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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/02/02 11:27:02
FEBEANET
Afegãos cultivam flores...

Chega de jogar aviões contra prédios, ou talvez enviar cartas com vírus antraz... e ficar recebendo na cabeça pacotes que tanto podem ser bombas achocolatadas ("ajuda da Humanidade") como explosivas ("ajuda à Humanidade")... 

Com a devida bênção dos Estados Unidos e seus aliados, que desterraram seus antigos aliados talibãs, os novos aliados - coincidentemente denominados Aliança do Norte: é tanta aliança que até este trecho ficou confuso - assumem o poder no Afeganistão e uma das primeiras medidas é permitir, ainda que por omissão, que o pacífico país volte a cultivar flores e a oferecê-las ao mundo...

Nos dois últimos anos do governo pelo regime teocrático Talibã, o cultivo de papoula - base para uma próspera indústria de entorpecentes - fora proibido no Afeganistão. Com a entrega do poder à Aliança do Norte, os agricultores voltaram ao rendoso plantio. Que aliás nunca foi abolido nas terras protegidas pela Aliança do Norte.

Captura de tela do noticiário da TV Band News em 30/12/2001
Então, ficamos assim: na Colômbia, os Estados Unidos combatem guerrilheiros que protegem os cultivos de plantas alucinógenas, jogam até produtos químicos que poluem e destróem florestas inteiras (logo os EUA, que tanto "defendem a biodiversidade, a proteção aos mananciais", quem diria...). Os cultivadores colombianos alegam que não têm outro meio de subsistência, é com o cultivo da matéria-prima de drogas pesadas destinadas a destruir fisica e emocionalmente jovens do mundo inteiro que tais agricultores defendem o sustento de seus filhos.

Então, os EUA propõem pagar um preço melhor pelo café colombiano que pelo brasileiro, para que os agricultores colombianos tenham a oportunidade de um cultivo mais rentável e possam abandonar as nefastas colheitas. Se a moda pega... - aliás, a desculpa afegã é a mesma, os agricultores afegãos não têm outra opção de renda, a não ser exportar papoulas...

No Afeganistão, um governo contrário à plantação de papoulas é derrubado, sob o pretexto de guerra a um ex-colaborador dos EUA, o milionário Osama Bin Laden, que se voltou contra seus protetores e se tornou incômodo com sua mania de jogar aviões sobre prédios estadunidenses. Lógico, havia um outro motivo para a guerra: o Talibã estava atrapalhando os planos das grandes companhias petrolíferas para a construção de um oleoduto através daquele país. Agora, o caminho para a passagem do oleoduto já está garantido, e ele vai ficar bonitinho no cartão postal, enfeitado com papoulas...

Captura de tela do noticiário da TV Band News em 30/12/2001
E a guerra santa anti-terror continua, "coincidentemente" removendo em todos os continentes qualquer obstáculo aos planos do mesmo grupo empresarial que motivou o presidente George-que-esconde-o-sobrenome-Washington-Bush a rasgar o acordo de Quioto sobre a não-emissão de clorofluorcarbonetos, bem como os acordos de não-proliferação de armas... 

O mundo gira... e gira... Lá no andar de cima, os saudosos gozadores Stenislaw Ponte-Preta (Sérgio Porto, criador do Festival de Besteiras que Assola o País - Febeapá), Chacrinha (Abelardo Barbosa, grande comunicador da televisão brasileira) e o manhoso Apparício Torelli (Barão de Itararé, herói da batalha que não houve) devem estar se divertindo. Invoco mais uma vez a experiência deste famoso trio, no momento em que procedo assim à inscrição no Febeanet-2002 deste primeiro candidato...