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República: a história em imagens (6)

No dia seguinte, os jornais noticiavam a instalação do novo regime político no País. Esta é a manchete do jornal republicano carioca Correio do Povo, em sua edição 118, de 16 de novembro de 1889, seguindo-se o texto integral da proclamação, constante nessa página, mantida a ortografia original:

'Correio do Povo' de sábado, 16/11/1889, página 1
Correio do Povo de sábado, 16/11/1889, metade superior da página 1

PROCLAMAÇÃO

Concidadãos:

O povo, o exercito e a armada nacional, em perfeita communhão de sentimentos com os nossos concidadãos residentes nas provincias, acabam de decretar a deposição da dynastia imperial e consequentemente a extincção do systema monarchico-representativo.

Como resultado immediato desta revolução nacional, de caracter essencialmente patriotico, acaba de ser instituido um governo provisorio, cuja principal missão é garantir com a ordem publica a liberdade e os direitos dos cidadãos.

Para comporem esse governo, emquanto a nação soberana, pelos seus orgãos competentes, não proceder á escolha do governo definitivo, foram nomeados pelo chefe do poder executivo da nação os cidadãos abaixo-assignados.

Concidadãos:

O governo provisorio, simples agente temporario da soberania nacional, é o governo da paz, da liberdade, da fraternidade e da ordem.

No uso das attribuições e faculdades extraordinarias de que se acha investido para a defeza da integridade da patria e da ordem publica, o governo provisorio, por todos os meios ao seu alcance, promette e garante a todos os habitantes do Brasil, nacionaes e estrangeiros, a segurança da vida e da propriedade, o respeito aos direitos individuaes e politicos, salvas, quanto a estes, as limitações exigidas pelo bem da patria e pela legitima defeza do governo proclamado pelo povo, pelo exercito, pela armada nacional.

Concidadãos:

As funcções da justiça ordinaria, bem como as funcções da administração civil e militar, continuarão a ser exercidas pelos orgãos até aqui existentes, com relação aos actos na plenitude dos seus effeitos; com relação ás pessoas, respeitadas as vantagens e os direitos adquiridos por cada funccionario.

Fica, porém, abolida desde já a vitaliciedade do senado e bem assim abolido o conselho de estado. Fica dissolvida a camara dos deputados.

Concidadãos:

O governo provisorio reconhece e acata todos os compromissos nacionaes contrahidos durante o regimen anterior, os tratados subsistentes com as potencias estrangeiras, a divida publica externa e interna, os contratos vigentes e mais obrigações legalmente estatuidas.

MARECHAL MANOEL DEODORO DA FONSECA - Chefe do governo provisorio.

ARISTIDES DA SILVEIRA LOBO - Ministro do interior.

RUY BARBOSA - Ministro da fazenda e interinamente da justiça.

TENENTE-CORONEL BENJAMIN CONSTANT BOTELHO DE MAGALHÃES - Ministro da guerra.

Chefe de esquadra EDUARDO WANDENKOLK - Ministro da marinha.

QUINTINO BOCAYUVA - Ministro das relações exteriores e interinamente da agricultura, commercio e obras publicas.

DR. CAMPOS SALLES - Ministro da justiça.

DR. DEMETRIO RIBEIRO - Ministro da agricultura.

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Foram nomeados:

Chefe de policia, SAMPAIO FERRAZ.

Governadores dos Estados:

Minas, CESARIO ALVIM.

Rio de Janeiro, FRANCISCO PORTELLA.

Director do Diario Official, JULIO BORGES DINIZ.

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DECRETO N. 1 - DE 15 DE NOVEMBRO DE 1889

O Governo Provisorio dos Estados Unidos do Brazil decreta:

Art. 1.º - Fica proclamada provisoriamente e decretada como a fórma de governo da nação brazileira - a Republica Federativa.

Art. 2.º - As provincias do Brazil, reunidas pelo laço da federação, ficam constituindo os Estados Unidos do Brazil.

Art. 3.º - Cada um desses estados, no exercicio de sua legitima soberania, decretará opportunamente a sua constituição definitiva, elegendo os seus corpos deliberantes e os seus governos locaes.

