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Esta série de matérias foi publicada originalmente pelo autor 
no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP em 15/4/1997
Foi mantido o texto original
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/20/00 22:36:54
Febre amarela & dengue, via Internet
São epidemias que ameaçam Santos com a presença do mosquito transmissor

Enquanto as autoridades se preocupam em combater o mosquito Aedes aegypti na Baixada Santista, por disseminar a dengue na região, uma outra ameaça, bem mais grave nas consequências (se bem que mais difícil de acontecer), está sendo esquecida: esse mosquito é o mesmo que transmite o vírus da febre amarela, mais rara porém mais letal (em pelo menos 5% dos casos e até metade deles) e sem cura. Por essa mesma razão, enquanto a população consegue conviver com a dengue (apesar da inexistência de vacina), bastaria um único caso de febre amarela em Santos para fechar o porto à navegação internacional, com grandes prejuízos ao País, e obrigar as autoridades a fechar o acesso terrestre à região.

Página da Mosquito Genomics sobre o Aedes aegypti
O alerta quanto à possibilidade de ocorrência da febre amarela foi dado pela médica Oacy Allende, chefe do serviço de Saúde do Porto de Santos, durante recente palestra no Rotary Club de Santos-Porto: o mosquito transmissor é o mesmo da dengue, e basta que uma pessoa contaminada pela febre amarela chegue à cidade e seja picada por esse mosquito, para a epidemia rapidamente se espalhar.

Proteção - Verdade que dificilmente isso poderia acontecer através do porto, por várias razões. Primeiro, porque os navios procedentes das regiões de risco ficam ao largo, não podendo atracar sem que antes uma equipe de vistoria médica tenha comprovado a não ocorrência de casos de febre amarela a bordo. Além disso, esses navios passam por um processo de fumigação (por causa de outros insetos que podem estar a bordo e poderiam transmitir outros vírus), antes de ser permitida a atracação.

Como os mosquitos não conseguem vencer a distância entre o navio e a praia, e aliás o Aedes tem vida muito curta (nem sobreviveria à travessia marítima, se estivesse a bordo), também não há perigo por esse lado. Não há contágio pelo simples contato direto entre seres humanos, ou entre humanos e outros animais, apenas a picada do Aedes aegypti pode transmitir a doença, ou o contato com fluídos corporais e sangue contaminados. 

Como a evolução da doença é muito rápida (menos de seis dias), um tripulante infectado apresentaria sintomas bem antes do navio chegar ao porto. E o Mapeamento de cromossomos, no Projeto Mosquito Genomiccomandante é obrigado por normas internacionais a informar tais casos, bem como os médicos em geral devem notificar a ocorrência de qualquer caso à Organização Mundial da Saúde em menos de 24 horas (embora se saiba que nem todos os casos são notificados em outros países). 

O perigo - Paradoxalmente, se através do porto existe uma certa segurança, o mesmo não ocorre pelo lado aéreo: uma pessoa que tenha estado em uma zona contaminada pode pegar um avião até a capital paulista, e após poucas horas de viagem aérea e terrestre estará em Santos, antes que apareça qualquer sintoma da doença. Mesmo a vacina contra a febre amarela não é 100% eficiente (até porque os anticorpos só aparecem na pessoa vacinada de sete a dez dias depois da vacinação). Felizmente, não são conhecidas mutações do vírus. A vacina é extraída do vírus mudado da forma virulenta após cerca de 250 subculturas durante três anos, em laboratórios especializados.

Uma curiosidade é que o Aedes aegypti é um mosquito de hábitos diurnos, atacando pela manhã e à tarde, e não tem predador natural. Aliás, ele tende a eliminar outros tipos de mosquitos na área onde estiver presente. E prefere água limpa, como a das piscinas, não se importando com a quantidade de cloro que possa existir na água.

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Quem: médico Meyer Reznik