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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/03/01 22:49:16
Diário de Bordo (Recife-Manaus no navio Bianca) [18]
Do Capibaribe ao Amazonas

Encontro das águas

Carlos Pimentel Mendes (*)

Após esta cidade (N.E.:Itacoatiara, vide capítulo anterior), o próximo registro importante no diário de bordo é a chegada a Manaus, às 7 horas do dia seguinte. De madrugada, é pouco visível o encontro das águas dos rios Negro (que justificam o nome do rio) e Solimões (amareladas), formando o Amazonas.

Vista aérea do encontro das águas dos rios Negro e Solimões, em 26/1/1983
As águas do rio Negro têm essa cor devido à decomposição de matéria vegetal, ácidosVista aérea do encontro das águas dos rios Negro e Solimões, em 26/1/1983 húmicos, de fórmula química ainda desconhecida. Uma das propriedades dessa matéria em suspensão, nas águas, é conter substâncias químicas que, segundo alguns observadores, inibem a reprodução de insetos, principalmente o carapanã, nome pelo qual é conhecida na região a muriçoca ou o mosquito. Tal fenômeno livra os habitantes das margens desse rio dos incômodos insetos, o que já não ocorre nos rios de água clara, como o Amazonas.

As águas dos rios Negro e Solimões não se misturam, correndo paralelamente por alguns quilômetrros, formando o chamado "Encontro das Águas". Acredita-se que isso ocorra pela diferença da densidade das águas e também pela diferença das correntes, pois nesse ponto as águas do rio Negro ficam aparentemente represadas pelo paredão líquido de águas amareladas, até se diluírem e desaparecerem em meio ao volume maior das águas barrentas...

(*) O editor de Novo Milênio fez esta viagem quando atuava como jornalista responsável pelo caderno semanal Marinha Mercante, publicado com o jornal O Estado de São Paulo. Esta matéria foi escrita a bordo do navio e publicada em 4 de setembro de 1990.