclagem é
capaz de devolver ao processo de produção insumo regenerado
por menos da metade do custo da borracha natural ou sintética. Além
disso, economiza energia e poupa petróleo usado como matéria-prima
virgem e até melhora as propriedades de materiais feitos com borracha.
Quanto é
reciclado - 10% das 300 mil toneladas de sucata
disponíveis no Brasil para obtenção de borracha regenerada
são de fato recicladas, segundo dados da empresa Relastomer. Não
há dados no Brasil sobre a taxa referente às demais formas
de reciclagem de pneus. Sabe-se, porém, que os chamados "carcaceiros"
recuperam mais de 14 milhões de pneus por ano, sob diversas formas.
Os EUA, que geram 275 milhões de pneus velhos têm em estoque
cerca de 3 bilhões de carcaças.
7.6 - PET
(polietileno tereftalato)
Conhecendo
o material - A reciclagem das embalagens PET
(polietileno tereftalato), como as garrafas de refrigerantes de 1; 1,5;
2; e 0.6 litros descartáveis, está em franca ascensão
no Brasil. O material, que é um poliéster termoplástico,
tem como características a leveza, a resistência e a transparência,
ideais para satisfazer a demanda do consumo doméstico de refrigerantes
e de outros produtos, como artigos de limpeza e comestíveis em geral.
A evolução do mercado e os avanços tecnológicos
têm impulsionado novas aplicações para o PET reciclado:
das cordas e fios de costura aos carpetes, bandejas de frutas e até
mesmo novas garrafas. Sua reciclagem, além de desviar lixo plástico
dos aterros, utiliza apenas 30% da energia necessária para a produção
da resina virgem e tem a vantagem de poder ser reciclado várias
vezes sem prejudicar a qualidade do produto final.
Quanto é
reciclado - 21% da resina PET produzida no
Brasil foi reciclada em 1996, totalizando 22 mil toneladas, As garrafas
recicladas provêm de coleta através de catadores, além
de fábricas e da coleta seletiva operada por municípios.
Os programas oficiais de coleta seletiva, que existem em mais de 80 cidades
do país, recuperam por volta de 1000 toneladas por ano. Além
de garrafas descartáveis, existem no mercado nacional 70 milhões
de garrafas de refrigerantes retornáveis, produzidas com este material.
Nos EUA, a taxa de reciclagem em 1996 foi de 27% de todas as embalagens
PET. Preço médio da sucata de garrafas PET em São
Paulo = R$ 0,22 por quilo.
7.7 - Latas
de aço
Conhecendo
o material - As latas de aço produzidas
com chapas metálicas conhecidas como folhas de flandres, têm
como principais características a resistência, inviolabilidade
e opacidade. São compostas por ferro e uma pequena parte de estanho
(0,20%) ou cromo (0,007%) - materiais que protegem contra oxidação
e evitam por mais de 2 anos a decomposição de alimentos.
Quando reciclado, o aço volta ao mercado em forma de automóveis,
ferramentas, vigas para construção civil, arames, vergalhões,
utensílios domésticos e inclusive novas latas. No Brasil
são consumidas cerca de 600 mil toneladas de latas de aço
por ano, o equivalente a quatro quilos por habitante. Nos EUA, o consumo
anual foi de 2,8 milhões de toneladas em 1991, que representa cerca
de 37 bilhões de latas - 15,5 quilos por habitante.
Quanto é
reciclado - 18% das latas de aço consumidas
no Brasil são recicladas, o que equivale a cerca de 108 mil toneladas
por ano. Nos Estados Unidos, 48% das embalagens de folha-de-flandres retornaram
à produção de aço em 1993. No Japão,
a taxa é de 61%. Se o país reciclasse todas as latas de aço
que consome atualmente, seria possível evitar a retirada de 900
mil toneladas de minério de ferro por ano, prolongando a vida útil
de nossas reservas minerais. Além disso deixaria de ocupar 8,6 milhões
de metros cúbicos em aterros todos os anos e proporcionaria economia
de 240 milhões de Kwh de energia elétrica - equivalente ao
consumo de quatro bilhões de lâmpadas de 60Watts. Isso sem
falar nas 45 milhões de árvores - nativas e de reflorestamento
comercial - que deixariam de ser cortadas para a produção
de carvão vegetal usado como redutor do minério de ferro.