Art. 4.º - Emquanto, pelos meios regulares, não se proceder á eleição do Congresso Constituinte do Brazil e bem assim á eleição das legislaturas de cada um dos estados, será regida a nação brazileira pelo Governo Provisorio da Republica; e os novos estados pelos governos que hajam proclamado ou, na falta desses, por governadores delegados do Governo Provisorio.

Art. 5.º - Os governos dos estados federados adoptarão com urgencia todas as providencias necessarias para a manutenção da ordem e da segurança publica, defeza e garantia da liberdade e dos direitos dos cidadãos, quer nacionaes quer estrangeiros.

Art. 6.º - Em qualquer dos estados, onde as ordem publica for perturbada e onde faltem ao governo local meios efficazes para reprimir as desordens e assegurar a paz e a tranquillidade publicas, effectuará o Governo Provisorio a intervenção necessaria para com o apoio da força publica assegurar o livre exercicio dos direitos dos cidadãos e a livre acção das autoridades constituidas.

Art. 7.º - Sendo a Republica Federativa Brazileira a fórma de governo proclamada, o Governo Provisorio não reconhece nem reconhecerá nenhum governo local contrario á fórma republicana, aguardando como lhe cumpre o pronunciamento definitivo do voto da nação livremente expressado pelo suffragio popular.

Art. 8.º - A força publica regular, representada pelas tres armas do exercito e pela armada nacional, de que existam guarnições ou contingentes nas diversas provincias, continuará subordinada e exclusivamente dependente do Governo Provisorio da Republica, podendo os governos locaes pelos meios ao seu alcance, decretar a organização de uma guarda civica destinada ao policiamento do territorio de cada um dos novos estados.

Art. 9.º - Ficam igualmente subordinadas ao Governo Provisorio da Republica todas as repartições civis e militares, até aqui subordinadas ao governo central da nação brazileira.

Art. 10 - O territorio do municipio neutro fica provisoriamente sob a administração immediata do Governo Provisorio da Republica e a cidade do Rio de Janeiro, constituida tambem provisoriamente séde do poder federal.

Art. 11 - Ficam encarregados da execução deste decreto, na parte que a cada um pertença, os secretarios de estado das diversas repartições dos ministerios do actual Governo Provisorio.

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1889.

Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio. - S. Lobo. - Ruy Barbosa. - Q. Bocayuva. - Benjamin Constant - Wandenkolk.

Na mesma edição do jornal, a página 2 é dedicada ao noticiário (um borrão impede saber se se trata da primeira ou segunda edição), mantida a grafia original (e note-se que por diversas vezes nesses textos o marechal Deodoro foi chamado de general). Citado algumas vezes, Desterro era o nome então da capital de Santa Catarina, atual Florianópolis:

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#.a edição
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Após a gloriosa revolução hontem effetuada, e da qual resultou a deposição do sr. d. Pedro, que exercia, em nome da Santissima Trindade, o absoluto poder majestatico sobre o povo do Brazil, ao espirito publico desde logo acudio a necessidade urgentissima de fazer sahir quanto antes do solo da Patria a familia que deixou de reinar.

Hontem mesmo esperava-se que essa indispensavel medida fosse promptamente executada pelo Governo Provisorio; mas, as attenções com que os membros desse governo cercaram a pessoa do monarcha decaido chegaram, parece, ao ponto de permittir a d. Pedro a mais inteira liberdade de acção.

O ex-imperador abusou da magnanimidade com que era tratado, e, em vez de submetter-se à resolução triumphante, tentou oppôr-lhe meios em cuja efficacia só a verdadeira insania poderia acreditar. Reunio o conselho de Estado pleno, e, não aceitando o facto consummado da sua deposição e da organização de um Governo Provisorio Republicano, quiz confiar ao sr. Saraiva a incumbencia de formar novo gabinete, mallogrando assim os effeitos da revolução victoriosa.

Naturalmente o pensamento que dictou esses actos do ex-imperador persiste em seo espirito, que provavelmente continuará a attribuir á fraqueza de um governo recem-organizado a extraordinaria generosidade com que o Povo Brazileiro e os seos representantes tem tratado a Dymnastia vencida.

