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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 04/20/01 10:43:14
Pisando na Curva 

60% das vendas de carros Celta no Brasil foram pela Internet

Jack London (*)
Colaborador

Toda vez que você lê uma notinha ou artigo que reproduz estudos sobre Internet, as informações são quase sempre as mesmas, entra ano, sai ano. Na ponta do consumo, ou do comércio eletrônico, como queiram, a monotonia é então absoluta. Livros, softwares e CDs são sempre os campeões de vendas, e nenhum outro item é sequer citado.

Essas informações, repetidas à exaustão, levaram o mercado varejista a uma conclusão preguiçosa e preconceituosa: vendas pela Internet são um nicho de mercado que só é ocupado por produtos específicos - os tais livros, softwares, cds - de baixo custo e que formam uma espécie de área cativa à cultura e aos hábitos dos usuários da Internet. O corolário desse raciocínio é tristemente óbvio: esqueça, a Internet ainda não existe para efeito de mercado varejista.

Nada mais falso, oblíquo e baseado em pura desinformação que a conclusão do parágrafo acima. Nesse primeiro bocejo de ano 2001, a grande surpresa do mercado de consumo são as informações liberadas pela indústria automobilística sobre vendas de carros no Brasil. Vamos aos fatos:

1. Meio sem graça, a GM anuncia que 60% - repito, 60% - dos carros da marca Celta vendidos no Brasil são comprados via Internet. Trata-se de uma informação de espantar e de deixar o queixo caído até mesmo os mais otimistas, os netólatras de carteirinha. Os números dessa façanha são os seguintes: Celtas vendidos em 2000, 18.800; Celtas vendidos on-line, 11.303; faturamento total, R$ 155.755.340,00. De acordo com os dados coletados no final do ano passado, os campeões brasileiros do comércio eletrônico, quesito varejo, são os sites Americanas.com Amélia.com, Submarino.com, Saraiva.com e Shoptime.com. Nas estatísticas apresentadas, a soma dos valores acumulados faturados por esses campeões não ultrapassa os cem milhões de reais. A GM, sozinha, com as vendas de apenas um de seus modelos, superou o faturamento conjunto dos sites acima citados. Notícia espantosa, que revela a desinformação sobre o varejo da Internet no Brasil.

2. Os preços de diversos modelos da GM e da Fiat são substancialmente menores nas compras via Internet. A redução gira em torno de 5,5%. Alguém aí, por mera insistência em manter seus queixumes e lamúrias - "Internet não funciona ..." - quer continuar pagando mais caro pelo que compra?

3. Palavras de Mark Hogan, vice-presidente mundial da GM: "Dentro de dois anos, 10% das vendas de carros no mercado americano serão feitas pela Internet."

4. Palavras do João Batista Ciaco, da Fiat do Brasil: "Apenas 4% das pessoas que entram na página do Brava, um modelo da Fiat, compram o carro pela Internet. Mas 37% dos clientes que compraram depois nas concessionárias haviam se cadastrado no site". Ou seja: mesmo não tendo clicado em "quero comprar", tomaram a decisão de ficar com o Brava por causa da Internet.

Muita coisa ainda está por definir e, no caso do varejo, o mais importante é o papel do intermediário, a concessionária. Diversas fórmulas são neste momento tentadas e testadas, com e sem a participação deles. Cada dia que passa, o comércio eletrônico por via remota se transforma no principal instrumento de comercialização de bens e serviços no Brasil. Quem viver verá.

(*) Jack London é presidente da Netcom Br. Artigo divulgado via boletim eletrônico Varejo Século 21. Esse fórum conta com mais de 1.100 participantes e o objetivo dos trabalhos é apresentar idéias, tendências, experiências e opiniões que contribuam para a melhoria do comércio varejista brasileiro.