Somente na cidade de São Paulo são jogadas diariamente no
lixo 360 toneladas de latas de aço usadas.
Metais não
recicláveis: clips, grampos, esponjas de aço, canos.
7.8 - Plástico
rígido
Conhecendo
o material - Leve, resistente e prático,
o plástico rígido é o material que compõe cerca
de 60% das embalagens plásticas no Brasil, como garrafas de refrigerantes,
recipientes para produtos de limpeza e higiene e potes de alimentos. É
também matéria-prima de fibras têxteis, tubos e conexões,
calçados, eletrodomésticos, além de baldes, utensílios
domésticos e outros produtos. O Brasil consome 1,8 milhões
de toneladas de plástico por ano. Dessas, 350 mil toneladas são
despejadas anualmente nos aterros sanitários, embora a vida útil
do material não acabe no momento em que é descartado no lixo.
Ele pode ser reprocessado, gerando novos artefatos plásticos e energia.
Quanto é
reciclado - 15% dos plásticos rígidos
e filme consumidos no Brasil retornam à produção como
matéria-prima, o que eqüivale a 200 mil toneladas por ano.
Deste total 60% provém de resíduos industriais e 40% do lixo
urbano, segundo estimativa da ABREMPLAST. Nos Estados Unidos a taxa de
reciclagem em 1993 foi de 13%.
Plásticos
não recicláveis: cabos de panela, tomadas, embalagens de
biscoito, mistura de plástico com papéis e metais.
7.9 - Papel
ondulado
Conhecendo
o material - O papel ondulado, também
conhecido como corrugado, é usado basicamente em caixas para transporte
de produtos para fábricas, depósitos, escritórios
e residências. Normalmente chamado de papelão, embora o termo
não seja tecnicamente correto, este material tem uma camada intermediária
de papel entre suas partes exteriores, disposta em ondulações,
na forma de uma sanfona. O Brasil tem reciclado 720 mil toneladas de papel
ondulado por ano representando 48,9% do total de aparas encaminhadas para
reciclagem. A produção nacional é de 1,2 milhões
de toneladas por ano. Preço médio do papelão em São
Paulo = R$ 0,05 por quilo.
Quanto é
reciclado - 60% do volume total de papel ondulado
consumido no Brasil é reciclado. Nos EUA, a taxa é de 55%,
abaixo apenas do alumínio. No mercado americano, as caixas onduladas
têm 21% de sua composição proveniente de papel reciclado.
Muitas caixas têm coloração marrom em suas camadas.
Algumas, contudo, usam uma camada branca conhecida como mottled white,
composta por papel branco de escritório reciclado.
7.10 -
Embalagens cartonadas - longa vida
Conhecendo
o material - A embalagem longa vida é
composta de várias camadas de material - dupléx (75%), polietileno
de baixa densidade (20%) e alumínio (5%). Assim é criada
uma barreira que impede a entrada de luz, ar, água e microorganismos
nos alimentos e bebidas que envolve. A embalagem cartonada ainda dispensa
por muitos meses a refrigeração, processo atualmente apontado
como o maior consumidor mundial de CFC (clorofuorcarbono). Com o peso unitário
baixo, a embalagem longa vida também exige menos quantidade de combustível
para ser transportada, contribuindo para diminuir a emissão de gases
poluentes que contribuem para o efeito estufa.
Quanto é
reciclado - 65% é a taxa de reciclagem
de embalagens longa vida na Alemanha, que reciclou em 1996 124 mil toneladas
de material pós consumo. Para a indústria alemã de
papel e papelão, as fibras têm alto valor. Cada tonelada de
embalagem cartonada reciclada gera, aproximadamente, 650 quilos de papel
kraft, economizando o corte de 20 árvores cultivadas em áreas
de reflorestamento comercial. Os resíduos são transformados
em papel toalha, sacos industriais, solados de sapato, tapetes de carro
etc. No Brasil é previsto o aumento da reciclagem dessas embalagens
nos próximos anos, devido, principalmente, ao aumento do consumo,
à expansão dos programas de coleta seletiva e o desenvolvimento
de novos processos tecnológicos.
