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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA
Vicentina de Carvalho

Um resumo biográfico foi publicado no terceiro volume da obra conjunta História de Santos/Poliantéia Santista, de Francisco Martins dos Santos/Fernando Martins Lichti (Santos, 1996):

SÍNTESE ANTOLÓGICA DOS POETAS DE SANTOS
Vicentina de Carvalho

Vicentina Mesquita de Carvalho. Nascida em Santos a 24 de julho de 1890 e falecida a 1º de abril de 1954, em São Paulo. Filha do poeta Vicente de Carvalho e de Dª. Ermelinda Mesquita de Carvalho. Professora diplomada pela Escola Normal da Praça da República, poetisa e tradutora.

Bibliografia: "Sonhos mortos" (poesias).

Soneto XXII

Sorvi sequiosa a taça do prazer,
só lhe sentindo o bem que me sabia,
sem a preocupação de conhecer
o mal que ela, esgotada, me traria.

Desprezando o futuro, quis viver
o presente, que alegre me sorria,
sem nunca imaginar e sem prever
quanto custa um momento de alegria.

Logo, porém, o travo da amargura
mudou-me o riso em lágrima dorida,
pois a felicidade não perdura.

Só então percebi, arrependida,
quanto, por um instante de ventura,
hei de figar pagando toda a vida.

 

Outro resumo biográfico foi publicado na seção Literatura do Almanaque de Santos para 1959 (Santos/SP, 1ª edição, 1959 - exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio - SHEC), páginas 73/74, além de um soneto de sua autoria (página 76):

BIOGRAFIAS - Vicentina de Carvalho

Nasceu em 24/6/1890 nesta cidade e faleceu na Capital em 1/4/1954. Filha do grande poeta Vicente de Carvalho, herdou as qualidades de talento de seu ilustre pai, mas conseguiu em seus versos uma nobre originalidade, não tendo os reflexos da voz paterna.

Possuidora de grande cultura, Vicentina de Carvalho destacou-se no magistério paulista como uma das mais brilhantes educadoras da sua época. Deixou um livro de versos, "Sonhos Mortos", publicado em 1950, onde se desta[ca] a perfeição de seus sonetos. Esse livro foi prefaciado por Agripino Griecco, tendo merecido do conceituado crítico literário expressões como esta: "E agora é um rebento do varão glorioso que nos surge com um punhado de sonetos. Que? Pode ser filha de rei e reinar também nos espíritos, revogando a lei sálica nos domínios da poesia? Encontra-se aqui, sem dúvida, uma brasileira cuja arte poética não está em Horácio ou Boileau: está em sua alma."

Soneto

Já fui moça e também já fui amada

Como as outras mulheres hoje o são.

Vi abrirem-se rosas pela estrada

Por onde me levava o coração.

 

Gozei o encanto azul da madrugada

Dos lindos sonhos que sonhava então.

O amor que a muitas outras não deu nada,

Pôs a felicidade em minha mão.

 

Pelos bens que auferi, bendigo a vida,

Pois seria injustiça me queixar;

E recordo, serena e agradecida.

 

Tudo o que me foi dado desfrutar

Nessa longa existência bem vivida

Que só teve um defeito - foi passar.