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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 04/19/02 14:15:09
FEBEANET
Um Partido Totalmente partido

Alguém me ajude a entender, devo ter perdido algumas aulas de Lógica na escola e agora vejo a falta que me fazem. O Partido dos Trabalhadores (PT) sempre defendeu mais verbas para o Ensino, não é? Afinal, seu objetivo é que os trabalhadores tenham maior acesso às escolas e, dentro delas, a um ensino de melhor nível, correto?

Então, alguém me explique o motivo de um vereador paulistano ser expulso do PT por ter reivindicado a manutenção das verbas municipais para a Educação. Explique ainda como quem pede a expulsão é a própria prefeita municipal, que também falava em mais verbas para a educação, e agora, no poder, corta essas verbas? Essa prefeita é do PT, e o partido ainda concorda com ela? Como diria aquele personagem de antigo programa de televisão, Planeta dos Macacos: "Não precisa explicar, eu só queria entender..."

O vereador, ao ser expulso do PT (Imagem: captura de tela, Rede Record de TV, 17/4/2002, 08h29)
Segundo relatam vários artigos de jornais e revistas disponíveis na Internet, além de outras manifestações, o vereador paulistano Carlos Giannazi apenas foi coerente com as políticas do partido, razão pela qual não poderia aceitar que a prefeita Marta Suplicy reduzisse a verba para a Educação, de 30% para 25% do orçamento municipal. Por isso, foi expulso do partido em 17/4/2002, após o julgamento pela Comissão de Ética do PT (que não precisou mais do que os exatos 60 dias do prazo básico para chegar a tão brilhante conclusão).

Ressalte-se que a redução da verba para Educação ocorre num momento em que faltam vagas nas escolas municipais para ao menos 26 mil crianças (segundo a própria prefeitura) ou talvez até 300 mil (segundo o professor e vereador ex-petista), como citado em notícias coletadas pelo site Aprendiz. Na verdade, o próprio governo não sabe o número de crianças sem vagas nas escolas paulistanas, como admite o líder do governo Marta Suplicy na Câmara Municipal, José Mentor.

Bem, depois desta, esperamos que o partido partido (substantivo+adjetivo) saiba ao menos ler o que foi dito acima e entender o motivo de sua inclusão neste Festival de Besteiras que Assola a Internet (Febeanet)! Leia também, abaixo, o que desse grupo político tem sido dito na Internet...

Clique para ir à matéria original no site Adusp
O XXVIII Congresso Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE- CUT), que reuniu 1.617 delegados em sua plenária final, aprovou moção de solidariedade ao vereador Carlos Giannazi, que vem sofrendo sanções do PT por ter votado contra a redução do percentual dos gastos com educação no município de São Paulo. Eis a íntegra da moção: 
“O XXVIII Congresso Nacional dos Trabalhadores em Educação — CNTE CUT, realizado entre 16 e 19 de janeiro de 2002, em Blumenau (SC), vem manifestar sua solidariedade e repúdio a qualquer tipo de punição ao professor e vereador Carlos Giannazi (PT-SP) que está provisoriamente suspenso da bancada do PT, não podendo exercer suas atividades legislativas em nome do seu partido.

Além disso, a direção municipal do PT formou uma comissão de ética que irá discutir sobre outras punições ao vereador, e até mesmo a expulsão.

O vereador Carlos Giannazi (PT) presidiu uma CPI da Educação contra a não aplicação dos 30% nas gestões de Maluf e Pitta, e coerente com a defesa histórica dos 30% da educação, tanto pelo PT como pelo conjunto do movimento dos educadores, votou contra o projeto da prefeita Marta Suplicy, que reduziu de 30% para 25% as verbas destinadas à manutenção e desenvolvimento do ensino.

Entendemos que a posição do vereador expressa a defesa de uma bandeira histórica, não só do PT, mas de todos os educadores do Brasil.”

Jornal da Tarde - S.Paulo, 5 de fevereiro de 2002
Giannazi, o rebelde, no banco dos réus do PT
LEANDRO CIPOLONI
Sentados na forma de um semicírculo, os quatro 'inquisidores'. De lado, um auxiliar gravando o depoimento e uma funcionária à frente do computador. No centro, o rebelde. Durante 1h30, fechado numa pequena sala do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores, o vereador Carlos Giannazi prestou ontem depoimento à comissão de ética e disciplina do partido, que o julga por ter votado contra determinação municipal.
O processo contra o vereador teve início em 17 de janeiro. Pelo estatuto petista, a comissão tem 60 dias, prorrogáveis por outros 30, para elaborar um parecer - que será julgado pelos membros do diretório.
O grupo de ética tem cinco membros: Juscelino Neto, Maria Cleonice, Rosa de Lima, Altair Bezerra e João Whitaker. Este último, filho do ex-vereador Chico Whitaker, faltou. Os membros da comissão são escolhidos na eleição para o diretório.
A caçada a Giannazi já dura 40 dias - desde sua suspensão das atividades parlamentares, em 27 de dezembro, quando descumpriu a determinação do partido. O vereador, professor sindicalista, votou contra o projeto de lei e a proposta de alteração da Lei Orgânica do Município, ambos de autoria da prefeita Marta Suplicy, que previam a redução da obrigatoriedade dos gastos para manutenção e desenvolvimento do ensino.
A antiga regra, que destinava 30% da arrecadação municipal para a educação, foi uma luta da antiga administração petista em São Paulo, sob o comando de Luiza Erundina. Agora, serão destinados 31%. "É maquiagem", avisa Giannazi. 
Diversos gastos, que antes não pertenciam às contas do setor, agora serão incorporados - como transporte, merenda e gastos com servidores inativos. Os novos itens nas contas podem representar quase metade dos gastos.
Diante da polêmica interna, à época da apresentação da proposta, a direção municipal do partido fechou questão em favor do projeto da prefeita. 
Giannazi se negou a apoiar o projeto, votou contra e foi suspenso. 
"Estou sendo coerente com a história do partido, que vale mais do que o estatuto", disse Giannazi, depois do depoimento - no qual foi questionado sobre as regras internas e sobre sua postura, levando o debate à imprensa. 
"Estão me julgando por infidelidade partidária. Mas quem tinha de estar sentada lá era a prefeita, por sua infidelidade programática."
Além do vereador, depuseram ontem o deputado federal Ivan Valente e a secretária de Educação de Diadema, Lisete Aleraro. Ambos são testemunhas de defesa de Giannazi. "Em vez de ser punido, o vereador deveria ser premiado pela coerência", disse Valente.
O presidente do diretório municipal, vereador Ítalo Cardoso, disse ontem que não quer se manifestar sobre o assunto até o término da comissão.