Ainda quando a Famillia deposta do seo divino privilegio não houvesse conspirado contra o novo governo, acclamado hontem pela Nação, a mais vulgar prudencia aconselharia a immediata expatriação, não só do ex-imperador, como de todos os outros membros da sua casa, cuja permanencia no solo brazileiro constitue verdadeiro perigo publico.

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A PROCLAMAÇÃO DA REPUBLICA
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NO CAMPO DA ACCLAMAÇÃO

Era imponente o aspecto que apresentavam as forças de terra e mar, formadas no campo da Acclamação, desde o amanhecer, em frente ao quartel do 1º, onde conservava-se prisioneiro do povo e dos militares o gabinete decaido.

Em constante evolução, ao mando do general Deodoro da Fonseca, viam-se o 1º e 9º regimento de cavallaria, 2º regimento de artilheria de campanha, 1º, 7º e 10º batalhões de infanteria, corpos de imperiaes marinheiros e navaes, corpos de alumnos das escolas militares da praia Vermelha e superior de guerra, corpo de bombeiros e corpos de policia da corte e provincia do Rio.

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Alli permanecendo durante horas, senhora da praça, a força levantava successivos vivas á liberdade, ao exercito e armada, á Republica Brazileira!

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Cerca de 9 horas da manhã, á intimação do povo e do exercito, o gabinete declarou-se demitido, pedindo o sr. visconde de Ouro Preto ao general Deodoro garantia para a sua pessoa e dos seus collegas.

O sr. general respondeo-lhe que o povo e o exercito não offenderiam os cidadãos destituidos do governo e que os ex-ministros podiam se retirar na maior tranquilidade, como aconteceo.

Ao ser communicada ao povo e aos militares a quéda do ministerio, levantaram-se acclamações de todos os lados á Republica Brazileira e vivas estrepitosos, emquanto o parque de artilheria dava uma salva de 21 tiros, com os canhões Krupp assestados para a secretaria da guerra.

O general Deodoro, sr. Quintino Bocayuva, e o tenente-coronel Benjamin Constant foram então disputados pelo povo e pelos militares, que os carregaram em verdadeiro triumpho.

O BARÃO DO LADARIO

Ás 8 horas da manhã apresentou-se em frente ao quartel-general o capitão de cavallaria Goldophim, acompanhado de 7 praças. Vinha esse official em exploração.

Nesse momento, alguns batalhões formaram em frente ao quartel, sahindo então o sr. barão de Ladario, afim de dar ordens aos fuzileiros navaes.

Nessa occasião foi elle intimado por um official, por ordem do sr. general Deodoro para entregar-se.

Sem proferir uma palavra, o sr. barão do Ladario sacou do bolso um revolver e apontou-o ao peito do official, fazendo fogo. O tiro, porém falhou.

Approximando-se delle o sr. general Deodoro, para reiterar a ordem de prisão, foi recebido com um tiro pelo sr. barão do Ladario, desviando-se, porém, a bala do alvo.

Acto continuo, foram disparados alguns tiros por praças do exercito, ficando o sr. barão do Ladario ferido.

Immediatamente foi elle transportado em maca para o palacete de Itamaraty, na rua Largo de S. Joaquim, seguindo dahi para a casa de sua residencia.

Foram chamados os srs. drs. Pereira Guimarães, o barão de Pedro Affonso a cujos cuidados acha-se entregue o enfermo.

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NO PAÇO DA CIDADE

Ás 11 horas da manhã o visconde de Ouro Preto telegraphou ao imperador, que se achava em Petropolis, chamando-o á côrte immediatamente.

Ao meio dia e um quarto, o sr. d. Pedro II, acompanhado de sua majestade a imperatriz e de seus semanarios, tomaram o trem da estrada de ferro Principe do Grão Pará, chegando á estação de S. Francisco Xavier ás 2 horas da tarde. Dahi seguiram em coche para o paço da cidade, onde chegaram ás 3 horas.

Alguns minutos mais tarde tambem chegaram os srs. conde e condessa d'Eu, que se fizeram transportar por mar até o caes Pharoux.