8 - TRATAMENTO
- Após as melhorias na coleta do lixo e na sua destinação
final, ficam mais claras as vantagens das ações que visam
reduzir a quantidade e a periculosidade do material a ser aterrado. Estas
ações são chamadas de tratamento. As vantagens são
de ordem ambiental e econômica. No caso de benefícios econômicos,
a redução de custos com a disposição final
é a vantagem que se sobressai. A necessidade de tratamento do lixo
surge devido aos seguintes fatores: escassez de áreas para a destinação
final do lixo; disputa pelo uso das áreas remanescentes com as populações
da periferia; valorização dos componentes do lixo como forma
de promover a conservação de recursos; inertização
de resíduos sépticos. O tratamento do lixo pode ser feito
em três processos: 1-Segregar os diversos componentes existentes
no lixo visando a sua reciclagem e conseqüente redução
no volume aterrado. 2-Enterrar em aterros sanitários. 3-Incinerar
visando a sua redução e inertização, se possível
com recuperação de energia.
9 - CURIOSIDADES
1. A quantidade
de lixo produzida por um ser humano por dia é de aproximadamente
1kg.
2. A cada tonelada
de papel produzida, 12 árvores são abatidas. No todo, esse
material pode ser reaproveitado e transformado em novos produtos ou matéria-prima.
3. Quanto tempo
leva para se decompor na natureza:
-
papel limpo: 2
a 4 semanas
-
lata de alumínio:
200 a 500 anos
-
plástico:
450 anos
-
tecido de algodão:
1 a 5 meses
-
madeira pintada:
12 anos
-
chiclete: 5 anos
CONCLUSÃO:
A Fórmula
dos RE's - A fórmula dos RE's consiste
numa apresentação sugestiva de como se pode atingir o objetivo
de conscientização para a prática de reaproveitamento
de materiais em busca da qualidade de vida e preservação
do meio ambiente.
1 - RE duzir
a geração de lixo - é o primeiro passo e a medida
mais racional, que traduz a essência da luta contra o desperdício.
São inúmeros os exemplos domésticos e industriais
para a minimização dos resíduos. Sempre que for possível,
é melhor reduzir o consumo de materiais, energia e água,
a fim de produzir o mínimo de resíduos e economizar energia.
2 - RE utilizar
os bens de consumo - significa dar vida mais longa aos objetos, aumentando
sua durabilidade e reparabilidade ou dando-lhes nova personalidade ou uso,
muito comum com as embalagens retornáveis, rascunhos, roupas, e
nas oficinas de Arte com Sucatas. Após a utilização
de um produto ou material (sólido, líquido, energia, etc.)
deve-se recorrer a todos os meios para reutiliza-lo.
3 - RE cuperar
os materiais - as usinas de compostagem são unidades recuperadoras
de matéria orgânica. Os catadores recuperam as sucatas, antes
delas virarem lixo.
4 - RE ciclar
- é devolver o material usado ao ciclo da produção,
poupando todo o percurso dos insumos virgens, com enormes vantagens econômicas
e ambientais. A agricultura e a indústria absorvem grandes quantidades
de resíduos, aliviando a "lata de lixo" das cidades. A reciclagem
deve ser aplicada somente para materiais não reutilizáveis.
Embora a reciclagem ajude a conservar recursos naturais, existem custos
econômicos e ambientais associados à coleta de resíduos
e ao processo de reciclagem.
5 - RE pensar
os hábitos de consumo e de descarte, pois para a maior parte das
pessoas tais atos são compulsivos e, muitas vezes, poluentes. É
preciso também desmistificar a ação de jogar fora,
porque, na maioria dos casos, o "fora" não existe. O lixo não
desaparece depois da coleta e acaba sendo destinado a aterros, incineradores
ou usinas, localizados próximos à nossa residência.
A educação ambiental é básica para que os esforços
em prol dos 5 RE's sejam vistos com seriedade pela população.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
www.matrix.com.br/peixe:1999
www.atibaia.com.br/sucata/index.htm:1999
www.rc.com.br/hydrapower/pense.html:1999
Jornal
"Diário Popular". Suplemento
Criança.
São Paulo: 02/08/1999
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