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NOTÍCIAS 2002

A par e passo com a oportunidade

Veja também  o que se passou nos bastidores desta crônica...

Mário Persona (*)
Colaborador

O jovem Albino Buzolin estava inquieto. Da missa em latim, aquele descendente de italianos só entendia o "Amém". Seus pensamentos voavam, competindo em leveza com as baforadas que escapavam do incensário, balançado pelo sonolento coroinha. O único canto que chamava sua atenção naquele momento era o canto dos olhos. Este acabara de enxergar algo que fez o alarme de sua criatividade soar. A campainha do sonolento coroinha soou bem depois.

Meu avô fazia parte da geração de imigrantes italianos que deixara os cafezais do interior de São Paulo para se dedicar a pequenos ofícios na cidade. Mas há muito ele sabia que fabricar selas e arreios para cavalos era uma profissão que acabaria empacando com a buzina do progresso. Os automóveis haviam chegado para substituir de vez as carroças. Era preciso dar um passo decisivo na mudança de rumo de seus negócios. Mas que passo dar?

Os pés da imagem! Ali estava a solução, bem ao seu lado. O escultor, que tentara reproduzir aquele frade canonizado, certamente havia começado pelos pés. Para meu avô, era a única parte da franciscana imagem que havia sido esculpida com esmero. Havia até mesmo uma ênfase exagerada nos detalhes das sandálias. A verdade é que meu avô nem viu a imagem. Só enxergou os pés. O resto parecia imerso na neblina de um devaneio criativo.

As oportunidades estão onde e quando menos esperamos. Mas estão. Oportunidades parecem existir independentes de nós, quer as vejamos, quer não. O que diferencia os homens é que alguns as vêem, enquanto outros não. Mas, entre os que as vêem, temos ainda duas classes: a dos que as agarram e a dos que as vêem passar. George R. Kirkpatrick dizia que temos duas extremidades: uma para pensar, outra para sentar. O sucesso ou fracasso irá depender daquela que mais queremos usar.

Calçados - Acostumado a lidar com couro, tiras e fivelas, não foi difícil para meu avô fazer uma cópia mental das sandálias, que pareciam confortáveis até naqueles duros pés de gesso pintado. Não, ele não pretendia fabricar sandálias toscas para pés franciscanos, mas um modelo mais feminino. Que tampouco estaria restrito às freiras. Albino e Maria Buzolin, minha avó, decidiram fazer daquele símbolo de humildade franciscana uma nova moda para as mulheres de sua época. O primeiro passo na transformação de sua humilde selaria de meia-sola numa bem-sucedida indústria calçadista. Um grande salto, sem dúvida.

As empresas passam, e não foi diferente com a indústria de meu avô, amalgamada numa fusão. Mas as lições de empreendedorismo e visão permanecem. Aquilo que muitos consideravam ordinário, símbolo de pobreza e despojo, transformou-se, nas mãos de um empreendedor e de sua esposa, em um grande negócio. De minha infância guardo a imagem de meu avô olhando para meus pés, sempre que o visitava. Não só os meus, mas os de qualquer pessoa que encontrava calçada. Desde que vira nas sandálias do frade uma oportunidade, passou a observar todos os pés em busca de aperfeiçoamentos para seus produtos.

Onde o salto gastava mais? Lá vinha ele, com uma nova idéia de salto. Como o couro se movimentava no andar? Mudava o desenho, para não machucar os pés. As crianças tropeçavam? Resolveu o problema fabricando uma botinha com a sola curva na ponta. Nada escapava ao seu olhar. Coisas banais eram logo vistas como oportunidades, por alguém acostumado a observar, em desprezados pés, negócios que poucos percebiam.

Meu avô não teve muitas chances de estudar, mas sempre seguiu à risca o que Doc Sane escreveu, sem nunca o ter lido: "A oportunidade é tão rara quanto o oxigênio, que todos sempre respiram, sem nunca perceberem que ele está ali". Acho que não herdei essa característica, pois sempre vejo as oportunidades pelas costas. Só as reconheço quando já não resta nelas um fio sequer para eu agarrar. Preciso aprender a colocar em prática o velho provérbio búlgaro que diz, "Agarre a oportunidade pela barba. Vista por trás, ela é careca".

(*) Mário Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico Crônicas de Negócios e mantém endereço próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis.

