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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Trem húngaro: avião sobre trilhos, em 1989


Na década de 1980, a ligação entre São Paulo e Santos possuía a maior diversidade de meios de transporte, pois além da rodovia (ainda não tão congestionada), contava com transporte hidroviário e ferroviário de passageiros. Este era feito pelos assim denominados trens húngaros (que ao chegarem ao Brasil em 1972 foram apelidados de aviões sobre trilhos pela propaganda oficial), que transportavam os funcionários da então Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa - depois Usiminas). Sobre eles, a Revista Ferroviária reportou, na edição de agosto de 1989 (conforme reprodução do site V.F.Centro-Oeste, acessado em 4/2/2012):


Foto publicada com a matéria

Trem Húngaro na Cosipa
«Um lugar para os húngaros»

Revista Ferroviária, Agosto de 1989

«Os malfadados trens da Ganz-Mavag encontram finalmente uma aplicação adequada: transportar metalúrgicos na baixada santista»

«São Paulo não quer: vai leiloá-los até o final do ano. O Rio Grande do Sul usou e não aprovou: vai despachá-los para Teresina, onde funcionarão como bondes. Mas não por muito tempo: a intenção é transferi-los depois de um ano e meio para Parnaíba, no litoral do Piauí. Esses enjeitados são os trens húngaros, luxuosa e cara aquisição que nunca deu à Rede retorno do investimento.

«O único lugar onde o húngaro acabou dando certo foi entre Santos e Cubatão, transportando trabalhadores da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista). Para surpresa de todos os que conhecem os problemas que ele costuma causar, a direção da empresa se declara perfeitamente satisfeita com seu desempenho e afirma que, se depender da Cosipa, a composição não sai de lá nunca mais.

«Os trens húngaros chegaram ao Brasil em 1974, no governo Geisel, trocados com a Hungria por cereais e café. Fabricados pela Ganz-Mavag, foram chamados na época de "aviões sobre trilhos", pela suntuosidade e conforto. São compostos de dois carros-motor, um carro pullmann e um carro buffet. Possuem motor diesel de 2.800 HP, suspensão hidromecânica, truques com suspensão em cada eixo, ar condicionado e poltronas reclináveis.

«Seis composições foram para o Rio Grande do Sul, destinados à linha Porto Alegre – Uruguaiana e seis para o percurso Rio - São Paulo, sendo depois transferidas para as linhas São Paulo – Santos e São Paulo – Campinas. Logo ficou evidente que a permuta fora um mau negócio. O consumo de diesel era alto – dois litros por km – e o atendimento de encomendas de peças de reposição levava até três anos, já que os trens saíram de linha na Europa.

«Sem peças e com defeitos freqüentes, as composições foram se degradando cada vez mais e nunca chegaram a cobrir em serviços o custo de US$ 587 mil cada. Por isso, quatro composições que estão em São Paulo, em péssimo estado, serão leiloadas até dezembro.

«Fim do vandalismo

«Os trens só não deram trabalho para a Cosipa, que alugou da Rede em 1978 uma composição com uma locomotiva e quatro vagões, à qual foram adicionados mais quatro em 1979. Diariamente, o trem húngaro transporta 1.640 funcionários da companhia, fazendo em uma hora o trajeto de ida e volta nos 19 quilômetros entre Santos e a usina, em Cubatão. No total, funciona duas horas por dia em seis viagens – três pela manhã e três no final da tarde. No intervalo, entre 9h e 16h30, recebe manutenção da Cosipa. Apenas o maquinista e o chefe de trem são da Rede.

«As razões para o bom desempenho, segundo a empresa, são várias. Em primeiro lugar, o trajeto plano entre Santos e Cubatão corresponde às condições para as quais eles foram projetados. No Rio Grande do Sul, os aclives acentuados fizeram com que se tentasse dar o jeitinho brasileiro para que não gastassem tanto óleo diesel: foi retirado um dos dois carros tratores, o que ocasionou trincas nos boolsters (peças que unem a armação do truque).

«Além disso, logo que a Cosipa recebeu a composição, tratou de reformar a funilaria e o piso, além de dar uma nova pintura e nacionalizar boa parte dos sistemas elétrico e mecânico. Até o sistema de ar condicionado é agora nacional e, quando necessário, são adaptados relés e outras peças-chave. Daí a flagrante diferença entre a composição alugada e as que estão prestes a serem leiloadas pela Rede.

«O cuidado com o trem é tanto que, durante o ano passado, foi feita até uma campanha educativa na favela de Vila Siri, em Cubatão, bem próxima à linha, para conscientizar a população, principalmente as crianças, da importância do meio de transporte. Seis mil crianças participaram de concursos de desenho, palestras e viagens de trem. Segundo a Assessoria de Imprensa da Cosipa, a iniciativa conseguiu diminuir bastante os atos de vandalismo, que no passado obrigaram à substituição de 80% dos vidros-fumê dos carros.»


Foto publicada com a matéria


Interior de vagão do trem húngaro, em 1º de maio de 1980

Foto: Paulo R. Filomeno, no site V.F. Centro-Oeste

 


Locomotiva do trem húngaro, na estação do Valongo, em Santos

Foto: Paulo R. Filomeno, no site V.F. Centro-Oeste

 


Trem da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), em folheto da fábrica Ganz Mavag, de Budapest

Imagem: detalhe de folheto da fabricante húngara do trem, no site V.F. Centro-Oeste

 


Interior do vagão de passageiros do trem húngaro da RFFSA

Imagem: detalhe de folheto da fabricante húngara Ganz Mavag, no site V.F. Centro-Oeste

 


Interior do vagão-buffet no trem húngaro da RFFSA

Imagem: detalhe de folheto da fabricante húngara Ganz Mavag, no site V.F. Centro-Oeste

 


Interior da cabina de comando do trem húngaro da RFFSA

Imagem: folheto da fabricante húngara Ganz Mavag, de Budapest, no site V.F. Centro-Oeste

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