Clique aqui para voltar à página inicial  http://www.novomilenio.inf.br/ano00/0009b014.htm
Artigo escrito em 9/2000
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/15/02 01:02:48
Internet e o profissional de compras e vendas

Mário Persona (*)
Colaborador

Para quem achava que número usual de reuniões que as empresas fazem para decidir do trivial ao complexo já estava elevado, alguém lembrou de trazer à baila um novo assunto. Com a cabeça ainda latejando de tanto pensar no bug do milênio, e os olhos lacrimejando por antecipação das noites mal dormidas ainda por vir, o pessoal da informática começou a ser pressionado com a questão do uso da Internet na empresa. Não falo de home-pages, e-mails ou boatos de vírus. O assunto agora é o uso da Internet para a melhoria dos processos de comunicação das informações entre as áreas de compra e venda de diferentes empresas.

Mas, para quem estava acostumado a pilotar sistemas convencionais de EDI e já começava a abotoar o capacete para assumir a nova tarefa, tenho uma boa notícia. Relaxe. A adoção de uma estratégia de Internet é mais uma decisão de negócios do que de tecnologia da informação. 

Não é dinossauro - Embora sob o olhar atento da informática, a implantação de um sistema de comunicação de informações assim pode e deve ser gerenciada pela área de negócios. Falo isto pensando em sistemas que conheço, e não em algum tipo de dinossauro que exija todo o empenho de um exército de programadores e analistas de sistemas para ser domado.

Um sistema que utilize a Internet deve ser tão simples, prático e versátil como a própria rede por onde irão trafegar os dados. Uma criança hoje sabe utilizar a Internet. Homens e mulheres acostumados às agruras da área de compras não devem ter qualquer dificuldade em adotar e utilizar sistemas e procedimentos baseados na Internet. Se tiverem, o problema não está com os profissionais envolvidos, mas com os sistemas. 

A Internet, bem pilotada por esse pessoal, tornou possível integrar de verdade todos os participantes de uma cadeia de suprimentos. Por ser uma rede barata, com uma velocidade que só tende a crescer, ainda estamos por conhecer o impacto que esta ferramenta terá no relacionamento comercial.

Quedas - Os benefícios da Internet na área de troca de informações comerciais são inegáveis. Caiu o uso do papel nas empresas que já aderiram ao sistema de EDI via Web. Caiu o desgaste causado pela necessidade de digitar, imprimir, enviar por fax e ligar uma dúzia de vezes para confirmar a chegada da informação, nas empresas que antes utilizavam processos manuais. Caiu o queixo do gerente de suprimentos, que viu o ciclo de compras ter seu tempo reduzido de forma drástica. E subiu o conceito que a empresa, como um todo, passou a ter pela área de compras, graças à redução de custos gerada pela diminuição dos estoques de insumos.

Outro fator que tem despertado muita atenção foi que a memória da empresa foi incrementada com a adoção de um procedimento de comunicação via Internet. O simples fato de se utilizar um meio eletrônico de troca de dados, que acaba fazendo a ponte via banco de dados externo às empresas envolvidas, introduz um terceiro elemento cuja função é transportar as informações em bandeja de prata no menor tempo possível. E guardá-las em cofre de aço pelo maior prazo desejável. Tudo isso de uma maneira que permitiu ampliar a visão que o vendedor ou comprador tem do processo.

Mas qualquer profissional, seja ele de compras ou vendas, deve reconhecer que a Internet não é um remédio para todos os males. Ela chegou, entrou na empresa, encantou a todos e tudo indica que decidiu ficar. Mas permanecerá órfã e improdutiva se não receber uma adoção plena, principalmente daqueles que irão utilizá-la no dia a dia. 

Nenhuma evolução tecnológica teria dado qualquer resultado se não tivesse contado com o empenho de homens e mulheres de visão. A pergunta agora não é se o profissional da área de suprimentos irá abraçar a Internet, mas como irá fazê-lo. Mas isto pode ser o assunto de um próximo artigo.

(*) Mário Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico Crônicas de Negócios e mantém endereço próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis.