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HISTÓRIAS E LENDAS DE GUARUJÁ
Sítio e fantasma na praia do Pernambuco

Antes de se tornar uma das referências mais famosas de Guarujá, a praia do Pernambuco abrigou um sítio de um pescador, e até um cemitério particular, removido depois que um fantasma teria aparecido para reclamar que seu corpo fosse levado para um campo santo cristão.

Essas histórias do século XIX e início do século XX, no lugar que é hoje o Jardim Acapulco (do final da praia da Enseada até a praia do Perequê), estão no livro A Vida e Lutas de Três Gerações (1823-1915), de Albertina Fernandes Lopes, editado em 1977. O trecho é o transcrito em uma página Web especial do provedor Miranet:

Praia do Pernambuco, final do século XX, já sem o sítio e livre do(a) fantasma... (Foto: Prefeitura Municipal de Guarujá)

Praia do Pernambuco, final do século XX, já sem o sítio e livre do(a) fantasma... 
Foto: Prefeitura Municipal de Guarujá

(...) Suas filhas sempre contavam que o primeiro latifúndio que eles encontravam e se achava à venda fora o Guarujá, na ilha de Santo Amaro, mas, lá chegando, verificaram que o mar era muito bravio, não servindo para rede de arrastão. Era uma praia extremamente perigosa e, por isso, resolveram seguir viagem pela ilha  em direção ao Norte.

Na enseada de Santo Amaro, onde tinham parentes - pois José Teixeira ali passara toda sua infância e mocidade com seus pais, que eram proprietários de um pequeno sítio, segundo o recenseamento de 1822 -, foram informados que estava à venda o sítio da Praia de Pernambuco, uma gleba de terra que se dividia da Enseada pela Cachoeira de Pai Caetano e ia até encontrar o sítio do Perequê, na praia do mesmo nome, com frente para o mar e fundos formados pela serra que lhe fica atrás.

O mar era um verdadeiro lago sereno, e a praia - privativa dos donos do sitio, desde que pagassem aforamento, como ainda é até hoje -, ótima para pescaria, tanto de arrastão quanto nas pedras, para pescar garoupas. O local presta-se à saída de barcos para o alto mar, tanto que o transporte de pescado era então feito dali, em canoas, até o mercado em Santos, onde embicavam na praia que ficava em frente à Rua Frei Gaspar. As terras, por sua vez, eram férteis e virgens, ótimas para extrair madeiras necessárias às futuras construções e posterior aproveitamento na plantação das roças. Fecharam o negócio e a escritura foi lavrada em Santos em nome de José Teixeira da Silveira. (...)

O sitio Pernambuco fazia sua primeira divisa, ao Sul, numa nascente de água muito límpida, cercada por pés de caetés, cujas folhas largas serviam de copo ao viajante que ali se dessedentava. A nascente, conhecida pelo nome de Cachoeira de Pai Caetano, ficava mais ou menos na metade da distância do caminho que separava a praia da Enseada de Santo Amaro à de Pernambuco. Esse caminho era formado por uma picada belíssima, cercada de densa floresta. (...)

Esse formoso e indescritível caminho , com o progresso, foi substituído pela atual estrada. Sua última divisa ao Sul ia até o encontro das terras que formavam o sitio do Perequê, com frente para a praia do mesmo nome. À frente das terras do sitio ficava a linda praia de Pernambuco, cuja beleza é a razão de ser da fama que hoje desfruta. (...)

À entrada do sitio, ponto final daquele maravilhoso caminho, ficava, à esquerda, a casa de Rosa, neta do velho Teixeira e filha de seu primogênito Manoel, o tio Maneco, como o chamavam. (...)

A última residência era a do proprietário das terras, José Antonio T. da Silveira. Do porto a moradia, havia nesta propriedade um caminho de quatro metros de largura, todo ladeado por vértebras de baleia, que serviam de bancos aos moradores da rústica residência. Os ossos mantinham entre si uma distância de dois metros mais ou menos até chegar ao terreiro em frente da casa. Os demais estavam espalhados em frente à praia. (...)

O sítio Pernambuco, ao tempo do velho Teixeira, era uma das mais prósperas propriedades da ilha de Sto. Amaro.(...). No tempo das tainhas, seus lances de rede chegavam a trazer para terra de seis a dez mil peixes. (...)

Uns duzentos metros além da casa velha, com frente para o mar, adentrando-se o jundu, encontrava-se o pequeno cemitério. Havia ali dois túmulos no feitio dos da cidade. Eram o da esposa e de uma filha de José Teixeira, que morrera afogada.

Mais tarde, esse pequeno cemitério foi desfeito, e os restos mortais, que nele se encontravam, enviados a um dos cemitérios de Santos. Falava-se que a causa da remoção fora uma aparição da antiga dona do sitio, pedindo sepultura em cemitério cristão.

O antigo dono só não foi sepultado lá porque, ao falecer, o Guarujá já havia sido edificado pela Companhia Prado Chaves, que construíra a igreja de Santo Amaro e ainda um cemitério. Essa igreja feita de madeira incendiou-se mais tarde. Após o falecimento do velho José Teixeira, o progresso do sitio estacionou.

Praia do Guarujá, aqui vista no final do século XX, não serviu para o pescador... (Foto: Prefeitura Municipal de Guarujá)
Praia do Guarujá, aqui vista no final do século XX, não serviu para o pescador...
Foto: Prefeitura Municipal de Guarujá

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