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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa

NOSSO IDIOMA
Menos idiomas no mundo

Este artigo foi publicado no paulistano Jornal da Tarde/OESP em 13 de julho de 1997, como tradução de matéria da publicação Time:

Ilustração publicada com a matéria no Jornal da Tarde/OESP em 13/7/1997

Menos línguas faladas no mundo

No próximo século (N.E.: XXI), 95% dos idiomas podem desaparecer

Por causa do impiedoso avanço da modernidade, o mundo corre o risco de perder 95% de seus idiomas no próximo século (N.E.: século XXI). Um crescente movimento de salvação das línguas tenta basear-se na identidade étnica e fazer reverter essa tendência de desaparecimento.

Por exemplo, sentado numa roda de dez outros membros dos índios americanos, Tlingit (por incrível que pareça, a pronúncia é Klink-it), o índio Jon Rowan, professor primário de 33 anos, murmura frustrado: "Somos bebês. Tudo que falamos são balbucios de bebês". A roda está formada num centro comunitário em Klawok, vila de 800 Tlingits na costa Leste da Ilha do Príncipe de Gales, no Golfo do Alasca.

Rowan e seus companheiros se reúnem para estudar sua língua original com o último ancião Tlingit fluente nesse idioma. Há 40 anos, toda a tribo falava Tlingit, mas agora só restam alguns sexagenários no Sul do Alasca e em regiões do Canadá que ainda o usam.

O drama do idioma Tlingit é apenas uma pequena página na moderna versão da história da Torre de Babel, em que o enredo está invertido. Segundo a Bíblia, a humanidade falava uma língua só até que os seres humanos tentaram construir a Torre de Babel para alcançar o céu. Então Deus os puniu por essa soberba, fazendo cada um dos empenhados na construção passar a falar uma língua diferente dos outros, com o que ninguém se entendeu e a torre não pôde atingir a altura prevista.

Hoje está acontecendo exatamente o contrário. O turismo de massa faz com que povos antes inacessíveis uns aos outros agora fiquem em estreito contato. As telecomunicações e a Internet permitem que, do Peru à Pennsilvânia, todos possam se comunicar. Seja em Bangcoc ou em Bruxelas, em qualquer cidade grande as pessoas vão às mesmas lojas para comprar os mesmos produtos das multinacionais. Todos conhecem a linguagem universal da cultura popular e da publicidade.

Com tudo isso, o número de línguas faladas está diminuindo aceleradamente. Metade das 6.500 línguas hoje faladas em todo o planeta já está à beira da extinção. Calculam os lingüistas que a cada duas semanas morre mais um idioma.

Sendo a única superpotência, os Estados Unidos estão no auge de sua hegemonia econômica e cultural. O inglês assim funciona como língua universal, fazendo sucumbir línguas como o Tlingit. Na Europa, correm o risco de desaparecer as línguas celtas da Grã-Bretanha, da Irlanda e da Bretanha (na França), além de várias línguas dos lapões na Escandinávia, de vários idiomas ciganos e de um sem-número de línguas na antiga União Soviética.

Na África, todo o grupo de línguas Khoisan, entre eles o hotentote e o bosquímano, está praticamente extinto. Na Ásia, estão desaparecendo na China os idiomas característicos das províncias de Xinjiaga e Yunnan, assim como línguas tribais do Nepal e da Malaísia. No Pacífico, na Papua-Nova Guiné, onde havia centenas de línguas, agora se falam basicamente duas, enquanto na Austrália restam poucas das 250 línguas originais dos Aborígines.

Nas Américas, no Ártico, muitos idiomas dos esquimós e dos índios estão desaparecendo; nos Estados Unidos e Canadá, as línguas indígenas são as mais ameaçadas em todo o mundo. Nas Américas Central e do Sul, grande número de idiomas está moribundo.

A língua mais falada no mundo é o chinês mandarim (existem outras formas de chinês), com 726 milhões de falantes. Em seguida, vem o inglês, com 427 milhões. Falam castelhano 266 milhões e hindi (a principal língua da Índia), 182 milhões. Logo depois vem o árabe, com 181 milhões. O português é falado por 165 milhões de pessoas. A segunda língua da Índia, o bengali, é falada por 162 milhões; em seguida vem o russo, com 158 milhões. Falam japonês 124 milhões e alemão, 121 milhões.

Uma língua é considerada em risco se as crianças não a falam mais. Moribunda, quando restam apenas alguns falantes idosos. Extinta, quando morre a última pessoa que ainda a usava. No Brasil, foram extintas, ao que se estima, 75% das línguas faladas por ocasião da Descoberta; das 180 línguas indígenas que restam no País, apenas uma é falada por mais de 10 mil pessoas. Ainda no Brasil, até os anos 50 os missionários católicos tentavam proibir que os índios continuassem falando sua língua original. [Time]