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NOTÍCIAS 2002

Espiritualidade nos negócios

Reflexões para desenvolver uma organização saudável, consciente e responsável pelo todo

Sérgio Buaiz (*)
Colaborador

Estranho, não? Quando ouvi este conceito pela primeira vez, confesso que não soou muito bem. Afinal, o que têm a ver espiritualidade e negócios? Será uma espécie de empresa ou produto gospel? Será que eles querem me converter? É alguma religião?!!!

Não tenho nada contra as religiões ou qualquer corrente filosófica que use esses termos. Entretanto, aprendi que sobre futebol, política e religião, não se discute. Ainda mais, misturado com negócios.

A verdade é que todo o estranhamento que se possa ter ao ouvir a palavra “espiritualidade” vem do costume que temos de associá-la com religiosidade, mas existe uma grande diferença entre elas. Não precisamos estar restritos a uma religião para compreender e manifestar a nossa própria espiritualidade.

Valores morais e éticos, solidariedade, atitude positiva e responsabilidade social são conceitos universais, que não estão limitados a uma religião. Contudo, têm a ver com esta compreensão espiritual de como podemos contribuir para cuidar do meio-ambiente e melhorar a nossa vida em sociedade.

O que você planta? O que você constrói? O que podemos fazer juntos? O que deixaremos como herança para as próximas gerações? Tudo isso tem a ver com a percepção e o entendimento da nossa capacidade individual e coletiva, para promover mudanças positivas, significativas e duradouras para a humanidade.

Percebeu a diferença entre espiritualidade e religiosidade?

Conceito - Sendo assim, gostaria de tranqüilizá-lo de antemão: esse artigo não vai tratar de religiões, seitas, cultos ou qualquer outra crença, ok? Espiritualidade nos negócios é um conceito neutro e imparcial, que visa destacar valores e consciência humanitária.

Pronto! Agora, podemos remover aqueles bloqueios e preconceitos que nos impedem de assimilar novos conhecimentos. Podemos descartar qualquer conclusão precipitada e iniciar um diálogo franco, sobre este assunto que está revolucionando a gestão empresarial em todo o mundo.

Você já deve ter ouvido falar de responsabilidade social das empresas, iniciativas do Terceiro Setor, ética empresarial e outros conceitos disseminados em livros e publicações recentes sobre administração, mas talvez nunca tenha percebido a dimensão espiritual que está por trás de todos esses movimentos.

Quando se fala em espiritualidade nos negócios, não se trata de criar espaços alternativos para meditação ou promover orações entre os funcionários. Espiritualidade nos negócios tem a ver com a visão humanitária e responsável que deve andar junto com as expectativas de lucros dos gestores das empresas. Ou seja, acontece quando as pessoas que comandam uma determinada organização compreendem a importância de desenvolverem ações sustentáveis, em consonância com as aspirações e necessidades das comunidades que as mantêm.

O poder econômico e político das empresas é indiscutível. Por isso, qualquer mudança significativa na sociedade depende do apoio ou iniciativa direta das empresas, que devem agir com mais responsabilidade.

Entretanto, nada disso acontece enquanto não há uma compreensão espiritual desse papel na alta gestão das empresas. Não basta desenvolver projetos motivados por incentivos fiscais, ou com o objetivo puro e simples de associar sua imagem corporativa a uma ação politicamente correta. É necessário que haja um real comprometimento da organização com o todo, partindo da própria relação da empresa com seus empregados, até os produtos que leva ao consumidor e sua contribuição com o universo.

Mudando - A princípio, parece um grande discurso demagógico. Falar em espiritualidade nos negócios soa utópico demais para a realidade nua e crua dos mercados, porém já está acontecendo. Algumas das maiores empresas do Brasil e do mundo começaram a despontar com iniciativas pioneiras, apoiadas por ONGs internacionais e preceitos valiosos.

Afinal de contas, o que é lucrar? Será que o termo lucro está ligado somente a bens materiais? Para os céticos que permanecem distantes de tudo isso, fica o convite de participarem da oficina "Lucrar também para o mundo – A Espiritualidade nos Negócios", que acontecerá em São Paulo no dia 4/6/2002.

Apoiada pelo Instituto Ethos – Empresas e Responsabilidade Social, a oficina está sendo organizada pela WBA – World Business Academy e visa promover um diálogo sobre esses assuntos. A idéia é examinar as mudanças fundamentais que estão ocorrendo nas lideranças e nas práticas de negócios, demonstrando a possibilidade de uma intervenção positiva imediata.

Será uma oportunidade de complementar o Spirit in Business 2002, realizado em Nova York nos dias 21 e 23/4/2002, com a coordenação conjunta de David Cooperrider, Peter Senge e Daniel Goleman. Na ocasião, mais de 500 pessoas entre empresários, consultores, representantes de ONG´s e professores de todo o mundo se reuniram para dialogar sobre o futuro dos negócios, partindo das premissas que:

- nosso cotidiano de trabalho não pode mais permanecer separado de nossa vida interior;

- a ética e a economia da sociedade podem e devem ser integradas;

- o sucesso dos negócios, no presente estágio da humanidade, depende de desenvolvermos habilidades e adotarmos princípios que contemplem os ambientes naturais, humanos e espirituais.

Continua parecendo estranho? E se for verdade? Não seria maravilhoso? Pense nisso. O movimento já está acontecendo pelo mundo afora.

(*) Sergio Buaiz é publicitário e escritor, autor do livro "Marketing de Rede - A Fórmula da Liderança", diretor de Projetos da Comunidade BeFriends, membro do conselho editorial da revista Vencer! e embaixador da Universidade do Sucesso.