Ás 4 horas da tarde compareceo no paço o sr. visconde de Ouro-Preto em companhia do sr. barão de Miranda Reis.

A sua conferencia com o sr. d. Pedro II durou apenas cinco minutos, pedindo o sr. visconde de Ouro-Preto a demissão collectiva do ministerio.

Manifestou então o imperador desejos de conferenciar com o sr. senador Silveira Martins. Dizendo-lhe o sr. Ouro Preto que elle se achava em viagem, manifestou sua majestade desejo de conferenciar com o sr. marechal Deodoro da Fonseca, que ficou de ir ao paço às 6 horas da tarde.

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O sr. barão de Loreto esteve no paço ás 6 horas, e ás 6 ½ chegaram o barão e baroneza de Muritiba, barão de Miranda Reis, conde de ljezus e almirante marquez de Tamandaré.

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Ao ter noticia em Petropolis do ferimento do sr. barão de Ladario, o sr. d. Pedro II telegraphou pedindo noticias, e no paço da cidade por diversas vezes pedio informações, manifestando-se muito afflicto pelo acontecimento.

A guarda do paço foi confiada a uma força de 70 praças do 10º batalhão de infanteria, com ordens terminantes de negarem entrada a quem quer que fosse.

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FORÇAS DE MAR

O batalhão naval desembarcou ás 6 horas da manhã.

Seguindo para o campo da Acclamação, onde já estava postada toda a força do exercito, ficou com o corpo sob as ordens do general Deodoro, formando á rectaguarda da tropa de linha.

Pouco tempo depois appareceram os srs. capitão de fragata Alvarim Costa e capitão tenente Pestana, commandante e major dos navaes, que assumiram os seus postos.

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De volta do campo, depois de percorrer varias ruas, acclamado pelo povo compacto em todos os pontos, o exercito estendeo-se em linha, que abrangeo toda a rua Primeiro de Março, dando o centro para o desfilar do corpo de imperiaes e batalhão naval, que se recolheo ao arsenal de marinha.

De volta a recolher-se aos quarteis, passou de novo a força do exercito pela rua do Ouvidor sendo vivamente acclamada pelo povo.

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NO CORREIO DO POVO

Cerca de 2 horas da tarde grande massa de povo affluio ás immediações do nosso escriptorio de cujas janellas fallaram, attendendo ás solicitações populares, o dr. Silva Jardim e o nosso chefe dr. Sampaio Ferraz.

Dentro do nosso escriptorio foram erguidos varios vivas entre os quaes um do dr. Silva Jardim á memoria do bravo tenente-coronel Madureira.

Seguio depois o povo para a camara municipal, empunhando o estandarte republicano que estivera hasteado nas janellas da nossa redacção o cidadão José Pires Domingues, que o foi hastear nas janelas do paço da camara.

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NA CAMARA

Cerca de 3 horas da tarde, chegou ao mesmo edificio o sr. vereador José do Patrocinio, acompanhado do povo e immediatamente foi votada a seguinte representação:

"Exms. srs. representantes do exercido e da armada nacionaes - Temos a honra de communicar-vos que, depois da gloriosa e nobre resolução que ipso facto depoz a monarchia brazileira, o povo, por orgãos espontaneos e pelo seu representante legal nesta cidade, reunio-se no edificio da camara municipal, e, na fórma da lei ainda vigente, declarou consummado o acto da deposição da monarchia e, acto seguido, o vereador mais moço, ainda na forma da lei, proclamou, como nova forma de governo do Brazil, a Republica.

Attendendo ao que, os abaixo assignados esperam que as patrioticas classes militares sanccionem a iniciativa popular, fazendo immediatamentae decretar a nova fórma republicana do governo nacional.

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1889."

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Votada a representação, orou o sr. dr. Silva Jardim.

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EM NICTHEROY

Á 1 hora da tarde, toda a força de policia, já então sob o commando do tenente-coronel Fonseca e Silva, desembarcou na ponte de Nitheroy dando vivas á Republica, no que foi acompanhada pelo povo, que percorreo todas as ruas no meio de grande enthusiasmo.

