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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA
Pedrinho Mattar

Texto publicado no caderno comemorativo dos 459 anos de Santos, publicado pelo jornal santista A Tribuna em 26 de janeiro de 2005:


Relação do pianista com a Cidade começou na juventude. 
Hoje ele tem um apartamento no Embaré
Foto: Alberto Marques, publicada com a matéria

MÚSICA
Pedrinho Mattar na Pinacoteca em homenagem à festa de Santos

Concerto é à tarde. À noite, haverá show na Zona Noroeste

Da Reportagem

Paulistano de nascimento, Pedrinho Mattar se diz santista de coração. Para homenagear os 459 anos da Cidade, o pianista apresenta o espetáculo Rapsódia hoje, às 16 horas, na Pinacoteca Benedicto Calixto. A entrada é franca. Mattar conta que o espetáculo marca também os seus 50 anos de carreira. "É uma retribuição à acolhida que sempre recebi em Santos".

Mattar tem uma trajetória marcada pelo sucesso. Caçula de 10 irmãos, começou a tocar em público com 15 anos, contrariando a vontade dos pais. Mas aos 10 já participava de programas de calouros. Com formação clássica, estudou na escola Magdalena Tagliaferro, com a professora Helena Plaut.

Sua relação com a cidade vem desde a época da juventude. Ainda bem jovem, reunia-se com outros músicos na esquina das avenidas Ipiranga e São João, cantada por Caetano, em Sampa, e de lá todos vinham para Santos, no Expresso Brasileiro, para passar o dia na praia. Voltavam no final da tarde.

O pianista considera a orla da praia uma das coisas mais bonitas do mundo, e sempre que pode está curtindo o seu apartamento de frente à do Embaré. para ele, Santos é aquele tipo de cidade que mantém certa tranqüilidade, como as do Interior, e oferece todas as facilidades de uma capital.

  

O concerto contará com várias peças do repertório de Pedrinho

  

Reconhecimento - Músico consagrado internacionalmente, o pianista conheceu o sucesso aos 21 anos, quando seguiu para os Estados Unidos, acompanhando a cantora Leny Eversong. Sua primeira apresentação foi em Las Vegas. Mais tarde, viajou para a Europa com Maysa. Apresentou-se na Europa e Estados Unidos. Conhecido como percussionista da bossa-nova, dividiu o palco com Dolores Duran, Agostinho dos Santos, Taiguara e Geraldo Vandré, entre outros.

Tio de Derico, do sexteto do Jô Soares, Pedrinho Mattar também tem um programa de tevê, na Rede Vida. Considera um dos pontos altos de sua carreira ter tocado na Casa Branca, para o então presidente Jimmy Carter. Uma das características de sua carreira, que o enche de orgulho, é ter popularizado o piano, instrumento considerado elitista. Para provar que a música instrumental está ao alcance de todos, toca de graça o melhor de seu repertório. Em agradecimento à Cidade.

A Pinacoteca Benedicto Calixto fica na Av. Bartolomeu de Gusmão, 15.

Notícia da versão eletrônica do caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo de quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007:

São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007 
 
 
  Morre pianista Pedrinho Mattar, 70

DA AGÊNCIA FOLHA 
DA REPORTAGEM LOCAL

O pianista Pedrinho Mattar, 70, morreu ontem à tarde, vítima de um infarto fulminante, em sua casa, em Santos.
Mário Garcia, cunhado do pianista, disse que Pedrinho Mattar não estava fazendo nenhum tipo de tratamento médico. "Foi uma fatalidade. Não esperávamos isso."
O corpo do pianista foi velado no Hospital Beneficência Portuguesa. Hoje, deve seguir para o cemitério do Araçá, na cidade de São Paulo, onde será enterrado às 14h.
Em uma carreira de quase 55 anos, o piano de Mattar acompanhou artistas como Chico Buarque, Bibi Ferreira, Marisa Gata Mansa, Cauby Peixoto e Maysa -com quem fez turnê pela Europa, em 1962. Nos anos 90, apresentou o programa "Pianíssimo", na Rede Vida.
Além disso, foi convidado pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter a tocar na Casa Branca.

Notícia da versão eletrônica do caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo de quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007:

08/02/2007 - 11h33

Morte de Pedrinho Mattar põe fim à linhagem de pianistas "floridos" no país

RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Pedrinho Mattar, que morreu na noite de ontem de infarto fulminante em Santos (SP), era um pianista da chamada escola "florida". Trata-se de uma linhagem de tecladistas virtuoses que tem por característica --muitos dirão vício-- justamente florear os arranjos das músicas com um sem-número de sobreposições e notas extras.

O efeito sonoro é carregado e encorpado, e por vezes lembra um carrilhão. Funciona muito bem como "entertainment", que era o forte de Mattar, mas certamente provoca enfado em recitais, que por sinal são bem incomuns.

Divulgação   

Pianista Pedrinho Mattar morreu em Santos aos 70 anos

Pianista Pedrinho Mattar morreu  em Santos aos 70 anos

Tal escola teve seu auge com Wladziu Valentino Liberace (1919-1987). No Brasil, de longe, Mattar, 70, foi seu maior e mais importante expoente.

Afável com o público, mas duro com os imitadores de seu estilo (que proliferavam), ele costumava ser extremamente zeloso com suas partituras, muitas com correções visíveis à mão, as quais tomava o cuidado de impedir que as câmeras da Rede Vida focassem diretamente durante seu programa "Pianíssimo", que estreou nos anos 90.

Muitas vezes, durante o próprio programa, chegou a cobri-las com a mão de forma nada discreta, durante as execuções de peças. Disse a este repórter, certa vez, que o motivo era que seus arranjos estavam sendo copiados por plagiadores que nada lhe pagavam, e que faria de tudo para impedi-los. Inclusive mover ações judiciais, se necessário.

No entanto, quando encontrava um telespectador apaixonado de verdade por sua forma de tocar, ou um simples amante da música sem fins lucrativos, não hesitava em enviar uma partitura autografada para a casa do fã, sem nada cobrar.

Pedrinho Mattar, no fundo, era um tipo romântico, obcecado pela música e pelo instrumento que tocava. Do tipo que quebrava a parede da sala de estar do próprio apartamento, mandava içar um piano de cauda por uma dezena de andares e depois mandava fechar a parede de novo.

Pedrinho Mattar foi o último de sua espécie. Restaram seus imitadores.