Origens:
Calendário vem de calendarium, que em latim significa livro de anotações.
Os primeiros calendários eram essencialmente lunares, da¡ surgirem as semanas: 7 dias são necessários para a Lua ir de uma fase à outra.
Até o século 6º d.C., os anos eram contados a partir da data de fundação de Roma (753 a.C.). O monge grego Dion¡sio
calculou então a data do nascimento de Cristo, já que não havia um registro histórico preciso. Ele se enganou em quatro anos: no século XIII,
verificou-se que Cristo teria nascido no ano 4 d.C.
Por essa tabela, o ano 1 do Escalígero equivale ao ano -4668 do calendário juliano, -952 do calendário judeu,
-3938 das olimpíadas gregas, -3960 da era romana, -3966 da era de Nabucodonosor, -4713 da era cristã, -5334 da Hégira islâmica, -6504 do calendário
revolucionário francês, -713 do calendário maçon, -2015 do calendário chinês. Só há data positiva (779) no calendário eclesiástico de Antióquia, que
portanto começa quase oito séculos antes do tempo contado por Escalígero.
Assim, desde que o calendário foi criado, há cerca de 6.700 anos, passaram-se 2.450.037 dias em 15/11/1995. Ou
seja, a data 2.450.037,0 corresponde ao meio dia em Greenwich do dia 15/11/1995. Em São Paulo corresponde às 9 horas desse mesmo dia 15.
Calendários juliano e gregoriano - No ano 45 AC, o imperador Júlio
César, com a ajuda de um astrônomo egípcio, Sosígenes, reformou o calendário até então vigente, dispondo que o ano normal seria de 365 dias e o
bissexto, a cada quatro anos, de 366. Júlio César deu o seu próprio nome (julho) ao mês chamado Quintilis, numa homenagem dos romanos feita após o seu
assassinato. César também dividiu os anos em 12 meses, dando à metade deles 31 dias e à outra metade 30 dias - com a exceção de fevereiro, que nos anos
ordinários teria 29 dias. Esse dia extra, chamado Mercedonio, era intercalado no sexto dia antes das calendas de março, daí o nome bis sextus,
situado entre os dias 23 e 24 de fevereiro, portanto. Até então, números pares eram considerados fatídicos pelos romanos, que não aceitavam meses de 30
dias por essa razão.
O povo romano valorizava muito as calendas - tempo que há por vir -, como era chamado o dia 1º de março,
o primeiro dia do ano, até então. E, no sexto dia antes das calendas, ou seja, em 23 de fevereiro, começavam as terminalias ou terminais, que eram
festividades populares, trocas de presentes, espetáculos de gladiadores no circo, libertação de escravos e outras manifestações, todas em homenagem ao
deus Termo ou Terminos. Esse deus era considerado o protetor da propriedade privada e zelava, inclusive, pelos limites de Roma e das suas prov¡ncias, sendo venerada a sua imagem no templo de Minerva. Para os romanos, era inaceitável que o sexto dia
antes das calendas se iniciasse no sétimo, daí o nome bissexto.
O calendário gregoriano colocou o bissexto no dia 29 de fevereiro, porém, na prática, manteve o acréscimo do dia
24: no mês de fevereiro de um ano comum, no dia 23 é comemorado S. Pedro Damião; dia 24, S. Matias; 25, S. Félix; 26, S. V¡tor; 27, S.Torquato; dia 28,
S. Macário. No ano bissexto, no dia 24/2 é comemorado São Pretextato, seguido de São Matias no dia 25 e assim por diante até o dia 29, quando é
comemorado São Macário (que nos outros anos é dia 28). São Pretextato foi assassinado junto ao altar, quando celebrava uma missa de Páscoa em 584, ano
bissexto.
Augusto, sucessor de César, deu seu nome ao mês chamado Sextilis, e, para que agosto não ficasse com menos dias
que julho, aumentou-lhe um dia, retirando-o do mais pobre dos meses, fevereiro, que desde então só tem 28.
O calendário de Júlio César chamou-se Calendário Juliano. Como o ano não tem 365 dias 1/4, mas 365 dias,
5 horas, 48 minutos e 46 segundos, havia um erro anual de 11 minutos e 14 segundos no calendário juliano. Com o acúmulo desses erros todos, em 1582
ocorreu o equinócio da primavera no dia que o calendário assinalava 11 de março, em vez de 21 - como já havia ocorrido no ano 325, em que se
realizou o Conc¡lio de Nicéia -. Em outubro de 1582, para corrigir essa irregularidade, o papa Gregório XIII anulou dez dias do calendário e decretou
que o dia seguinte ao 4 desse mês fosse o 15. Dispôs ele ainda que dos anos seculares só seriam bissextos os divisíveis por 400: assim, 1600 e 2000
foram bissextos mas não os anos de 1700, 1800 ou 1900.
Este é o Calendário Gregoriano, pelo qual se regula hoje a maioria das nações (a Rússia adotou-o em 1919
- Veja a lista das nações e datas na Wikipedia). Tal calendário
representa a Era Cristã, ou seja, conta os anos a partir do nascimento de Cristo. Já o Juliano contava desde a reforma de César (45 AC).
Ano de adoção do calendário gregoriano em
diferentes regiões do mundo (quadro sintético)
Imagem:
Wikipedia (consulta em 28/7/2011)
O acúmulo de diferenças ainda existe, porém menor. No calendário gregoriano, corresponde a um dia a cada 3.300 anos.
Isso significa que no ano 4882 será necessário adotar alguma correção no calendário. Não foi definido ainda de que forma isso será feito.
Jornal The London Gazette, de Londres, reflete na edição 815a mudança do calendário juliano para o gregoriano, com edição cobrindo os dias 3 a 10 de setembro de 1666
Imagem: site The Gazzete (acesso: 19/4/2019)
Para mais informações sobre calendários (em inglês), pode ser consultada a página Old Style and New Style Dates - veja em PDF >>aqui<< -, (localizando-se a área referente ao calendário gregoriano), elaborada por
Mike Spathaky. Há ainda uma página específica sobre as mudanças no Reino Unido (veja em PDF >>aqui<<) - consultas em 19/4/2019.
Também há informações na Enciclopédia dos Calendários (Calendopaedia - The
Encyclopaedia of Calendars), por Michael Astbury. Veja uma compilação desse material (consulta em 19/4/2019) em arquivo PDF >>em inglês<< ou >>em português (tradução automática)<<.
Para os calendários orientais, foi consultada a História Universal dos Algarismos, de Georges
Ifrah (tomo 2, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2000). |