Tornou-se verdadeira novela a lavagem do Netuno, aquela estátua de bronze, esculpida em 1956 pelo prof. Alberto Bernine, para a inauguração da Cidade Ocian. Pois bem, o presidente da Sociedade Amigos de Cidade Ocian, o dr. Sebastião Tavares de Oliveira, havia programado a limpeza do Netuno; ocorre que "forças ocultas" intervieram e a lavagem foi ficando...

Instado a falar sobre a lavagem do Netuno, o sr. prefeito disse que é coisa para técnicos e até um jato de areia da Sudelpa vai ser utilizado para tão delicada operação.

Já o presidente Sebastião informou que, tão logo termine a temporada, vai convocar prestantes cidadãos do bairro e a estátua vai finalmente ser lavada.

O fato é que, conhecendo parte das nuanças da novela, o nosso fiel colaborador, jornalista e poeta premiado José Florindo, convocou suas musas vadias e fez a sátira:

Tem estátua na Ocian,
    Um Rei que não é dos Unos,
        É sim, o senhor do mar,
            O grande astro Netuno.

É um busto gigante
    Material de primeira.
        Mas está repudiante,
            Tomado pela sujeira.

Desde que foi esculpido
    O clone do Rei malvado,
        Apesar de ser despido,
            Ainda não foi lavado.

Não é soldado nem tenente,
    Não tem mosquetão nem sabre,
        Tem coroa e tridente,
            Tomados de azinhavre.

A Sociedade local
    Que é de melhoramentos,
        Programou banho total,
            Para limpar o monumento.

Um trabalho importante
    Que não foi realizado,
        E Netuno continua,
            Sem brilho, azinhavrado

A política entrou no páreo,
    Atrapalhou o serviço,
        Sociedade do Bairro,
            Esqueceu o compromisso.

Diz a lenda que Netuno,
    Não gosta da humanidade.
        Certamente vai atacar,
            Os membros da Sociedade.

A efígie é genial
    O trabalho tem de ser feito
         Mas quem lava, afinal?
            O Sebastião ou o prefeito?

N.R.: Azinhavre - camada de hidrocarbonato de cobre, de cor verde, que se forma nos objetos de cobre expostos ao ar e à umidade.