Ao chegar ao quartel do corpo, o sr. conselheiro Carlos Affonso, ex-presidente da provincia do Rio de Janeiro, interpellou os officiaes, perguntando-lhes se reconheciam o novo commandante.

A policia prorompeo em vivas ao tenente-coronel Fonseca e Silva e á Republica.

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COMMERCIO E REPARTIÇÕES

Logo que foi conhecido o movimento, o commercio fechou as suas portas e as repartições publicas suspenderam o seu expediente.

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PRISÃO DE EX-MINISTRO

Ás 6½ horas da tarde, sabendo o bravo general Deodoro que o visconde do Ouro Preto reunido a amigos n'uma casa á rua da Ajuda deliberava sobre a organização de um gabinete liberal, ordenou ao coronel Germano de Andrade Pinto, commandante do corpo de policia, que com um piquete prendesse-o.

A detenção foi effectuada, e, escoltado por uma força, o sr. visconde de Ouro Preto recolheo-se ao estado maior do 1º regimento de cavallaria, em S. Christovão.

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NAS RUAS

Durante todo o dia e até alta hora da noite o povo percorreo as ruas do centro da cidade, formando diversos grupos precedidos de bandas de musica.

Expansiva em seu emthusiasmo, a população erguia vivas e saudações á imprensa livre, aos bravos do exercito e armada, ao general Deodoro, a Quintino Bocayuva, e á Republica Brazileira.

Ás 7 horas da noite um official de cavallaria percorreo as ruas da cidade, dirigindo a seguinte proclamação:

"O general Deodoro manda dizer que o povo póde ficar tranquillo. A cidade está entregue á guarda do 7º batalhão de infanteria e morrerá o ousado que tentar arrombar uma porta."

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A POLICIA

Por delegação do governo provisorio, hontem constituido, assumio interinamente o cargo de chefe de policia da côrte o sr. capitão de estado-maior de artilheria Vicente Antonio do Espirito Santo.
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Hontem mesmo foram nomeados para exercer os cargos de 1º e 3º delegados de policia, interinamente, o major Candido José da Siqueira Campello, chefe de secção da secretaria, e capitão do exercito Austrelino Villarim.

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O TELEGRAPHO

Para que do occorrido fossem transmittidas noticias telegraphicas com toda a exactidão, o sr. general Deodoro expedio ao director dos telegraphos ordem para ser entregue o estabelecimento ao 1º tenente José Augusto Vinhaes.

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Foi expedida ordem telegraphica para o Desterro, afim de ser preso ao chegar a esse porto o paquete Rio Pardo, o senador Silveira Martins.

O Rio Pardo deve chegar hoje a Santa Catharina.

Varios estabelecimentos commerciaes desta cidade elliminaram as armas imperiaes que usavam no frontispicio das casas em que funccionam.

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Egual procedimento tiveram os soldados e officiaes dos diversos batalhões de terra e de mar, arrancando dos bonets a corôa imperial que outr'ora traziam.

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Em consequencia dos ultimos acontecimentos nacionaes, ficam, para todo o infinito rosario dos seculos vindouros, banidos da successão, governo e regencia do Brazil, por si, seus descendentes, ascendentes e collateraes:

O sr. d. Pedro II;
A imperatriz d. Thereza Christina;
A princeza d. Isabel;
O principe do Grão-Pará, d. Pedro Gastão;
O principe d. Luiz Gastão;
O principe d. Antonio Gastão.
O principe d. Pedro Augusto de Saxe;
O principe d. Augusto de Saxe;
O principe d. Luiz de Saxe;
A princeza d. Januaria;
A princeza d. Francisca;
Os membros da familia real portuguesa, que são todos descendentes directos de d. Maria II, irmã do sr. d. Pedro II;
Os filhos e netos da princeza d. Januaria;
Os filhos da princeza d. Francisca.

Foram outrossim mandados passear o conde d'Eu, duque de Saxe, o conde de Aquila e alguns felizardos principes esposos mais que, embora excluidos da successão ou regencia, constituiam entretanto um grave onus para o suor do povo.

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TELEGRAMMAS
SERVIÇO ESPECIAL DO "CORREIO DO POVO"
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Victoria, 15.

