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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/16/00 17:35:12
Acelerando a Internet

Mário Persona (*)
Colaborador

Você se lembra daquele último modem rápido e caro que comprou? Logo estará fazendo companhia ao seu monitor de fósforo verde. Uma Internet bem mais rápida do que a que conhecemos logo estará fazendo parte do seu dia-a-dia. Estima-se que dentro de três anos a auto-pista de dados que sairá de sua escrivaninha será mais larga do que o link que seu provedor divide hoje com centenas de usuários. Perto do fluxo de dados que será despejado em seu lar, sua conexão atual mais parecerá uma torneira pingando. Além de deixar passar pouca água, irrita.

Em uma Internet veloz você não precisará ler as notícias ou tentar enxergar vídeos em uma telinha do tamanho de um selo. Você assistirá as notícias em tempo real, como faz na TV. Um site de vendas não ficará restrito a imagens estáticas e a cento e tantos cliques do mouse para escolher um produto. Como acontece nos programas de TV, vendedores reais conversarão com você, enquanto mostram os produtos e auxiliam na escolha. Mas espere um pouco. Se já existe tudo isso na TV, o que estamos fazendo com a Internet?

Diferença - O fato de você estar olhando para a tela de seu micro neste momento, e não para a TV, mostra que a Internet lhe dá algo mais que a TV não pode dar. Esse algo mais está no fato da Web ser um meio de transação. É por isso que ela está se transformando na versão moderna do carrinho de supermercado, transportando suas compras da prateleira ao caixa. O movimento dos produtos dentro da loja deixou de ser físico para ser lógico, mas é você quem continua no controle.

Com uma velocidade maior da rede, virá também uma complexidade maior para se criar negócios. O uso de gigantescos bancos de dados e recursos multimídias irão exigir verdadeiros estúdios de produção e investimentos jamais sonhados pelo pequeno empreendedor. Basta ver o último serviço da Amazon.com, que permite acessar seu banco de dados e conhecer as preferências de consumo por região ou empresa. 

Montar um banco de dados assim certamente não é brincadeira de criança. Nem produzir os super-sites que surgirão com a Internet rápida, estrelados por artistas com cachês milionários. É, a coisa no mundo virtual não vai ficar nada fácil para o pequeno empreendedor. Mas ela nunca esteve fácil no mundo convencional, onde a quitanda tem que competir com o supermercado. Mas nem por isso a quitanda deixou de exisitir.

Força dos pequenos - Existirão as "quitandas" de Internet, pequenos negócios atendendo em esquinas menos valorizadas da rede, sem a pretensão de competir com as grandes cadeias de lojas. Serão negócios rentáveis o suficiente para pagar o leite das crianças, um dinheirinho suado, como o que é ganho em qualquer outra atividade. Mas isto não significa que a Internet mais rápida enterrará de vez a oportunidade de se iniciar um grande negócio. É mais um período de transição, com as mesmas oportunidades que sempre existiram no mundo dos negócios nos períodos de mudança. 

Quando houve a transição dos mainframes para os computadores pessoais, não foram os gigantes da Informática que tomaram a dianteira, mas sim pequenas empresas nascidas em garagens. E quando a Web passou a ser encarada como um meio de se ganhar dinheiro, não foram as grandes lojas do mundo real que conquistaram o espaço, mas empresas nascidas em repúblicas de estudantes. Em ambos os casos, a tecnologia estava mais disponível a grandes do que a pequenos, mas foi a criatividade que fez a diferença.

Com uma Internet mais rápida, mais uma vez será a criatividade que irá transformar pessoas comuns, como eu e você, em grandes empreendedores. Mas, antes que você me escreva perguntando que tipo de negócio deve começar na Internet para ser a estrela da próxima onda, economize seu tempo e o meu. Se eu soubesse, não estaria aqui escrevendo este artigo. Afinal, como li em alguma lista de frases óbvias de grandes homens, "fazer previsões fica mais difícil quando é o futuro que se tenta prever".

(*) Mário Persona é diretor de comunicação da Widesoft, que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos via Internet.