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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/02/01 00:15:58
FEBEANET
Petrobrax 

Nos dias finais de dezembro de 2000, quando já ninguém acreditaria que o governo brasileiro, por mais que tentasse, conseguiria produzir mais alguma bobagem, uma empresa pública conseguiu fechar o ano, o século e o milênio com uma estultície impressa em letras garrafais nas principais páginas pagas dos grandes jornais brasileiros. Só não foi gozação nacional por terem os brasileiros sentido que no final, de alguma forma, quem vai pagar a conta somos todos nós, com um daqueles aumentos nos preços dos combustíveis, que ocorrem sempre que o preço do barril sobe lá fora, mas não têm a contrapartida da redução quando compramos o petróleo a preço menor no mercado mundial...

Imagine, caro leitor que uma empresa de consultoria chamada Und (nome que em inglês corresponde a um radical associado a coisas como apagar, desfazer) foi contratada pela empresa brasileira de petróleo para desfazer a ligação entre o nome dessa empresa e o do Brasil. Cândida explicação do francês e notório genro Reichstul, então no cargo de presidente da empresa: o termo "brás", constante no nome da empresa Petrobrás, é associado a Brasil, os consumidores por isso vêem essa empresa como um daqueles mastodontes estatais. Daí, a iluminada idéia de mudar o nome da empresa para Petrobrax, com X no final.

Bem, eu me considero insultado como BRASileiro, você não? Se você, Fulano, Sicrano ou Beltrano, recebesse um visitante de longínquas paragens em sua casa, e ele dissesse que você deveria mudar seu nome para uma forma sofisticada, explicando que "ano", no final do seu nome, é inaceitável, você ouviria isso tranqüilamente? E mesmo que você não o chutasse porta afora imediatamente, aceitaria que o forasteiro lhe cobrasse uma pequena fortuna para sugerir que seu nome deveria receber uma apresentação mais sofisticada, como a dos imperadores romanos, trocando a letra "o" e introduzindo na rabeira um "us", você ainda ficaria quieto? Hein, Fulanus, Sicranus ou Beltranus?

XXX - Bem, o Reichstul - se ele pode fazer isso com a gente, também me concede o direito de lhe dar o troco, chamando-o de algo entre Reich (xô, Hitler) e eSTULto - contratou uma empresa - sem licitação, afinal desde quando ditador deve explicações a alguém? - para mudar o nome de Petrobrás para Petrobrax. Para ser mais preciso, a empresa tinha tempos atrás brigado com o idioma nacional, mudando a sílaba tônica, de oxítona para paroxítona, deixando os lingüistas em paroxismos de dor. A tradicional Petrobrás já não se dignava a ser chamada assim, exigia em termos práticos ser conhecida como PetrObras. Talvez tivesse razão: com suas competentes gestões, estava sempre em obras, petróleo que é bom, até hoje continuamos sem a desejada autonomia.

Por quê o X? Ora, os Undmarketeiros devem ter chegado à brilhante conclusão ao verem como a letra é popular no Brasil. Grande parte da população usa apenas essa letra para assinar seu nome. Já os assalariados, que lutam para esticar o salário até o final do mês, têm como sonho de consumo um X-tudo, experiência tipicamente brasileira que consiste em adicionar uma fatia de cheese a duas fatias de pão e mais algumas substâncias de origem incerta. Em Minas Gerais, aliás, pode-se até encomendar um autêntico X-queijo sem queijo, mas aí é outra história.

Diz o Raixistulto que a letra X é associada a alta tecnologia. Bem, talvez na cabeça dele, pois o cidadão médio associa o X a algo desconhecido, aos alienígenas de Projeto X. Taí uma pista, será que alienígenas raptaram os diretores da Petrobraxis e colocaram clones em seus lugares? Bem, talvez a desculpa cole quando os acionistas pedirem a cabeça desses desastrados dirigentes...

Teorias - Existem também algumas teorias conspiratórias a respeito, que talvez expliquem o que está acontecendo. Circularam boatos insistentes de que a apresentadora Xuxa, rainha dos baixinhos, encantada com a capacidade da empresa de perfurar poços de petróleo bem baixinho, lá no fundo do oceano profundo, tenha resolvido comprar a empresa e colocar na Petrobrás sua conhecida marca.

Outra teoria afirma que a colocação do X, desvinculando a empresa do Brasil, seria apenas a primeira etapa de um processo maior. Na segunda etapa de remodelação da empresa, teríamos também um segundo X (passando o nome da empresa a ser lido como Petrobraxixi). Para completar o processo, o nome sofreria uma transformação mais ampla, adequando-se às novas atividades da empresa: PornobraXXX. Como você sabe, caro leitor, XXX é a referência comum àquelas fitas de vídeo de sexo profundo, a pornografia do mais baixo nível. E você sabe, ela vem se tornando a que produz mais baixo no mundo, não é? Ela explora o seio da Geo, então a cada vez enterra seu equipamento mais fundo, e depois que abre o buraco e nele penetra, começa a bombear o precioso líquido, que jorra aos borbotões...

E há uma terceira teoria, até mais plausível. A notória Und, usando pesquisas "made in Rio" ou importadas diretamente do Nordeste brasileiro (Oxente!), comprovando como o nome proposto é bem aceito pela população brasileira, partiria para uma segunda etapa, agora usando junto ao Governo Brasileiro a notória especialização reconhecida pela Petrobrax. Como o nome do país tem esse "bras" indicativo de algo atrasado, lembrando ao mundo um mastodonte burocrata, o país só teria a lucrar se - em nome dos altos interesses comerciais que são tudo o que importa - alterasse o nome para algo mais fácil de os estrangeiros lerem. Passaríamos a morar num país de primeiro mundo, o Braxil. 

Nosso xociólogo de plantão permanente na prexidência, o F. H. Cardoxo, apoiaria imediatamente a idéia fantáxtica da Und, entregando maix algunx milhõex de Reaix para o dexenvolvimento do projeto. 

Ousadias - Montada em tão podero$o$ argumento$, a Und, notória entre as notórias, poderia partir para um plano ainda mais ousado: modernizar os United Xtatex (UXA). Afinal, não ficaria bem para a moral dos estadunidenses que seu país continue a usar o ultrapassado S, em vez de se associar à alta tecnologia, como seus vizinhos imediatos do Sul (o México, com X no nome do país e também na Pelmex, a empresa nacional de petróleo).

Nota: embora ocorrida no milênio passado, esta nota abre o Febeanet neste ano como forte concorrente, em razão das declarações da Petrobrás de que o projeto X foi "adiado", face à repercussão negativa (ué, as pesquisas da notória Und não indicavam uma ampla aceitação popular? Aliás, cadê as tais pesquisas? Cadê o projeto completo da mudança?). A empresa não anunciou o cancelamento, e nem mesmo, até o fechamento deste texto, o haraquiri dos diretores que envergonharam o Brasil, nem sequer o mínimo aceitável, a demissão dos dirigentes que perpetraram tal absurdo. Portanto, vai continuar neste festival.

Eis, portanto, o primeiro concorrente ao troféu Febeanet!