Nos bastidores desta crônica...:
A mais banal e corriqueira vida pode cativar multidões, na pena de um autor de novelas, por exemplo. Será possível fazer o mesmo com a vida de uma empresa?

Quando alguém consegue criar uma aura romântica em torno da história de um empresário, empresa, produto ou serviço, ela deixa de ser apenas mais um caso de negócios para se tornar em um ícone de sucesso. Que o digam os fabricantes da Harley, ou do Mac. Ou por que razão estaria uma HP tão interessada em publicar a foto da garagem, onde tudo começou?

Quando era diretor de comunicação da Widesoft, escrevi uma breve história da empresa para uma lista de discussões, I-Sales, lida na época por uns 15 mil assinantes de mais de 70 países. A história era "tricotada" de forma a inserir nela elementos que aumentassem sua "virulência" em um ambiente de networking, como é a Internet: uma referência a uma frase de Jennifer Bessye Sander, colunista do USA Today, e ao livro "The New Pioneers", de Tom Petzinger, colunista do Wall Street Journal (Sugiro que, para entender melhor este assunto, leia "Não deixe os pratos caírem"). Se quiser, leia o original, em inglês (N.E.: veja abaixo, nesta página).

Além de ser publicada naquele fórum de debates, a história ganhou destaque em um boletim sobre empresas de Internet, enviado a mais de 110 mil assinantes de todo o mundo! Uma exposição assim só teria sido possível com muito investimento em propaganda convencional. Não parou aí. Aquela publicação gerou entrevistas e matérias em outros veículos no exterior, um deles com 150 mil assinantes.

Pratos - Quando isso aconteceu, iniciei uma correspondência com Tom Petzinger, colunista do Wall Street Journal, contando que o comentário sobre seu livro tinha alcançado quase 300 mil leitores em todo o mundo, somados os leitores de I-Sales, Adventive e Outsourcing Journal. Sem falar na Nova Zelândia e no boletim e páginas da Widesoft, onde a história foi também publicada.

Em textos que publiquei mais tarde, mencionei também estes veículos e informei isso a seus responsáveis, criando mais uma rodada de boca-a-boca. Certamente eles também tinham interesse em contar a seus leitores e amigos onde suas marcas estavam sendo citadas.

Quando bem feito, um networking assim pode durar meses e envolver milhares de pessoas sem perder sua força. Geralmente pensamos em explorar o boca-a-boca para ter outras pessoas falando de NOSSO negócio. Mas é importante entender que a reciprocidade é o que cria eco. Estou falando de promover empresas que ajudaram, ajudam ou ajudarão, de alguma maneira, nossa empresa. Aqueles que já são nossa "boca" para o "boca-a-boca".

Um cliente satisfeito é o melhor canal para transportar nossa mensagem Mas geralmente nos esquecemos daqueles de quem NÓS somos os clientes satisfeitos. Também podemos e devemos promover empresas, serviços ou pessoas que nos ajudaram.

Criamos assim um moto-perpétuo, aquela maquininha hipotética que nunca pára de funcionar, mesmo sem uma fonte de energia externa. Fazer networking é ser malabarista chinês, daqueles que mantém os pratos rodando na ponta das varinhas. Ter outros como "boca" do boca-a-boca, é tão importante quanto ser a "boca" para outros e nunca deixar os pratos caírem.

Cronista - Mas por que estou dizendo isso? Bem, aquela era minha especialidade na Widesoft. Eu era o cronista da empresa, escrevia crônicas interessantes, que eram publicadas por dezenas de sites, jornais e revistas. Eventualmente eu incluia nelas uma leve referência à empresa e à marca que eu representava. Que acabava entrando, contextual e suavemente, na mente dos leitores.

Se considerar que minhas crônicas são enviadas hoje a quase 5 mil assinantes de Crônicas de Negócios, irá entender o que estou tentando dizer. Se pensar que muitos remetem o texto para amigos, ficará pensativo. Se levar em conta que mais de 170 veículos já publicaram minhas crônicas e que muitos continuam publicando, saberá aonde quero chegar.

E quando souber que um cálculo rápido das tiragens de todos esses veículos pode ultrapassar a casa de UM MILHÃO de exposições, chegará à mesma conclusão que cheguei: ter sua marca inserida no contexto de uma crônica pode torná-la muito - mas muito mesmo - conhecida.

