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HISTÓRIAS E LENDAS DE GUARUJÁ
São Felipe ou São Luiz, a Fortaleza de Pedra

Defronte ao Forte de São João da Barra (no município de Bertioga), do outro lado do canal de navegação, estão as ruínas do antigo Forte de São Felipe, também chamado de Forte de São Luiz, ou Fortaleza de Pedra - e ainda conhecido como Fortaleza de Hans Staden ou Forte da Paciência - que surgiu quase que junto com a colonização portuguesa nessa área. Sobre essa edificação, contam Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti, na obra conjunta História de Santos/Poliantéia Santista (Editora Caudex Ltda., São Vicente/SP, 1986):


Ruínas do Forte de São Felipe, em 1971
Foto: A Escolinha, suplemento infantil do Diário Oficial de Santos, 11/12/1971

O Forte de São Felipe denominado "São Luiz" em 1765

Pouco existe, hoje, da grande fortaleza de pedra, construída pelo capitão-mor Braz Cubas, no ano de 1552 - apenas resistiram ao tempo as muralhas de granito, uma guarita, marcando o ângulo Sul, e um poço interno, hoje limpos do mato que os tomava totalmente, conservados e expostos à visitação pública.

O primeiro artilheiro do Forte de São Felipe foi, segundo ele mesmo nos conta, o famoso Hans Staden, e sua história inicial nos é revelada em seu não menos famoso livro, cuja veracidade até hoje não mereceu contestação (Hans Staden - Viagem ao Brasil - versão do texto de Marpurgo, de 1557, por Alberto Lofrgren. Esta fortaleza foi a sede, nos séculos XVII, XVIII e XIX, do Real Contrato da Armação das Baleias; onde se recolhiam todos os apetrechos daquela pesca organizada):

"Por causa disso, deliberaram os moradores edificar outra casa ao pé da água, e bem defronte da Brikióka, e aí colocar canhões e gente para impedir os selvagens. Assim tinham começado um forte na ilha; mas não tinham acabado, à falta de artilheiro português que se arriscasse a morar ali. Fui ver o lugar...

"Contatei com eles para servir 4 meses na casa, depois do que um oficial devia vir por parte do Rei, trazendo navios, e edificar ali um forte de pedra, para maior segurança; o que foi feito...

"Depois de alguns meses, chegou um oficial por parte do Rei...

"Para então melhorar essas condições, veio o governador Tomé de Souza para ver o país e o lugar que queriam fortificar.

"Fizeram a casa de pedra, puseram dentro alguns canhões e ordenaram-me que zelasse bem da casa das armas".

Tudo isso se operara de 1552 a 1553, exatamente durante o segundo governo de Braz Cubas, quando a chegada de Tomé de Souza completou a eficiência da fortaleza, construindo o que faltava e colocando nela a necessária artilharia.

Em 1557 foi Pascoal Fernandes feito Condestável do sítio e barra de Bertioga, com residência fixa nesta fortaleza, onde permaneceu pelo menos até o ano de 1562, como se vê pela escritura desse ano, passada em seu favor por Antonio Rodrigues de Almeida.

Na ocasião em que Pascoal Fernandes assumiu o comando do Forte, toda a região de Bertioga e ilha de Santo Amaro estava abandonada, porque o pavor e a crueldade das invasões tamoias afastaram os antigos fazendeiros e sitiantes, impedindo que outros ocupassem os seus lugares.

Somente de 1560 em diante, e notadamente de 1564, após a realização do armistício de Iperoig, a célebre passagem da história paulista, selada em Ubatuba e São Vicente entre portugueses e tupinambás, graças à abnegação de Manuel da Nóbrega, José de Anchieta e José Adorno, é que as terras da ilha e do continente de novo se povoaram, para o que concorreu, evidentemente, a confiança despertada nos colonizadores pela presença de Pascoal Fernandes com toda a família, desde 1557, na Fortaleza de São Felipe.


Vista do canal de Bertioga, tomada do Forte de São Felipe, em 1971
Foto: A Escolinha, suplemento infantil do Diário Oficial de Santos, 11/12/1971

A 3 de julho de 1765 ordenou o Governo D. Luiz Antonio de Sousa Botelho Mourão a reconstrução ou reparos do velho forte em mau estado, ficando prontas, porém, somente as muralhas, onde foram colocadas as baterias.

A 11 de março de 1798 concedia o governador Antonio Manoel de Melo Castro e Mendonça o posto de tenente-coronal de milícias, agregado ao regimento de Santos, a Antônio Francisco da Costa, com a condição de montar no mesmo Forte seis peças de calibre 12.

Foi a última providência importante tomada em relação à antiga Fortaleza, que, durante o século passado (N.E.: século XIX), caiu em completo abandono, principalmente depois que se extinguiu a pesca organizada das baleias, pelo Real Contrato, quando ela era a sede das Armações (de Bertioga e praia do Góis), onde se recolhia todo o material daquele Contrato quando passava o tempo das grandes pescarias. Restam dela hoje, como dissemos, as fortes muralhas de granito, uma guarita (parcialmente destruída) e o antigo poço interno, ao centro do antigo pátio.

Foi na segunda fase da Fortaleza, e em conseqüência da reforma ordenada por D. Luiz Antônio de Souza, que ela tomou a invocação de São Luís, numa dupla homenagem, ao santo e ao governador.

Em 1830, como se vê do Relatório do marechal Daniel Pedro Müler - Ensaio dum Quadro Estatístico da Província de São Paulo, pp. 219/220, este Forte possuía uma guarnição para tempo de paz, de 3 soldados de infantaria, e para tempo de guerra, de 1 oficial, 2 inferiores, 14 artilheiros, 42 artilheiros serventes e 30 soldados de infantaria.

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