O presidente da provincia entendeu-se com todas as autoridades superiores da capital para ser mantida a ordem que não tem sido alterada e espera o resultado dos acontecimentos.

Victoria, 15.

A commissão permanente do partido republicano adhere ao movimento e saúda a Federação Republicana Brazileira.

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TENENTE-CORONEL MADUREIRA

As commissões encarregadas de erigir um mausoléo ao bravo tenente-coronel Madureira, pedem-nos a publicação das quantias, por ellas arrecadadas nas diversas redacções dos jornaes desta côrte, por onde corre a subscripção, o que de muito bom grado fazemos:

(Continuação)

Escola militar da côrte e escola superior de guerra
1º regimento de cavallaria
2º tenente Lauro Muller
Dr. Ennes de Souza
1º tenente José Eulalio de Oliveira
1º tenente Villeroy
2º tenente Tobias Recker
1º tenente Timotheo de Farias
1º tenente Fiuza de Castro
1º tenente Pinto Peixoto
2º tenente Albuquerque de Souza
D.F.
L.C.
G.E.
Alferes alumno E. Tallone
Dr. Costa Lobo
Tenente Bittencourt Costa
osé Antonio de Carvalho
Paulo Antonio da Rocha

Quantia já publicada

228$820
31$000
5$000
10$000
2$000
2$000
2$000
1$000
1$000
1$000
2$000
1$000
2$000
1$000
1$000
1$000
3$000
1$000
1$000
296$820
2:488$390
2:780$210
(Contínua.)

O producto da subscripção tem sido pelas dignas commissões recolhido ao Banco del Credere.

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As commissões pedem ás pessoas que se acham com listas o favor de remettel-as, quanto antes, ás redacções dos jornaes desta côrte, por onde tem corrido a subscripção.

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Deo-se ha dias em Fontainebleau o seguinte:

Indo o sr. Carnot entrar no palacio, encontrou-se com algumas pessoas, e parou a conversar com ellas. Trazia um guarda-chuva na mão e encostou-o á parede para enxugar.

Um sujeito muito bem vestido, aproveitando a distracção dos circumstantes, apoderou-se do guarda-chuva e retirou-se immediatamente.

Preso quasi em flagrante delicto, o larapio foi conduzido á estação de policia mais proxima, onde se averiguou ser um inglez da melhor sociedade.

Apoderára-se do guarda-chuva - declarou elle - como de um objecto curioso para a sua collecção.

O sr. Carnot mandou soltar o apaixonado colleccionador e fez-lhe presente do appetecido objecto.

Esta recordação presidencial irá talvez engrossar a collecção do museu Tussaud, em Londres.

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Vai fazer-se uma nova edição da Terre, de Zola, illustrada por Duez, Gérardin, Ganeutte, Mesples e outros artistas igualmente celebres.

ACTOS DO GOVERNO
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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de ministro e secretario de estado dos negocios do interior o bacharel Aristides da Silveira Lobo.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de ministro e secretario de estado dos negocios da guerra o tenente-coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear o chefe de divisão Eduardo Wandenkolk para o cargo de ministro e secretario de estado dos negocios da marinha.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de ministro e secretario de estado dos negocios da fazenda e interinamente da justiça o bacharel Ruy Barbosa.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de ministro e secretario de estado dos negocios da justiça o bacharel Manoel Ferraz de Campos Salles.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de ministro e secretario de estado dos negocios da agricultura, commercio e obras publicas o engenheiro Demetrio Ribeiro.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de governador do estado do Rio de Janeiro o dr. Francisco Portella.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

Aristides da Silveira Lobo, ministro do interior.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de governador do estado de Minas Geraes o bacharel José Cesario de Faria Alvim.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

Aristides da Silveira Lobo, ministro do interior.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de governador do estado da Bahia o dr. Manoel Victorino Pereira.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

Aristides da Silveira Lobo, ministro do interior.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de chefe de policia da capital o bacharel João Baptista Sampaio Ferraz.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

Ruy Barbosa, ministro interino da justiça.

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O marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisorio constituido pelo exercito e armada, em nome da Nação, resolve nomear para o cargo de director do Diario Official o dr. Julio Borges Diniz.

