Durante palestra realizada em julho na Universidade Santa Cecília, ficou evidente para mim o misto de perplexidade e hilariedade causada a boa parte do público presente quando mostrei o uso que está se dando ao domínio no Brasil. Domínio, para quem ainda não sabe, é o tal do “algumacoisa.com.br”, endereço pelo qual a sua página pode ser encontrada na gigantesca e fascinante Internet.

Pois bem: eu realmente precisava compartilhar algumas descobertas com vocês, amigos leitores deste Caderno. Assim sendo, faremos a partir de agora um breve passeio pelo obscuro mundo dos domínios da Internet brasileira. Segure-se, pois a viagem, embora engraçada, é bastante turbulenta!

Vamos ao primeiro deles: “www.carlaperez.com”. Parece óbvio que este seja o endereço da página da apresentadora do intelectualmente famoso programa Fantasia, certo? Pois saiba que não é – o endereço da dançarina Carla Perez é “www.carlaperez.com.br”. Vocês devem estar se perguntando: “ué, então quem é detentor do outro domínio?”. Pasmem: uma empresa de registro de domínios, cujo serviço atende pela alcunha de “Easy Space”. O nome de Carla Perez é apenas um chamariz para o serviço.

Tios – Suzana Alves, a conhecida “Tiazinha”, dona do “www.tiazinha.com.br” é outra vítima da valsa dos domínios. Como era de se esperar, o domínio “tiazinha.com” já tem dono e está reservado, conforme texto em inglês publicado no site, “para uso futuro”. A falta de lógica e bom senso chega a níveis alarmantes quando se percebe que um empresário já achou por bem reservar o endereço “www.tiozinho.com.br”, apostando em um novo personagem que, talvez, nunca venha a ser criado por Luciano Huck. Ainda assim, outro internauta, achando a idéia deste “vidente” brilhante, já tratou de reservar o endereço “www.tiozinho.com” - realmente, o Brasil está mesmo muito avançado na área de futurologia!

E o que dizer de “altavista.com.br” e “geocities.com.br”? São dois outros sites que escoram-se em nomes famosos da Internet mundial para fazerem sucesso. É óbvio que apostam em erros de digitação ou distração do usuário, já que num primeiro acesso percebe-se claramente a diferença de porte e de serviço oferecido entre os sites (o endereço “www.geocities.com.br” nos leva a um site de hospedagem brasileiro… pago!).

No fim? – De qualquer forma, ao que tudo indica, a bandalheira virtual parece estar com seus dias contados: em uma decisão inédita na Internet Brasileira (e que deve, no mínimo, inibir novas investidas e incentivar novos processos judiciais), a Grendene ganhou há poucos dias o direito sobre o domínio “rider.com.br” anteriormente de posse da empresa Riegel Imóveis e Construções, que, segundo publicado na imprensa especializada, tentou vendê-lo a fabricante dos chinelos (que, por sua vez, precisou provisoriamente usar o endereço alternativo “www.userider.com.br”).

Será que a AOL, enfim, vai se animar com a decisão e recorrer novamente contra o Provedor América (de Curitiba) detentor do polêmico “aol.com.br”? É esperar para conferir.

Um forte abraço.

(*) Alexandre Sobrino é bacharel em Ciências da Computação e pós-graduado em Computação e Sistemas Digitais pela Universidade Santa Cecília (Unisanta), consultor de informática, desenvolvedor Web e professor das Faculdades de Ciências e Tecnologia e Artes e Comunicação daquela universidade de Santos/SP.