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BAIXADA SANTISTA - LIVROS
Romagem pela Terra dos Andradas

Pesquisador, historiador e cronista da Santos de meados do século XX, Costa e Silva Sobrinho reuniu em vários livros os seus artigos publicados em jornais, geralmente na série Santos Noutros Tempos. Um desses livros é Romagem pela Terra dos Andradas, distribuído pela Livraria Freitas Bastos S.A., do Rio de Janeiro e de São Paulo, e que foi publicado em fins de 1957, com ilustrações em bico-de-pena de Lauro Ribeiro da Silva (Ribs). Novo Milênio confrontou os artigos originais na imprensa com a versão em livro, com base em exemplar pertencente ao acervo do professor e pesquisador Francisco V. Carballa:

Veja: Páginas no livro
Índice das ilustrações IX
Prólogo XI
[01] Uma visita de Anatole France 1
[02] Oito dias da vida de Gottschalk 9
[03] Um concerto de Gottschalk 14
[04] O coronel Albuquerque e a ponte da Alfândega 21
[05] Uma homenagem a Augusto Severo 29
[06] O quilombo do Jabaquara 34
[07] Uma viagem a São Paulo em 1847 47
[08] Um visitante norte-americano 49
[09] Varnhagen e as suas viagens de estudos 55
[10] (continuação) 63
[11] A chegada de d. Mateus 69
[12] Progressos do ensino e da religião 77
[13] Tricentenário da Irmandade do Rosário 83
[14] O litoral de Anchieta 92
[15] São Vicente primitiva e pequenina 105
[16] Cenas e figuras do passado vicentino 112
[17] O Cubatão e os seus povoadores 124
[18] O Cubatão há cem anos atrás 133
[19] O antigo Arsenal de Marinha 142
[20] Dois edifícios evocadores 149
[21] A genealogia dos Andradas 157
[22] As desavenças de Franca e Horta com os Andradas 162
[23] Medicina, médicos e clientes 169
[24] Medicina, médicos e clientes 175
[25] Medicina, médicos e clientes 181
[26] Medicina, médicos e clientes 189
[27] Medicina, médicos e clientes 197
[28] Medicina, médicos e clientes 202
[29] Medicina, médicos e clientes 210
[30] Medicina, médicos e clientes 218
Índice de nomes 225
Índice de assuntos 236

 

À memória do

Professor José Eduardo de Macedo Soares

- mestre perfeito, e modelo de mestres pelo saber e pela estatura moral -

dedica e consagra

                                                 O AUTOR


Prólogo

Esta é a segunda vez que reúno em livro alguns dos meus trabalhos publicados no jornal A Tribuna, de Santos, acerca de assuntos históricos.  Formaram os escritos anteriores o volume intitulado Santos noutros tempos.

Tanto no livro que ora dou a público, como nesse que apareceu antes, procurei aliar a variedade à unidade, entrosando no conjunto cada uma das diferentes peças. Constituem elas, deste modo, uma pequena galeria de quadros históricos, que pintei às vezes a talhe doce, mas sem enfeitá-los pela imaginação. A história se não compraz com fantasias.

Na verdade Bouvard e Pécuchet, os dois bertoldos que se meteram a historiadores, pregavam que "sem imaginação, a História é falha"; que "ela muda todos os dias"; e que "na escolha dos documentos, costuma dominar certo estado de  espírito, e como este varia, segundo as condições do escritor, jamais será fixada a história" (Flaubert, Bouvard e Pécuchet, cap. IV, págs. 94, 95 e 100).

Indubitavelmente, quando eles se afoitaram a isso afiançar, já estavam sofrendo da doenças de Froude, ou doença da inexatidão, mal tão traiçoeiro, que tem transformado em mitólogos, até na época presente, alguns divulgadores das coisas de Santos.

A história não deve ser escrita ao sabor dos nossos achaques, das nossas conveniências ou das nossas excentricidades, mas conforme à realidade dos acontecimentos públicos, à verdade notória e conrrentia dos fatos.

Frei Luís de Sousa, num dos seus mimos do dizer, assim se enunciava sobre o assunto:

"Escrever história com as partes que ela requer, é mais obra da Providência divina, que das forças humanas" (Vida do Arcebispo, I, I, pg. 8).

Julgo, destarte, que não andarei mal se disser que tive como pensamento dominante, ao compor estas páginas, não empregar material de segunda mão. A luz dos documentos é que me serviu de guia. Muitos deles foram pela primeira vez por mim escavados no veio pouco explorado dos arquivos notariais, cujos livros e autos tenho compulsado desde que principiei a freqüentar a escola forense.

Foi aí que me tomei de uma curiosidade imensa pelo passado de Santos. Vivo hoje, por isso mesmo, a maior parte do meu tempo como um pobre fradinho encantoado no meu gabinete de estudo a dessoterrar coisas preciosas do subsolo histórico da terra dos Andradas. E quanta canseira, quantas buscas áridas exigem trabalhos destes! Levo muitas vezes dias inteiros para encontrar em documentos carunchosos, poeirentos, um dentezinho de história.

Justiniano, Virgílio e Gaston Boissier deram-me o amor às ruínas de Roma.

O meu pecúlio de notícias históricas, as minhas jornadas de investigações e certos vultos eminentes por engenho e erudição, como, pondo exemplo, os três Andradas da Independência, deram-me o amor a Santos de outrora.

O seu passado é, para mim, um concerto interior que ouço permanentemente, num delicioso encantamento.

A meu ver, cumpre à nova geração estudá-lo a fundo. E, com alto senso e lúcida visão retrospectiva, erigir o monumento perdurável a que Santos tem direito.

Se algum dia estes limitados subsídios vierem a concorrer para tal empreendimento, ter-me-á Deus concedido, mais uma vez, a munificência da sua proteção. E, então, a estas palavras preambulares se ajuntará o seguinte subtítulo: - Em prol dos direitos da História.

José da Costa e Silva Sobrinho

Santos, 30-10-1957.