Sala das sessões do Governo Provisorio, em 15 de novembro de 1889. - Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.

Ruy Barbosa, ministro interino da justiça.

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CORREIO TELEGRAPHICO
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Santos, 15.

Redacção d'O Paiz, Rio - Hurrah! Hurrah! Hurrah! - Gastão.

Antonina, 15.

General Deodoro, Quintino Bocayuva, Benjamin Constant.

Congratulações: se forem precisos os meus serviços, seguirei para a côrte. Mandem ordens - Diogo de Vasconcellos.

Maceió, 15.

Ao cidadão Quintino Bocayuva.

O batalhão 26 de infanteria adhere ao pronunciamento. Aguardamos noticias. - Major Pedra, commandante.

Victoria, 15.

Ao exm. sr. Quintino Bocayuva - Recebi ás 6 horas da tarde telegramma declarando governo republicano. Fico sciente. Felicito a v. ex. Tudo em paz. Aguardo ordens. - O capitão Francisco de Paula Costa, commandante do destacamento de infanteria.
 

Recife, 15.

A população acha-se calma.

Consta que o presidente da provincia nenhuma resistencia opporá ao movimento.
A tropa declara-se favoravel ao mesmo movimento.

Sendo consultado pela presidencia, o inspector do arsenal de marinha declarou que acompanhava a armada.

Rio Grande do Sul, 15.

Produzio aqui grande sensação a noticia ácerca da revolta militar nessa capital.

Grupos estacionavam nas esquinas, commentando o facto, chegando a todo o momento boatos contradictorios.

O dr. Pio Angelo da Silva, chefe liberal, telegraphou para o Desterro ao conselheiro Gaspar Silveira Martins, chamando-o.

Ha grande anciedade por noticias.

S. Paulo, 15.

Extraordinaria massa de povo estacionam nas ruas acclamando a Republica.

Foi deliberado que o governo provisorio ficasse composto dos srs.: Prudente de Moraes, Rangel Pestana e coronel Souza Mursa, sendo muito acclamado.

Tem sido queimada enormidade de foguetes.

O general Couto de Magalhães diz que só entregará o governo quando receber ordens da côrte.

Fez esta declaração após a conferencia que teve com o governo provisorio.

A guarda do palacio foi reforçada, sendo nomeado ajudante de pessoa do general Couto de Magalhães o alferes Marcondes de Brito.

A cavalleria, a armada, o exercito, o marechal Deodoro, Quintino Bocayuva, Benjamin Constant, têm sido vivamente acclamados!

Cada telegramma affixado nos escriptorios dos jornaes provoca grande movimento de povo.

Consta que o conselheiro Antonio Prado foi convidado para fazer parte do governo provisorio.

S. Paulo, 15.

Dos logares da provincia onde é conhecida a proclamação da Republica, telegrapham saudando aos jornaes republicanos desta capital.

Em Campinas reina extraordinario delirio.

O delegado de policia, receiando disturbios, telegraphou a Rangel Pestana pedindo força.

Em Santos foi nomeado o governo municipal, tendo sido dirigida uma proclamação ao povo pedindo união, sem distincção de partido, pois a Republica exprime o sentimento nacional.

S. Paulo, 15.

O governo provisorio acha-se constituido pelos srs. Prudente de Moraes, Rangel Pestana e Murça. O exercito adherio. Grande enthusiasmo pela Republica.

Amanhã haverá instalação definitiva do governo provisorio no paço municipal.

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Falleceo no hospital Saint-Jean de Di##, de Pariz, o eminente escriptor pariziense Augusto de Viliers I'Isle Adam, um dos estylistas mais subtilmente modernos e mais caracteristicamente pessoaes da geração actual.

Os seus contos, esfumados ao vago da chimera, lembravam Hoffman, vestido á moderna.

Paz ao seu luminoso espirito.

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THEATROS

Espectaculos hoje:

Variedades - Andorinhas.
Recreio - A Garota de Paris.
Lucinda - A Marselhesa.
Phenix - Jack, o estripador.
Sant'Anna - Garra d'Açor.