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NOTÍCIAS 2002 - TECNOLOGIA
O caso dos notebooks voadores

Carlos Pimentel Mendes (*)

Sala de espera do aeroporto. O trapalhão ao lado derruba uma pilha de revistas bem no seu pé. Bem, você o ajuda a apanhar as revistas. Então, olha para o outro lado: cadê o seu notebook, que estava em sua maleta bem ao seu lado? Esqueça, você não o verá mais. Seis meses de trabalho e o próprio motivo de sua viagem acabaram de dizer-lhe adeus.

Estacionamento do principal megaprovedor brasileiro de Internet. São apenas 100 metros dali à entrada do prédio, em importante avenida de uma das mais importantes cidades latino-americanas. Gente que vai e que vem. Aquele senhor bem vestido que se aproxima vai lhe dar um encontrão. Mais um notebook a ser vendido baratinho no "mercado paralelo". O que você ia mesmo fazer lá no megaprovedor? Ah, não importa mais.

São casos reais, acontecendo diariamente do mesmo jeito e nos mesmos locais, segundo denúncia de internautas em uma lista de debates. Como o primeiro notebook roubado a gente não esquece mais, eles estão se precavendo agora. Se a situação permitir, roupa esporte e alguma mochila para disfarçar o pequeno computador, já que a maleta típica é reconhecida na hora pelos amigos... do alheio. Alguns clientes compreenderão e apreciarão sua tática de disfarce.

Repensar procedimentos - Mas, falemos de tecnologia. Com o uso de Internet, cada vez mais em banda larga, é mesmo necessário carregar um notebook? Envie o arquivo ao cliente pela rede e diga que vai pessoalmente apresentá-lo, naqueles casos em que a presença física é que fecha o negócio. Só confirme antes que ele tenha recebido, já tive casos em que um das dezenas de computadores pelos quais a mensagem passa ao redor do mundo resolveu travar, alguém só percebeu o problema - se é que percebeu - quatro meses depois, e a mensagem enviada em fins de novembro de 2001 aterrissou em minha caixa postal em março de 2002. Internet tem dessas...

Ou pense em uma teleconferência, já existem empresas que montam essa estrutura rapidamente e a baixo custo, com áudio, vídeo e até uma lousa compartilhada para os rabiscos. E você reduz os custos de deslocamento, em tempo e dinheiro. E tempo é dinheiro.

Ah, mas o cliente não possui ou não quer usar tal estrutura? Bem, ele tem ao menos um computador disponível por uma hora? Então, já existem discretos chaveiros que são na verdade um mini-disco rígido, com megabits suficientes para conter a sua apresentação. Eles são ligados rapidamente a uma das portas do computador do cliente e funcionam como um disco rígido extra.

Solução mais simples, para os casos em que não é necessário gravar dados durante a apresentação, é colocar a apresentação num CD de R$ 1,00. Mas, teste antes em outro computador, para não dar vexame. Ou perder os preciosos minutos da entrevista com o cliente instalando plug-ins e aplicativos.

"Seguro morreu de velho..." - De qualquer forma, nunca esqueça da segurança: pelo menos uma senha bem montada para dar acesso à informação criptografada. E, se os dados não devem ficar com o cliente mais que certo tempo, faça como James Bond: "Este arquivo se auto-destruirá em 30 segundos..." - Não é assim que funcionam aqueles programas em demonstração, caso você não os compre após o período de teste?

Bem, o cliente não tem nem computador, não dá para fazer nada disso. Então, inverta a equação: convide-o para conhecer sua empresa, onde você terá todos os recursos para apresentar seu produto. Incluindo o hospitaleiro cafezinho.

Ora, seu amigo da onça, também não pode fazer isso? Arrisque-se então a um passeio por nossas metrópoles, acompanhado pelo seu notebook. Mas lembre-se: só Deus salva. Faça ao menos uma cópia de segurança dos dados em seu computador. E mais uma vez: coloque um bom programa de senha para que o feliz próximo dono do seu aparelho não se aproprie também dos dados de seus negócios. Boa viagem!

(*) Carlos Pimentel Mendes é jornalista, editor do jornal eletrônico Novo Milênio. Este artigo é publicado em conjunto com The CyberEconomist. Não tem notebook ou laptop, pois usa a Internet para transportar os dados. Publicado também na revista eletrônica brasileira The Cybereconomist em julho de 2002.