Se a sua empresa tem uma história interessante para contar, como tinha a fábrica de meu avô, ela pode ser a atriz principal, uma das muitas artistas que passarão por esta casa que se chama crônica. Uma boa maneira de sua marca entrar, de forma contextualizada, na mente de milhares de pessoas. Vou usar a história da indústria de meu avô como exemplo de como isto pode ser feito. É a crônica que você irá receber no próximo e-mail:

"A PAR E PASSO COM A OPORTUNIDADE".

Boa leitura e bons negócios!

Mario Persona
Date: Tue, 17 Apr 2001 16:30:36 -0700
Reply-To: editor@ADVENTIVE.COM
Sender: The Adventive Report <ADVENTIVE-REPORT@LIST.ADVENTIVE.COM>
From: Adventive Report <editor@ADVENTIVE.COM>
Subject: The Adventive Report - Issue # 003 -- A Recipe For A Small Fortune
Content-Type: text/plain; charset=us-ascii
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                                  THE ADVENTIVE REPORT
                                Internet Success Stories
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            Edited by:                                           Published by:
            John Audette                                           Adventive
            ja@adventive.com                            www.adventive.com
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            April 18, 2001                                        Issue # 003
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                                   .....IN THIS REPORT.....

// -- EDITOR'S COMMENT -- //

Greetings....

This week's issue of The Adventive Report features an Internet success story from the Southern Hemisphere -- Brazil. Regardless of where you are physically located, the basic business truths discussed by Mario will prevail.

John Audette
Publisher

            Adventive
            The Internet Knowledge Exchange
            http://www.adventive.com
 

            // -- FEATURED SUCCESS STORY -- //

From: Mario Persona <mp@widesoft.com.br>

Dear friends,

Are you interested in a recipe for a small fortune? It is quite simple. Take a big fortune, yours or from investors, hire a team to produce a web site and sell banners. But don't forget the marketing.
If you want to imitate the big ones, the investment for your virtual business must be something like 625% of the income from selling banners. Say good-bye to the real world and to your big fortune. And be happy if, at the end, you come out with a small fortune.

But there is another way, and this is to REALLY succeed in the Internet world. Working and innovating. Especially when you are not that interested in creating a business monster that may get out of control and eat its own tail. Tom Petzinger, in his very good book "The New Pioneers", suggests that innovation usually occurs on the periphery of a system, where people have more room to explore the possibilities. Innovation needs liberty to create. There you are at ease to test all the possibilities before you can find something that works. Because it will be an activity that is peripheral to the main activity, creativity occurs. Something like this happened to Estevam Varga.

Before the dot-com bubbles were born, when there were no browsers to surf on the net, Estevam linked to the Internet, using a computer in his company, a supplier for the automotive industry. He used the Internet for research, trying to find out a way to run the ERP and Production Planning systems he had created in 1993, in a virtual location other companies could access. Now people call this ASP (Application Service Provider).

Soon it became another business. He knew the problems and restrictions of the industry, and he had learned the Internet possibilities. With the help of other visionaries, Widesoft, the software house he had created in 1993, became an Internet company. Later he sold his industry to invest in the new company. In 1997 the first Brazilian Web SCM (Supply Chain Management) and Web EDI was working, exchanging data between the Varga Brakes industry and its suppliers. Since then, other companies adopted the solution, among them Brazilian plants of Kodak, Caterpillar, Hewlett Packard, Philips, GE, TRW Automotive, Shell and their suppliers or clients.

The system allows the companies to do supply programming, Kanban, RFQ (Request for Quote), RFP (Request for Proposals), supplier performance analysis, Web EDI, purchase orders, delivery schedule, shipping notices, consult financial records and invoices, besides their production schedule via Web.

Of course it was not an easy path, but now we are getting the fruits. Widesoft was built mainly with investments from its founder, but we have plans to expand our business from now on a more aggressive rate. Today Widesoft became a lucrative company, what is something many Internet businesses have not found the way to. Last year our sales was a little less than $2 million dollars. We expect about $5 million for 2001, thanks to the viral characteristic of our product that became now a solution of SRM (Supplier Relationship Management).

There is no success without work and a connection with the real world. Just like somebody wrote (I think it was Jennifer Bessye Sander, for the USA Today): "The more I work, the better I work, and can profit at the end".

Mario Persona
Communication Director
Widesoft - Brazil
www.widesoft.com.br
mailto:mp@widesoft.com.br
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